Foto: Socorro Caldeira (UFPB)
Cerca de 90 delegados, representando as comunidades de João Pessoa aprovaram, ontem (26), às 20 horas, no Auditório 211 do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o documento final da Primeira Conferência de Políticas Públicas sobre Drogas do município. O documento vai ser encaminhado pelo Comad – Conselho Municipal Antidrogas, às autoridades constituídas responsáveis pela implantação da referida política.
A iniciativa vai beneficiar toda a população pessoense, principalmente crianças e adolescentes, com ações nas áreas de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social e redução de danos. O presidente do Comad, professor Jorge Gomes, disse que a realização da conferência foi o resultado de mais de 1 (um) ano de trabalho dos conselheiros e que o evento foi realizado com poucos recursos e muito empenho.
Jorge Gomes: Vida com qualidade
O professor, que é psicólogo, lembrou que para termos uma vida com qualidade bastaria que nossos direitos, já conquistados, fossem atendidos através do cumprimento das leis. Segundo ele, nossas dificuldades começam no emocional e, portanto, precisamos construir um ambiente de paz, sem drogas, buscando o relacionamento tranqüilo e saudável. “É esse o principal objetivo desta conferência”, ressaltou.
O professor, que é psicólogo, lembrou que para termos uma vida com qualidade bastaria que nossos direitos, já conquistados, fossem atendidos através do cumprimento das leis. Segundo ele, nossas dificuldades começam no emocional e, portanto, precisamos construir um ambiente de paz, sem drogas, buscando o relacionamento tranqüilo e saudável. “É esse o principal objetivo desta conferência”, ressaltou.
ABERTURA DO EVENTO
A mesa de abertura dos trabalhos foi composta por: Rosemar Oliveira, representando a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano; Geraldo Amorim, vereador; Liliam Paiva Coelho, representante da Secretaria de Administração do Município; Edênia Teotônio, da Secretaria Municipal de Educação; Lorenzo Delaine, Remar; Jorge Gomes, presidente do Comad-JP; Edésia Almeida, representante do Conselho de Psicologia e Carlos Antônio Ribeiro, Conselho Tutelar.
CONFERÊNCIA MAGNA
Foto: Socorro Caldeira (UFPB)GILBERTO LÚCIO ATUALIZOU CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DROGADICÇÃO
A Primeira Conferência de Políticas Públicas sobre drogas, do município de João Pessoa, teve início às 20 horas, da última quinta-feira (25), com uma palestra realizada pelo psicólogo do Ministério Público do Estado do Pernambuco, Gilberto Lúcio. Ele é uma autoridade reconhecida na área da prevenção e recuperação da dependência química em âmbito nacional sendo, atualmente, vice-presidente da mais bem conceituada entidade científica da área: a Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e outras Drogas-ABEAD.
Na palestra que fez
Gilberto enfatizou a necessidade de controle da publicidade de bebida alcoólica nos meios de comunicação de massa feita por estrelas do mundo artístico-cultural. Segundo ele, essas iniciativas têm o objetivo de aumentar o número de usuários, influenciando crianças e adolescentes.
Ele também foi incisivo em defender que crianças e adolescentes não devem, em hipótese nenhuma, consumir substâncias psicoativas, pois isto impede o desenvolvido biopsicossocial, além de prejudicar fortemente o desenvolvimento cognitivo desse segmento que é imprescindível para o futuro do país.
CONTROLE DE SUBSTÂNCIAS
Foto: Socorro Caldeira (UFPB)
O psicólogo esclareceu que a proibição total do uso de uma substância pode produzir efeitos danosos à sociedade; mas à medida que uma droga progride na escala da legalidade, cresce também sua disponibilidade contribuindo para o aumento do número de usuários e dos problemas globais. Ele referia-se à proposta de legalização da maconha que está sendo propalada em diversos segmentos sociais.Gilberto esclareceu que ao invés da legalização, há em todo o mundo uma mobilização para o aumento do controle do uso de álcool e recrudescimento do combate ao tabagismo.
O palestrante informou que o alcoolismo causa 57 mortes por dia no Brasil; que entre 2000 e 2006, foram contabilizadas mais de 92 mil mortes associadas ao consumo excessivo deste produto. Disse, ainda, que 12 % dos brasileiros entre 12 e 65 anos são portadores de alcoolismo, que o álcool é responsável por 70% das mortes violentas, e que 45% de todos os problemas familiares e conjugais estão relacionados ao uso de bebidas alcoólicas.
Ele sugeriu medias urgentes de controle do uso de álcool, a exemplo da política de preço e taxação, políticas que diminuam o acesso físico às bebidas alcoólicas, proibição da propaganda nos meios de comunicação, campanhas na mídia e nas escolas visando informar melhor os efeitos da substância, além do efetivo controle da Idade mínima para a compra destes produtos com a manutenção da política de tolerância zero do consumo para motoristas.
MACONHA
Com relação à maconha, Gilberto esclareceu que o uso desta substância aumenta em seis vezes as chances de evasão escolar e que em todas as faixas etárias, até aos 20 anos, o uso de cannabis está associado ao subsequente declínio da produção escolar. Este efeito parece ser menos relevante quando o início do consumo se dá após os 25 anos. Além disso, a maconha provoca dependência entre 20 e 50% dos usuários que também têm aumentadas as chances de se envolverem com outras drogas e apresentarem sintomas psicóticos, esquizofrênicos e depressivos.
Enfatizando a importância da prevenção e do tratamento dos usuários de drogas, o psicólogo afirmou que as pesquisas indicam que para cada 1 (um) dólar investido em tratamento 7 (sete) são economizados em saúde e problemas sociais; e que para cada 1 (um) dólar investido em prevenção são economizados 10 em tratamento por transtornos do uso de álcool e outras drogas.
Gilberto lembrou que é dever do município garantir a integralidade das ações de promoção da saúde, prevenção e assistência, inclusive nas urgências; além de promover a equidade na atenção à saúde por meio da adequação da oferta às necessidades. E, com o apoio do Estado, identificar as carências da população do seu território, fazer o reconhecimento das iniqüidades, oportunidades e recursos para dar solução aos problemas.
“Os governantes devem, em primeiro lugar, atender todas as necessidades das crianças e dos adolescentes para, posteriormente, se preocuparem em construir mercados, praças, restaurar vias de transporte, monumentos artísticos, etc”, enfatizou o psicólogo.
No segundo dia da conferência foi realizada uma mesa redonda sobre os temas da prevenção ao uso de drogas nas escolas, tratamento e reinserção social e redução de danos, com a participação da professora Vania Medeiros, do IFPB; a psicóloga Valéria Cristina, coordenadora de saúde mental do município; e Gilberto Lúcio, do Ministério Público de Pernambuco, respectivamente.
O debate foi uma oportunidade para esclarecimentos sobre questionamentos polêmicos relacionados aos modelos de promoção da saúde e redução de danos. Gilberto afirmou que o aumento na quantidade de usuários de drogas demonstra que a política de redução de danos não está funcionando. "Mesmo assim, a maioria da população anda não usa drogas". Ele destacou que a integridade do desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes é uma prioridade, portanto, eles não devem usar essas substâncias de forma nenhuma.
O EVENTO CONTOU COM TRADUTORES DE LIBRAS
CONHEÇA O DOCUMENTO FINAL DA 1ª CONFERÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS DE JOÃO PESSOA: