terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PARAÍBA TERÁ CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA DE FORMAÇÃO PERMANENTE DA SENAD

A Pró-Reitoria de Extensão, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), aprovou, recentemente, um projeto junto à Secretaria Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SENAD) no valor de R$ 300 mil reais. O projeto vai viabilizar a implantação de um Centro Regional de Referência de Formação Permanente para profissionais que atuam na área de usuários de crack e outras drogas. A proponente do projeto foi a FUNETEC, fundação de apoio ao Instituto .

O centro tem o objetivo específico de promover a formação de profissionais que atuam nas redes de atenção integral à saúde e de assistência social com usuários de crack e outras drogas e seus familiares, atendendo uma das ações previstas no Plano Integrado do Governo Federal de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas.

A coordenadora do projeto, professora Vania Medeiros, informou que as ações planejadas pelo Centro Regional de Referência de Formação Permanente na área de crack e outras drogas para o próximo ano incluem a realização de quatro cursos: (1) Aperfeiçoamento em Crack e outras Drogas para médicos do PSF E NASF; (2) Curso de Atualização em Atenção Integral aos Usuários de Crack e outras Drogas para Profissionais atuantes nos Hospitais Gerais. E mais: (3) Curso de Atualização sobre Intervenção Breve e Aconselhamento Motivacional em Crack e outras Drogas para Agentes Comunitários de Saúde, Redutores de Danos e Agentes Sociais profissionais que atuam nos Consultórios de Rua, além do (4) Curso de Atualização em Gerenciamento de Casos e Reinserção Social de Usuários de Crack e outras Drogas para Profissionais das Redes SUS e SUAS.

Como é um centro de referência regional, explicou a professora Vania, serão atendidas demandas dos municípios de Bayeux, Cabedelo, Conde, Santa Rita, além de outros interessados, e a sede em João Pessoa.

Para ministrar os cursos, acrescentou ela, contamos com a disponibilidade de profissionais de universidades e centros de excelência do país, a exemplo da professora Drª. Vania de Vasconcelos Gico, da UFRN; Drª. Aparecida Penso, Universidade Católica de Brasília; Msc Luis Cláudio Santoro Gomes; Msc. Roberta Payá; Drª. Neliana Buzy Figlie; Msc. Daniel Cruz Cordeiro; Dra. Andréa Costa Dias, da UNIAD-UNIFESP. E mais: Msc. Teresa Cristina Endo, Pontifícia Universidade Católica-SP; Dra. Maria Inês Gandolfo, da Universidade de Brasília e a médica Maria Clara Schnaidman Suarez, PUC-SP. A equipe conta ainda com a participação da professora Socorro Vieira, do Mestrado em Serviço Social da UFPB.

Na primeira fase do projeto serão capacitados 300 profissionais, sendo 60 médicos dos programas PSF e dos NASF; 60 profissionais que atuam em hospitais gerais, 120 agentes comunitários de saúde e redutores de danos, agentes sociais e profissionais que atuam em consultório de rua; além de 60 técnicos das redes SUS E SUAS. Os cursos deverão ter início no primeiro semestre do próximo ano, informou a professora.

Alem das atividades de capacitação formal, o projeto prevê a criação de um Site para orientações complementares à distância, edição de material didático e inserções nos programas de TV locais.

A coordenadora do projeto, professora Vania Medeiros, informou que essa é uma conquista de mais de 10 anos de trabalhos em prol da prevenção e tratamento ao uso de drogas no Estado da Paraíba. “Nosso trabalho teve início com a implantação da Pastoral da Sobriedade, na campanha da Fraternidade: Vida Sim, Drogas Não, em 2001. Em 2005, iniciamos o projeto Rede Viva com o financiamento do Programa de Extensão Universitária (Proext). A partir daí realizamos vários seminários nacionais e outras atividades”, assinalou a professora.

Em 2009, continuou a professora, foi implantado o NETDEQ-Núcleo de Estudos Trandisciplinares em Dependência Química, na Pró-Reitoria de Extensão do IFPB. Está iniciativa deu um impulso maior ao trabalho de prevenção na instituição e na Paraíba. “Nessa última década conseguimos construir uma rede de relacionamentos com profissionais de centros de excelência na área da prevenção e uso de drogas de várias regiões do País, que resultou na aprovação desse centro regional de referência que é uma grande conquista para a sociedade paraibana que sofre com o problema das drogas", enfatizou.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ÁLCOOL ESTÁ ASSOCIADO A 30% DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL CONTRA MULHERES

Residência foi o local da agressão em 62% dos casos e 40% das vítimas já tinham sido agredidas antes

Veja também:
Vítimas de acidentes representaram 90% dos atendimentos em urgências e emergências
Homens são 71,1% das vítimas de violência urbana

Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram que a suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do provável agressor foi relatada por 30,3% das mulheres vítimas de violências doméstica, sexuais e outras violências, durante todo o ano de 2008. Em 62,7% dos casos de violência contra mulheres, a agressão ocorreu em residência e 39,7% delas afirmaram já terem sido agredidas anteriormente.

Do total de 8.766 vítimas atendidas em unidades de referência, 6.236 foram do sexo feminino (71,1%), incluindo crianças, adolescentes e pessoas idosas. Mulheres casadas ou que viviam em união estável representaram 25,6% das vítimas, enquanto que as solteiras responderam por 38,7% dos registros.

 Os dados são do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), estudo realizado em serviços de referência para atendimento de vítimas de violência doméstica, sexual e outras violências, em 18 municípios de 14 estados. Entre as vítimas do sexo feminino, os casos se concentraram em adolescentes e jovens na faixa dos 10 aos 19 anos (28,8%), crianças de 0 a 9 anos (21%) e mulheres dos 20 aos 29 (19,9%) e dos 30 aos 39 anos (13,9%). As menores concentrações foram identificadas nas faixas etárias de 40 a 49 (7,8%), 60 anos ou mais (4,3%) e de 50 a 59 (3,5%).

 “O estudo permite ao Ministério da Saúde, aos estados e aos municípios traçar o perfil das vítimas e dos autores das agressões, para subsidiar ações de enfrentamento a esses problemas, por meio de políticas públicas de prevenção e de promoção da saúde e da cultura de paz”, avalia Marta Silva, coordenadora da área técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde.

 AUTORIA E LOCAL – Homens foram responsáveis por 70,3% dos casos de violência sexual, doméstica e outras violências contra mulheres. Os agressores foram parceiros com quem elas mantinham relação estável/cônjuge (18,7%), ex-cônjuge (6%), namorado (2,4%) e ex-namorado (2%), o que revela a violência doméstica.

Em 14,2% dos casos, a violência foi praticada pelos pais, o que também evidencia a violência doméstica ou intrafamiliar. Pessoas desconhecidas (13,5%) e amigos (13,3%) também figuram entre os principais prováveis agressores, segundo relatos das vítimas.

Depois da residência, a escola foi o segundo local de ocorrência mais relatado (11%) de violências contra mulheres, porém com percentual menor do que as fichas sem informação (21%).
VIOLÊNCIA CONTRA HOMENS – Das 8.766 vítimas de violência sexual, doméstica e outras violências atendidas em unidades de referência, 2.530 (28,9%) foram homens, no ano de 2008. Entre eles, 30,2% tinham de 0 a 9 anos; 23,4% eram adolescentes entre 10 e 19 anos; e 16,8% tinham entre 20 e 29 anos.

A suspeita do uso de álcool por parte do agressor foi relatada por 27,7% dos homens atendidos nos serviços de referência. Em 56,6% dos casos, o agressor foi outro homem. Os principais autores das agressões foram amigos (15,7%), desconhecidos (16%) e os pais (23,4%) – o que também revela a violência doméstica.

 A casa foi o local da violência em 44,5% dos casos, enquanto 20% ocorreram na escola. Em 24,1% dos registros, não havia informação sobre o local onde aconteceu a violência contra os homens. A chamada violência de repetição, quando a vítima é agredida mais de uma vez, foi observada em 26,3% dos homens atendidos.

 TIPOS DE VIOLÊNCIA – A violência física foi a principal causa de atendimento (55,8%), sendo 52% em pessoas do sexo feminino e 65,1% no sexo masculino. A violência psicológica ou moral foi responsável por 41,2% dos casos – 49,5% em mulheres e 20,8% em homens.

A violência sexual foi responsável por 31,7% dos casos (39% em mulheres e 13,9% em homens). Negligência/abandono foi registrado em 13,6% do total de atendimentos (11,1% no sexo feminino e 19,6% no masculino). No entanto, em 39,3% dos atendimentos não se verificou nenhuma lesão física.

 ESCOLARIDADE – Quanto à escolaridade, considerando o total de pessoas atendidas que sofreram violências, 24,5% das pessoas declararam ter entre 5 e 8 anos de estudo; 21% tinham de 0 a 4 anos de estudo; e 16%, de 9 a 11 anos de frequência na escola.

RAÇA E COR – A análise mostra que 4.026 pessoas (45,9%) declararam ser de cor branca e 3.132 (35,7%), de cor parda. As pessoas que se declararam de cor da pele parda e preta, que representam os negros, totalizaram 43,6% das vítimas de violências. As menores proporções foram encontradas entre amarelos e indígenas (0,6%, cada). As fichas sem informação somam 9,3%.

ENCAMINHAMENTOS – As mulheres foram encaminhadas para os Conselhos Tutelares em 30,8% dos atendimentos e em 25,6% para Delegacia Especializada da Mulher. Quanto ao encaminhamento dos homens, 29,9% foram para os Conselhos Tutelares e em 20% para outras delegacias.

AÇÕES DO MINISTÉRIO – Para estimular o enfrentamento dos acidentes e violências, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo, junto com as Secretarias de Saúde de estados, de municípios e do Distrito Federal, ações que seguem as Políticas Nacionais de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e de Promoção da Saúde.

Destaque para os Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde, presentes em 450 municípios, de todos os estados, com investimento anual de R$ 34 milhões. Eles têm papel fundamental na articulação e implementação de redes de atenção e proteção às vítimas de violência e suas famílias. Desenvolvidas em parceria com outros setores, como assistência social, educação, direitos humanos e segurança pública, as ações são voltadas para a prevenção das violências (incluindo a doméstica e a sexual) entre jovens, mulheres e idosos. Também são importantes as ações de prevenção do Programa Saúde nas Escolas – uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação, presente em 2.549 municípios, em todos os estados. Em 2009 e 2010, foram investidos R$ 93,6 milhões.

Outra iniciativa é a parceria com o Ministério da Justiça, por meio do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), em articulação com as Unidades de Saúde da Família, e da Campanha Nacional do Desarmamento.

A redução do uso abusivo de álcool e outras drogas também tem sido uma prioridade no setor saúde para a prevenção das violências, por meio de medidas de educação permanente, campanhas, acesso a tratamento de dependentes e medidas de fiscalização e controle, definidas na Política Nacional sobre o Álcool, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e o Ministério da Justiça.

Nessa área, também se destaca o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas (PEAD 2009-2010), elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Justiça e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

 “Todas essas ações são desenvolvidas em articulação com outros setores do governo, organizações não-governamentais e setor privado, seja por meio de campanhas que busquem a promoção de comportamentos, hábitos e ambientes seguros e saudáveis, bem como a mobilização e participação da sociedade”, comenta Marta Silva. 
Fonte: portal.saude.gov.br 


Caracterização das vítimas de violência doméstica, sexual e outras violências por sexo. Municípios selecionados – Brasil, 2008:

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CRACK JÁ SE ALASTROU PELO BRASIL, DIZ PESQUISA DA CNM


 
Foto: Agência Estado: A crackolândia, em São Paulo, foi o local de origem do crack no Brasil 

O consumo de crack já se alastrou pelo País, aponta pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgada na manhã de hoje (13.12), em Brasília. Levantamento feito com 3.950 cidades mostra que 98% dos municípios pesquisados enfrentam problemas relacionados ao crack e a outras drogas. "Falta uma estratégia para o enfrentamento do uso do crack. Não há integração entre União, Estados e municípios", alertou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Ziulkoski criticou o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado pelo governo federal em maio deste ano. "É um programa que não aconteceu, praticamente nenhum centavo chegou". Ao apresentar os números, ele disse que não avaliaria se a iniciativa teve intenções eleitoreiras. "Apenas estou trazendo números e realidades".

A CNM observa ainda que, embora haja um grande esforço para a redução da mortalidade infantil, não há política de Estado de prevenção à mortalidade juvenil. A confederação também ressalta a importância de ações na região de fronteira para impedir a entrada de droga no País.

Números

O estudo da CNM constatou que, dos municípios pesquisados, apenas 14,78% afirmaram possuir Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que oferece atendimento à população e acompanhamento clínico de pessoas com transtornos mentais, entre eles usuários de drogas.
Quando o assunto foi a existência de programa municipal de combate ao crack, 8,43% das cidades alegaram possuir alguma iniciativa dessa natureza. Mesmo sem um programa definido e com a falta de apoio das demais esferas de governo, 48,15% dos municípios realizam campanha de combate ao crack, aponta a pesquisa.

Fonte: Agência Estadão

PSICÓLOGA DEFENDE TESE SOBRE O PERCURSO DA DEPENDÊNCIA DO CRACK NO BRASIL

A psicóloga Andréa Costa Dias em um dos capítulos da sua tese de doutorado na UNIFESP, intitulada: Estudo Longitudinal que Acompanhou o Percurso de Dependentes de Crack ao longo de 12 Anos, descreve a chegada do crack no Brasil e aborda os níveis de consumo.

A partir do final dos anos 80 e início dos anos 90 os primeiros registros de utilização e apreensão do crack, no Brasil, tiveram como pano de fundo a cidade de São Paulo. A droga, inicialmente teria sido introduzida na periferia do município, no ano de 1988, mais especificamente, em bairros da região leste; e depois se espalhado para outras localidades. Em um dos pioneiros estudos, que objetivou retratar as mudanças realizadas nas formas de administração de cocaína, ao longo de um extenso período; verificou-se que a porcentagem dos que fumavam crack cresceu de 5%, no final dos anos 80, para 65% entre 1995-97.

Além disso, conforme verificado em outras cidades do mundo, o aumento dos níveis de utilização da droga foi acusado pelo montante de usuários de crack, que passaram a se apresentar para tratamento.

Segundo levantamento realizado em dois serviços públicos especializados do município, entre 1990 e 1993, quase quadruplicou o percentual de indivíduos que relataram utilização da substância. Na direção contrária, e certamente alimentando o contexto anterior, os níveis de consumo de cocaína endovenosa (“baque”)
decaíram.

O progressivo abandono da via injetável ocorreu por conta de uma percepção de risco, envolvendo está prática e o contágio do HIV. A migração para o crack parecia ser mais segura contra a transmissão do vírus (o que adiante se provou um equívoco); e ainda com a vantagem de se conservar a potência do efeito.

Mas a popularização da “pedra” se assentou – primordialmente – em ardilosas iniciativas de mercado, que fartamente a disponibilizaram, a valores reduzidos (embora o uso desenfreado onere o preço final). Em muitos pontos de venda seu consumo foi otimizado por uma tática de interrupção do fornecimento de outras substâncias, tornando o crack “peça única” ou produto complementar e obrigatório, quando da aquisição de outras substâncias.

Vale mencionar que nos primeiros anos de chegada à cidade de São Paulo, não era raro que usuários tivessem de se familiarizar com seus, até então, desconhecidos e intensificados efeitos. Vários deles aprenderam, com os próprios traficantes ou companheiros de uso, a realizar a conversão caseira do pó de cocaína para a forma fumável de crack. Diluíam-se pequenas quantidades de pó em água e adicionava-se bicarbonato de sódio (ou amoníaco). Esta mistura era aquecida, resultando em textura oleosa que, após esfriamento, tornava-se uma “película fumável de crack”, chamada de casca (Domanico, 2006).

Aspectos do perfil do usuário.

Na literatura nacional encontram-se descritas uma série de características, que auxiliam na composição de um quadro geral de referência, do perfil do usuário de crack: predominantemente do sexo masculino, adulto jovem (entre 20 e 30 anos), solteiro, inserido no mercado informal de trabalho ou em situação de desemprego. Verifica-se baixa escolaridade (ensino fundamental ou menos) e modesta condição sócio-econômica. Para a maioria, o crack não constitui primeira substância de consumo, embora a seqüência de drogas até que se chegue ao crack tenha decrescido, dentre os mais jovens.

Outra característica bastante presente é o uso de múltiplas substâncias (lícitas e ilícitas). Como a dependência de crack tende a se instalar rapidamente, usuários da droga que buscam tratamento; o fazem mais precocemente do que dependentes de cocaína aspirada. Registram-se algumas vulnerabilidades, como engajamento em comportamento de risco (sexual e compartilhamento de insumos) e envolvimento em delitos, de maneira a subsidiar o uso continuado e frequente.

Atualmente, com a disseminação do crack, especula-se a respeito da presença de padrões intensificados de consumo também entre indivíduos de classes sociais abastadas, baseado no perfil dos que tem se apresentado para tratamento.

Outra tendência pouco explorada é a das práticas de consumo de crack entre mulheres, por vezes ocultadas, em função do estigma e das fortes exigências sociais. Ainda assim, por volta do ano 2000, as caracterizações da cultura do crack foram incluindo as vicissitudes do contexto de uso, por parte do gênero.

 Outra versão da cocaína: especificidades bioquímicas do crack

A cocaína é um alcalóide extraído das folhas da planta de coca (Erythroxylon Coca) cujo cultivo foi realizado, em primeira instância, no Peru e Bolívia. As etapas para produção do pó de cocaína se iniciam pelas folhas que são rapidamente secadas ao sol, depois moídas, prensadas com ácido sulfúrico, querosene ou gasolina e, por fim, comprimidas até formarem uma massa altamente concentrada denominada pasta-base. Esta última sofre um minucioso processo de refino (lavagem com éter, ácido hidroclórico, acetona) para redundar na cocaína em pó (branco e cristalino); passível de ser aspirada, ingerida ou dissolvida em água para uso injetável.

O crack, por sua vez, deriva da própria cocaína na sua forma fumada. Ele pode ser obtido a partir do pó (processo mais caseiro) ou, o que é mais usual, por intermédio da pasta-base, produzido, por tratamento químico, em larga escala, por traficantes. A preparação resultante (pedra), sendo volátil, pode ser fumada e, deste modo eficientemente absorvida pelas vias pulmonares, de onde se explica sua alta potência.

O crack demora apenas alguns segundos para fazer efeito, mas sua duração é limitada (por volta de 5 a 10 minutos), o que requer que a droga seja continuamente administrada. Estas características contribuem para que os episódios de consumo evoluam em menor tempo para crescentes padrões de dependência.

A droga produz intensa sensação de prazer, euforia, autoconfiança e poder, além de reduzir a necessidade de sono e alimentação. O término do efeito geralmente é acompanhado por disforia, forte fissura (vontade extremada de utilizar o crack) e, com o passar do tempo, acentuada perda de peso e parcos cuidados, tanto com a aparência física, quanto higiene pessoal.
Fonte Blog da UNIAD

terça-feira, 30 de novembro de 2010

EQUIPE DO NETDEQ, DO IFPB, TEM PRIMEIRO CONTATO COM A ESCOLA DE JACUMÃ QUE RECEBERÁ AÇÃO PREVENTIVA

Reunião na Escola de Ensino Fundamental Dep. José Mariz



A equipe do NETDEQ - Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, da Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, esteve reunida ontem (30) com os educadores da Escola de Ensino Fundamental Deputado José Mariz, no Município de Conde-PB, para definir as primeiras ações dos projetos de extensão e iniciação científica na área de prevenção ao uso de drogas para os estudantes daquela comunidade.

A reunião contou com a participação de 13 educadores que já aderiram aos projetos. Também estiveram presentes as diretoras adjuntas, professoras Kátia Soares e Miriam e a orientadora pedagógica Fátima Barbosa.

A coordenadora do NETDEQ, professora Vania Medeiros, iniciou a reunião fazendo uma explanação sobre os processos metodológicos que serão utilizados nos projetos e estimulou os educadores a se engajar, efetivamente, com a causa da prevenção.

O professor Danielson de Sousa enalteceu o intercâmbio técnico que está sendo realizado com o IFPB, enfatizando a importância de se ter uma metodologia inovadora para trabalhar a prevenção na escola. “Nós já temos os conteúdos sobre a temática, o que nos faltava era um método que despertasse o interesse dos jovens e tenho certeza que com a utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação o projeto será bem sucedido”, assinalou.

O professor Ednaldo Maciel, mestrando em Ciências da Informação da UFPB, explicou que a praia de Jacumã, onde está localizada a escola Dep. José Mariz, é uma comunidade de pessoas simples que durante um período do ano torna-se um balneário de luxo que recebe a visitação de turistas de todos os lugares do país e do exterior. Segundo ele, é nesse período onde os jovens da comunidade ficam mais expostos aos riscos em decorrência da convivência com pessoas de hábitos diferentes dos costumes nativos.

Além da questão das drogas, o problema da violência na escola e na comunidade e as questões relacionadas às DST também preocupam os educadores. No entanto, a orientadora educacional, Fátima Barbosa, estimulou o grupo convocando os professores a aderir ao projeto e abraçar a causa da prevenção com esperança.

Na reunião, os estudantes do ensino médio do IFPB, Dário Macêdo e Jackeline Vicente, do Curso Técnico em Controle Ambiental, bolsistas da extensão e da iniciação científica pelo NETDEQ, mantiveram o primeiro contato com a difícil realidade da escola onde serão desenvolvidos os projetos dos quais participam. Os estudantes do IFPB ficaram comovidos com a resiliência dos professores diante das condições precárias da instituição onde são educadores.

domingo, 28 de novembro de 2010

GUERRA ÀS DROGAS NO RIO DE JANEIRO: UM ESPETÁCULO EM GRANDE ESTILO PARA UMA POLÍTICA DUVIDOSA


Complexo do Alemâo - Fonte - Estadão: (Wilton_Junior)


Por Crisvalter Medeiros*

Após oito dias de combate nos morros do Rio de Janeiro, o comando das forças de repressão ao narcotráfico fez uma avaliação positiva destas ações. Do ponto de vista jurídico legal, o evento significa a retomada de áreas que  estavam marginalizadas sob o comando de facções criminosas pelas forças policiais do Estado Brasileiro. Sem dúvida uma ação em defesa da cidadania.

Por outro lado, analisando a questão do ponto de vista específico da política de guerra às drogas, algumas questões que são maquiadas pelas abordagens da mídia precisam ser esclarecidas. Em um programa de entrevista da Globo News, no último domingo, o Juiz Walter Maierovitch, ex secretariao nacional antidrogas, fez inserções bastante reveladoras sobre o problema do tráfico internacional de drogas. O juiz lembrou que o narcotráfico é uma grande rede internacional e que o Rio de Janeiro é apenas um “nó” dessa imensa teia.

O jornal Folha de S. Paulo informou, em matéria de primeira página, que na cidade do Rio de Janeiro o tráfico de drogas “empregaria” 16 mil pessoas e estas venderiam 100 toneladas de drogas por ano. Os números demonstram a dimensão econômica deste mercado que, apesar de ser ilícito, é regido pelas mesmas regras mercadológicas, ou seja, a oferta e a procura.

Para além das questões imediatistas do combate ao narcotráfico com cenas espetaculares de combate, num filme de mocinho e bandido protagonizado pelas forças repressivas do Estado e os marginais do tráfico de drogas dos morros cariocas, há motivo suficiente para uma boa discussão sociológica.

Ao recorrermos aos aspectos críticos do discurso midiático, a guerra às drogas no Rio de Janeiro assume uma percepção eivada de uma certa hipocrisia. Vejamos:

As drogas comercializadas nos morros do Rio de Janeiro são, na sua maioria, semi-sintéticas, maconha e cocaína. A maconha  não requer um tratamento  muito  especial para ser comercializada; já a cocaína necessita de uma certa sofisticação técnica na sua preparação. Essas substâncias, em hipótese alguma, poderiam ser produzidas no local onde são vendidas. Portanto, os traficantes do Rio são meros distribuidores de uma rede complexa que  não se sabe onde começa nem tão pouco onde termina.
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Do ponto de vista cultural, a cocaína é apenas uma planta produzida pela lavra de agricultores de países latinoamericanos. Na sua forma natural a folha da coca produz  um chá tão inofensiso quanto o nosso café. Já a maconha  comercializada no Brasil não tem uso cultural, sendo uma substância  alucinógena, e apesar de causar dependência é considerada droga leve.

A entrevista do Juiz Walter Maierovitch torna-se contextualizada quando  ele explica que a coca se torna perniciosa quando associada a produtos químicos para produzir o cloridrado de cocaína, produto que requer algum tipo de habilidade científica no seu preparo.

Vale salientar que os produtos químicos utilizados no processo de refino da  cacaína são  insumos totalmente legais vendidos no mercado pela indústria química sem nenhum tipo de restrição ou fiscalização.

A partir deste ponto não precisa ser nunhum especialista para entender que o esforço que está sendo feito no Rio de Janeiro é uma ação imediatista e que não vai resolver o problema definitivamente. A cocaína vai continuar a ser produzida, porque os insumos não estão sendo controlados, e demandada pelos consumidores que vão valorizar ainda mais o produto, devido a sua escassez.

A guerra resultará apenas na reconfiguração do mapa da comercialização. Portanto, todo o país deverá estar em alerta, já que a distribuição destes produtos tóxicos, que antes estava localizada em um ponto determinado, agora tem a tendência de se espalhar por outras áreas menos vigiadas.

Há outra questão bastante polêmica envolvendo a complicadíssima política de guerra às drogas. Tratá-se da circulação de imensas quantias de dinheiro, através do mercado financeiro, oriundo de atividades ilícitas e do tráfico de armas de fogo, que são duas vertentes que dão sustentação ao narcotráfico e que  ainda estão sem controle estatal.

Estas lacunas abrem a possibilidade para algumas sugestões: Espera-se que o Programa Nacional de Combate ao Crack (cocaína em forma bruta) tenha desdobramentos para evitar, por exemplo, que regiões mais fragilizadas do ponto de vista de aparatos de segurança pública, como o Nordeste brasileiro, tornem-se alvos futuros dos narcotraficantes como base de distribuição destes produtos.

Vale salientar, também, que dentro do programa de combate ao crack, há uma vertente de grande importância que não vem recebendo a devida cobertura da mídia, porque não gera imagens sensacionalistas, que são as ações preventivas. O governo está disponibilizando recursos para a pesquisa e a extensão, através do CNPq e da SENAD, para projetos de intervenção alternativos à política de guerra às drogas. Estas sim, são ações que precisam ser reforçadas e valorizadas em todos os seus aspectos pela população Só com esta complementação é que uma política de guerra às drogas poderá ter algum resultado positivo.

*Especialista em prevenção ao uso de drogas.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A GUERRA ÀS DROGAS E O RISCO NORDESTE


Crisvalter Medeiros*

O Rio de Janeiro enfrenta mais uma fase de dificuldades relacionada ao combate ao narcotráfico. Cenas da guerra aos narcotraficantes, com a população no epicentro dos acontecimentos sofrendo as pressões dos dois lados, comovem a população brasileira.

Lamentavelmente está é uma guerra perdida. Os Estados Unidos da América, país berço da política de “guerra às drogas”, já reconheceram que essa estratégia não resolve o problema. Para o povo americano, a guerra deve ser outra, a da prevenção e do tratamento.

No entanto, a nossa situação é bem diferente da América do Norte. Aqui temos um verdadeiro apartheid social gerado pela exclusão social dos habitantes das periferias dos grandes centros urbanos que, na falta de ocupação formal, têm aderido ao comércio ilícitos de drogas. Portanto, por trás do problema das drogas há também uma dívida social histórica com alguns segmentos da sociedade.

Atualizando a questão, o quadro atual do narcotráfico configura-se como uma grande contradição. As periferias dos grandes centros urbanos, a exemplo dos morros do Rio de Janeiro, por muito tempo ficaram órfãos de políticas públicas do Estado. Essa terra de ninguém foi apropriada pelos traficantes que tem um papel no nosso contexto social: abastecer a classe média e alta de substâncias ilícitas; afinal, a cocaína não está ao alcance do poder aquisitivo de trabalhadores assalariados. Resumo da opereta: a falta da presença do Estado nos morros viabilizou o surgimento de um estado paralelo que foi se consolidando ao longo das décadas, financiado por setores privilegiados da sociedade. Atualmente o Estado legal reclama a reapropriação das áreas provocando a reação dos traficantes.

Além da inocuidade da estratégia, a guerra ao narcotráfico terá um desdobramento mercadológico. Os produtos tóxicos ficarão ainda mais valorizados pelos consumidores em decorrência da sazonalidade provocada pelo colapso no fornecimento no período de intervenção policial.

A análise mercadológica serve para demonstrar a grande contradição que dissimula o problema do narcotráfico no país, cujos elementos são: a falta da presença do Estado com políticas públicas nas favelas e a demanda da população pelas drogas ilícitas.

E onde entra o Nordeste nesta história? Os traficantes que forem, se forem, expulsos dos morros do Rio de Janeiro não ficarão no limbo; eles vão aterrissar em outras plagas e o local mais propício é o Nordeste, como já vem acontecendo há algum tempo. Aqui eles encontrarão um campo propício: uma polícia despreparada para lidar com estas situações e uma base de apoio na produção de drogas que é o polígono da maconha no Pernambuco, além de vastas áreas desabitadas.

Portanto, a solução desta equação complicadíssima do mercado ilícito das drogas não está na guerra, mas reside no fortalecimento de políticas públicas de inclusão social, fortalecimento das ações cotidianas na área da prevenção e do tratamento de usuários e dependentes, além de ações que venham desestimular o mercado ilícito dessas substâncias, a exemplo da educação profissional e criação de mais postos de trabalho e programas de empreendedorismo. Por incrível que pareça, o problema das drogas ilícitas também está relacionado a uma política mais rigorosa de controle da indústria do álcool que é o background do uso de drogas no Brasil e no mundo.

*Especialista em prevenção ao uso de drogas

sábado, 6 de novembro de 2010

EVENTO PROMOVE APRESENTAÇÃO DE PROJETOS EDUCACIONAIS DE MINISTÉRIOS EM JOÃO PESSOA

Pró-Reitora de Extensão da UFPB encerrou evento da ABEAD em João Pessoa


A Pró-Reitora de Extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), professora Lúcia Guerra, ressaltou a importância da I Jornada da ABEAD na Paraíba como uma oportunidade para se promover a articulação das instituições públicas que podem atuar na área da prevenção científica ao uso de substâncias psicoativas. Ela revelou “que alguns cursos de pós-graduação da UFPB já orientam trabalhos de pesquisa nessa área”. A pró-reitora representou a instituição no encerramento do evento, na última sexta-feira (05), no auditório do Hotel Caiçara, na Praia de Tambaú, João Pessoa.

No último dia da I Jornada da ABEAD na Paraíba, representantes de três ministérios do Governo Federal apresentaram projetos sociais relacionados com políticas públicas sobre uso de drogas por crianças, jovens e adolescentes.

A representante do Ministério da Saúde, psicóloga Ana Sudária, apresentou as Diretrizes Nacionais de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens, destacando a importância do  fortalecimento da promoção da saúde, a reorientação dos serviços de saúde e a integração de políticas: interfederativas, governamentais e com a sociedade, como ferramentas para garantir os benefícios nessa área.

Segundo ela, os temas estruturantes para a atenção integral à saúde do adolescente são: participação juvenil, eqüidade de gêneros e empoderamento do sexo feminino, direitos sexuais e direitos reprodutivos, projeto de vida, cultura de paz, ética e saúde, igualdade racial e étnica.

A representante do MEC, Marta Klumb,  informou que os objetivos do Programa Saúde na Escola são: Promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde; fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis; contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; e o fortalecimento ao enfrentamento das vulnerabilidades no campo da saúde que possam comprometer o pleno desenvolvimento do estudante. E mais: promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos estudantes; integrar as ações já desenvolvidas nos estados e municípios, além de fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação básica e saúde nas três esferas de governo.

O evento também contou com explanação da representante do Ministério do Desenvolvimento Social sobre “Integração de Políticas Públicas de Educação, Saúde e Assistência Social – Construindo a rede de proteção social.  Segundo a professora Nívea Maria Polezer, a proteção social básica requer o direcionamento do foco da atenção para estratégias de prevenção, acesso a informações e direitos socioassistenciais; fortalecimento da capacidade protetiva da família e da comunidade, além do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, tendo como público prioritário as famílias beneficiárias dos programas de transferência de renda, a exemplo do PETI, PBF, BPC.

Ela ressaltou, ainda, a necessidade de ações protetivas especiais no campo social com ênfase para a superação de ciclos de violência e violação de direitos, reconstrução das relações familiares e comunitárias, assim como a defesa dos direitos socioassistenciais, sem deixar de fora o fortalecimento do protagonismo e a participação social dos atores envolvidos nos processos de resgate da cidadania.

O evento foi um dos mais bem sucedidos na área da prevenção ao uso de drogas já realizado no Estado da Paraíba e o primeiro com o foco nas ações científicas sobre políticas de drogas. A professora Vânia Medeiros, coordenadora do NETDEQ do IFPB, uma das sócias da ABEAD na Paraíba, informou que a entidade está planejando outros eventos no Estado para o próximo ano. “Queremos incentivar a pesquisa e extensão acadêmicas na área de políticas sobre drogas na Paraíba”, assinalou a professora.

O evento foi uma realização da UFPB, IFPB e ABEAD, com o apoio do MEC/MDSCF/MS e UCB. Comissão organizadora: Crisvalter Medeiros (IFPB), Vânia Medeiros (IFPB/ABEAD), Gilberto Lúcio (ABEAD); Lawrencita Espíndola (UFPB/ABEAD) e Maria do Socorro A. Caldeira (UFPB) e Vagna C. Leite Silva (CEM/FAMENE)


VEJA SLIDS DO EVENTO




quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PRESIDENTE DA ABEAD CONCLAMA SOCIEDADE PARAIBANA A DEFENDER A JUVENTUDE DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Mesa de Abertura do Evento

O presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD), Dr. Carlos Salgado, disse ontem, em João Pessoa, que a proteção dos jovens frente ao problema da dependência química deve ser interesse de toda a sociedade. Segundo o médico psiquiatra que tem mais de 20 anos de experiência com o tratamento de  usuários de drogas, 12% dos jovens que se iniciam no uso de substâncias psicoativas tornam-se dependentes.

O médico, que fez a palestra de abertura da I Jornada da ABEAD na Paraíba, enfocando o tema: “Ética Profissional e direitos humanos na dependência química”, ressaltou que é preciso defender o capital social que está representado na nossa juventude, principalmente quando já foi feito investimento na sua formação.

O psiquiatra disse que os profissionais da medicina enfrentam graves dilemas na sua atuação cotidiana com as questões relacionadas à ética e aos direitos do paciente. Segundo ele, a principal angústia dos profissionais está nas dificuldades com o enfrentamento das drogas lícitas, já que estão impossibilitados de dar cobertura a toda a demanda por tratamento. Há também o enfrentamento de dilemas resultantes das complicações para abordar os indivíduos que estão “na rua”; no tratamento compulsório e nos problemas relacionados às propostas de liberação de mais substâncias, bem como no uso de drogas entre os profissionais da área.

Segundo o psiquiatra, o 11º princípio do NIDA – Instituto Nacional para o Abuso de Drogas dos Estados Unidos orienta que o tratamento não precisa ser voluntário para ser efetivo. Para ele, sanções da família, empregador ou justiça podem facilitar significativamente a entrada, manutenção e sucesso do tratamento.

Carlos Salgado explicou, ainda, que se o uso de maconha for liberado no Brasil o status de benignidade dessa substância vai aumentar significativamente e, conseqüentemente, o seu uso vai se expandir rapidamente em todos os estratos sociais. Neste caso, a sociedade terá que fazer, num futuro próximo, um grande esforço para reverter o problema, como aconteceu com o tabaco.

O médio citou o grande dilema que a sociedade e os profissionais da saúde enfrentam, atualmente, para debelar o aumento do uso de álcool entre os jovens principalmente do sexo feminino. Para ilustra a preocupação, ele lembrou das festas de debutantes na qual as meninas ingerem álcool com o beneplácito das famílias.

Após a palestra, o presidente da ABEAD respondeu perguntas da platéia esclarecendo as dúvidas e atualizando informações científicas na área da dependência química.

ABERTURA

Grupo de Sax do IFPB
Participaram da mesa de abertura oficial dos trabalhos do evento da ABEAD em João Pessoa, o presidente da entidade, Dr. Carlos Salgado; o Reitor do IFPB, professor João Batista de Oliveira; a pró-reitora de extensão, professora Edelcides Gondim; o secretário adjunto da educação do município de João Pessoa, professor Rômulo Gondim e a representante do Ministério da Saúde, Ana Sudária. O evento foi animado pela apresentação cultural do grupo de sax do IFPB.

Na noite de abertura do evento, também foi lançado o livro: Drogas – Políticas e práticas, organizado pelo psicólogo Gilberto Lúcio da Silva, do Ministério Público do Estado de Pernambuco. O evento encerrar-se na próxima sexta-feira.
 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PARAÍBA AVANÇA NO CAMPO CIENTÍFICO SOBRE DROGAS


A I Jornada da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) já conta com 323 inscrições e 58 trabalhos científicos, em forma de pôsters, que serão apresentados no evento. A comissão organizadora informou que a abertura da Jornada acontecerá na próxima quarta-feira (03), às 18h30, no auditório do Hotel Caiçara, Av. Olinda, 235, na Praia de Tambaú., João Pessoa-PB.

O médico psiquiatra Dr. Carlos Salgado, presidente da ABEAD e preceptor da residência médica do Hospital Materno Infantil - Presidente Vargas de Porto Alegre-RS., vai fazer a conferência de abertura abordando o tema central do evento: Atuação do profissional no campo da drogadicção: valores éticos e direitos humanos.

O evento é o resultado de uma parceria da ABEAD com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e CEM/FAMENE.  As inscrições podem ser feitas até o dia do evento, pelo endereço: http://www.abead.com.br/eventos/paraiba/ 

Segundo a professora Vania Medeiros, da comissão organizadora do evento, a partir da próxima semana a Paraíba vai pensar as políticas públicas sobre drogas com uma visão mais científica e menos preconceituosa e estigmatizadora. “Precisamos adotar critérios científicos, principalmente na área da prevenção, suplantando os mitos que dão sustentação a muitas improvisações nessa área”.

A Jornada da ABEAD será uma oportunidade para os profissionais paraibanos se atualizar e interagir com os especialistas mais renomados do país na área de políticas públicas sobre drogas, seja na prevenção, intervenção ou tratamento.  O evento contará com a participação de pesquisadores das áreas de saúde pública, educação, assistência social, justiça e ciências sociais. Participam do grupo de palestrantes: o psiquiatra Dr. Carlos Salgado, presidente da ABEAD e preceptor da residência médica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas de Porto Alegre; doutora Inês Gandolfo, da UnB; professora Aparecida Penso, psicodramatista e terapeuta familiar da UCB; doutora Ana Cecília Marques, Uniad/Unifesp; Marta Klumb Oliveira, coordenadora do Programa Saúde na Escola (MEC); Ana Sudária, da Secretaria de Atenção à Saúde do Adolescente, (MS); Drª Nívea Maria Polezer, da Secretaria Nacional de Assistência Social (MDS), dentre outros.

A ABEAD é uma associação que congrega profissionais e pesquisadores do campo da dependência química no Brasil, com afiliados e representações no exterior. O quadro de associados da entidade é composto por psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, advogados, líderes comunitários, consultores e professores. Atuando no campo da pesquisa científica sobre álcool, tabaco e outras drogas desde 1989, a ABEAD é uma entidade civil, sem fins lucrativos, com sua sede estável em Porto Alegre.

O avanço do uso de drogas em todos os estratos sociais, prejudicando principalmente jovens e adolescentes, justifica os esforços para inserir os profissionais paraibanos no campo dos estudos científicos sobre a drogadição. O evento estará aberto a todos os que se interessam pelo aprofundamento dos conhecimentos na referida área podendo, inclusive, aderirem ao quadro de associados da ABEAD durante a jornada.

Com o objetivo de auto-financiar parte das despesas do evento, será estipulada uma taxa para as inscrições: estudantes: R$ 30,00 (trinta reais) e profissionais: R$ 50,00 (cinqüenta reais). Os valores devem ser depositados no Bando do Brasil (Ag. 2806-1-c/c 21706-9, com envio do comprovante via fax (83) 3222-3933-FUNETEC-PB ou e-mail: jornadapb@abead.com.br

Telefone para contato 8811-0272 (profª. Vânia Medeiros)