terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PARAÍBA TERÁ CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA DE FORMAÇÃO PERMANENTE DA SENAD

A Pró-Reitoria de Extensão, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), aprovou, recentemente, um projeto junto à Secretaria Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SENAD) no valor de R$ 300 mil reais. O projeto vai viabilizar a implantação de um Centro Regional de Referência de Formação Permanente para profissionais que atuam na área de usuários de crack e outras drogas. A proponente do projeto foi a FUNETEC, fundação de apoio ao Instituto .

O centro tem o objetivo específico de promover a formação de profissionais que atuam nas redes de atenção integral à saúde e de assistência social com usuários de crack e outras drogas e seus familiares, atendendo uma das ações previstas no Plano Integrado do Governo Federal de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas.

A coordenadora do projeto, professora Vania Medeiros, informou que as ações planejadas pelo Centro Regional de Referência de Formação Permanente na área de crack e outras drogas para o próximo ano incluem a realização de quatro cursos: (1) Aperfeiçoamento em Crack e outras Drogas para médicos do PSF E NASF; (2) Curso de Atualização em Atenção Integral aos Usuários de Crack e outras Drogas para Profissionais atuantes nos Hospitais Gerais. E mais: (3) Curso de Atualização sobre Intervenção Breve e Aconselhamento Motivacional em Crack e outras Drogas para Agentes Comunitários de Saúde, Redutores de Danos e Agentes Sociais profissionais que atuam nos Consultórios de Rua, além do (4) Curso de Atualização em Gerenciamento de Casos e Reinserção Social de Usuários de Crack e outras Drogas para Profissionais das Redes SUS e SUAS.

Como é um centro de referência regional, explicou a professora Vania, serão atendidas demandas dos municípios de Bayeux, Cabedelo, Conde, Santa Rita, além de outros interessados, e a sede em João Pessoa.

Para ministrar os cursos, acrescentou ela, contamos com a disponibilidade de profissionais de universidades e centros de excelência do país, a exemplo da professora Drª. Vania de Vasconcelos Gico, da UFRN; Drª. Aparecida Penso, Universidade Católica de Brasília; Msc Luis Cláudio Santoro Gomes; Msc. Roberta Payá; Drª. Neliana Buzy Figlie; Msc. Daniel Cruz Cordeiro; Dra. Andréa Costa Dias, da UNIAD-UNIFESP. E mais: Msc. Teresa Cristina Endo, Pontifícia Universidade Católica-SP; Dra. Maria Inês Gandolfo, da Universidade de Brasília e a médica Maria Clara Schnaidman Suarez, PUC-SP. A equipe conta ainda com a participação da professora Socorro Vieira, do Mestrado em Serviço Social da UFPB.

Na primeira fase do projeto serão capacitados 300 profissionais, sendo 60 médicos dos programas PSF e dos NASF; 60 profissionais que atuam em hospitais gerais, 120 agentes comunitários de saúde e redutores de danos, agentes sociais e profissionais que atuam em consultório de rua; além de 60 técnicos das redes SUS E SUAS. Os cursos deverão ter início no primeiro semestre do próximo ano, informou a professora.

Alem das atividades de capacitação formal, o projeto prevê a criação de um Site para orientações complementares à distância, edição de material didático e inserções nos programas de TV locais.

A coordenadora do projeto, professora Vania Medeiros, informou que essa é uma conquista de mais de 10 anos de trabalhos em prol da prevenção e tratamento ao uso de drogas no Estado da Paraíba. “Nosso trabalho teve início com a implantação da Pastoral da Sobriedade, na campanha da Fraternidade: Vida Sim, Drogas Não, em 2001. Em 2005, iniciamos o projeto Rede Viva com o financiamento do Programa de Extensão Universitária (Proext). A partir daí realizamos vários seminários nacionais e outras atividades”, assinalou a professora.

Em 2009, continuou a professora, foi implantado o NETDEQ-Núcleo de Estudos Trandisciplinares em Dependência Química, na Pró-Reitoria de Extensão do IFPB. Está iniciativa deu um impulso maior ao trabalho de prevenção na instituição e na Paraíba. “Nessa última década conseguimos construir uma rede de relacionamentos com profissionais de centros de excelência na área da prevenção e uso de drogas de várias regiões do País, que resultou na aprovação desse centro regional de referência que é uma grande conquista para a sociedade paraibana que sofre com o problema das drogas", enfatizou.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ÁLCOOL ESTÁ ASSOCIADO A 30% DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL CONTRA MULHERES

Residência foi o local da agressão em 62% dos casos e 40% das vítimas já tinham sido agredidas antes

Veja também:
Vítimas de acidentes representaram 90% dos atendimentos em urgências e emergências
Homens são 71,1% das vítimas de violência urbana

Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram que a suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do provável agressor foi relatada por 30,3% das mulheres vítimas de violências doméstica, sexuais e outras violências, durante todo o ano de 2008. Em 62,7% dos casos de violência contra mulheres, a agressão ocorreu em residência e 39,7% delas afirmaram já terem sido agredidas anteriormente.

Do total de 8.766 vítimas atendidas em unidades de referência, 6.236 foram do sexo feminino (71,1%), incluindo crianças, adolescentes e pessoas idosas. Mulheres casadas ou que viviam em união estável representaram 25,6% das vítimas, enquanto que as solteiras responderam por 38,7% dos registros.

 Os dados são do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), estudo realizado em serviços de referência para atendimento de vítimas de violência doméstica, sexual e outras violências, em 18 municípios de 14 estados. Entre as vítimas do sexo feminino, os casos se concentraram em adolescentes e jovens na faixa dos 10 aos 19 anos (28,8%), crianças de 0 a 9 anos (21%) e mulheres dos 20 aos 29 (19,9%) e dos 30 aos 39 anos (13,9%). As menores concentrações foram identificadas nas faixas etárias de 40 a 49 (7,8%), 60 anos ou mais (4,3%) e de 50 a 59 (3,5%).

 “O estudo permite ao Ministério da Saúde, aos estados e aos municípios traçar o perfil das vítimas e dos autores das agressões, para subsidiar ações de enfrentamento a esses problemas, por meio de políticas públicas de prevenção e de promoção da saúde e da cultura de paz”, avalia Marta Silva, coordenadora da área técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde.

 AUTORIA E LOCAL – Homens foram responsáveis por 70,3% dos casos de violência sexual, doméstica e outras violências contra mulheres. Os agressores foram parceiros com quem elas mantinham relação estável/cônjuge (18,7%), ex-cônjuge (6%), namorado (2,4%) e ex-namorado (2%), o que revela a violência doméstica.

Em 14,2% dos casos, a violência foi praticada pelos pais, o que também evidencia a violência doméstica ou intrafamiliar. Pessoas desconhecidas (13,5%) e amigos (13,3%) também figuram entre os principais prováveis agressores, segundo relatos das vítimas.

Depois da residência, a escola foi o segundo local de ocorrência mais relatado (11%) de violências contra mulheres, porém com percentual menor do que as fichas sem informação (21%).
VIOLÊNCIA CONTRA HOMENS – Das 8.766 vítimas de violência sexual, doméstica e outras violências atendidas em unidades de referência, 2.530 (28,9%) foram homens, no ano de 2008. Entre eles, 30,2% tinham de 0 a 9 anos; 23,4% eram adolescentes entre 10 e 19 anos; e 16,8% tinham entre 20 e 29 anos.

A suspeita do uso de álcool por parte do agressor foi relatada por 27,7% dos homens atendidos nos serviços de referência. Em 56,6% dos casos, o agressor foi outro homem. Os principais autores das agressões foram amigos (15,7%), desconhecidos (16%) e os pais (23,4%) – o que também revela a violência doméstica.

 A casa foi o local da violência em 44,5% dos casos, enquanto 20% ocorreram na escola. Em 24,1% dos registros, não havia informação sobre o local onde aconteceu a violência contra os homens. A chamada violência de repetição, quando a vítima é agredida mais de uma vez, foi observada em 26,3% dos homens atendidos.

 TIPOS DE VIOLÊNCIA – A violência física foi a principal causa de atendimento (55,8%), sendo 52% em pessoas do sexo feminino e 65,1% no sexo masculino. A violência psicológica ou moral foi responsável por 41,2% dos casos – 49,5% em mulheres e 20,8% em homens.

A violência sexual foi responsável por 31,7% dos casos (39% em mulheres e 13,9% em homens). Negligência/abandono foi registrado em 13,6% do total de atendimentos (11,1% no sexo feminino e 19,6% no masculino). No entanto, em 39,3% dos atendimentos não se verificou nenhuma lesão física.

 ESCOLARIDADE – Quanto à escolaridade, considerando o total de pessoas atendidas que sofreram violências, 24,5% das pessoas declararam ter entre 5 e 8 anos de estudo; 21% tinham de 0 a 4 anos de estudo; e 16%, de 9 a 11 anos de frequência na escola.

RAÇA E COR – A análise mostra que 4.026 pessoas (45,9%) declararam ser de cor branca e 3.132 (35,7%), de cor parda. As pessoas que se declararam de cor da pele parda e preta, que representam os negros, totalizaram 43,6% das vítimas de violências. As menores proporções foram encontradas entre amarelos e indígenas (0,6%, cada). As fichas sem informação somam 9,3%.

ENCAMINHAMENTOS – As mulheres foram encaminhadas para os Conselhos Tutelares em 30,8% dos atendimentos e em 25,6% para Delegacia Especializada da Mulher. Quanto ao encaminhamento dos homens, 29,9% foram para os Conselhos Tutelares e em 20% para outras delegacias.

AÇÕES DO MINISTÉRIO – Para estimular o enfrentamento dos acidentes e violências, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo, junto com as Secretarias de Saúde de estados, de municípios e do Distrito Federal, ações que seguem as Políticas Nacionais de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e de Promoção da Saúde.

Destaque para os Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde, presentes em 450 municípios, de todos os estados, com investimento anual de R$ 34 milhões. Eles têm papel fundamental na articulação e implementação de redes de atenção e proteção às vítimas de violência e suas famílias. Desenvolvidas em parceria com outros setores, como assistência social, educação, direitos humanos e segurança pública, as ações são voltadas para a prevenção das violências (incluindo a doméstica e a sexual) entre jovens, mulheres e idosos. Também são importantes as ações de prevenção do Programa Saúde nas Escolas – uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação, presente em 2.549 municípios, em todos os estados. Em 2009 e 2010, foram investidos R$ 93,6 milhões.

Outra iniciativa é a parceria com o Ministério da Justiça, por meio do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), em articulação com as Unidades de Saúde da Família, e da Campanha Nacional do Desarmamento.

A redução do uso abusivo de álcool e outras drogas também tem sido uma prioridade no setor saúde para a prevenção das violências, por meio de medidas de educação permanente, campanhas, acesso a tratamento de dependentes e medidas de fiscalização e controle, definidas na Política Nacional sobre o Álcool, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e o Ministério da Justiça.

Nessa área, também se destaca o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas (PEAD 2009-2010), elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Justiça e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

 “Todas essas ações são desenvolvidas em articulação com outros setores do governo, organizações não-governamentais e setor privado, seja por meio de campanhas que busquem a promoção de comportamentos, hábitos e ambientes seguros e saudáveis, bem como a mobilização e participação da sociedade”, comenta Marta Silva. 
Fonte: portal.saude.gov.br 


Caracterização das vítimas de violência doméstica, sexual e outras violências por sexo. Municípios selecionados – Brasil, 2008:

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CRACK JÁ SE ALASTROU PELO BRASIL, DIZ PESQUISA DA CNM


 
Foto: Agência Estado: A crackolândia, em São Paulo, foi o local de origem do crack no Brasil 

O consumo de crack já se alastrou pelo País, aponta pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgada na manhã de hoje (13.12), em Brasília. Levantamento feito com 3.950 cidades mostra que 98% dos municípios pesquisados enfrentam problemas relacionados ao crack e a outras drogas. "Falta uma estratégia para o enfrentamento do uso do crack. Não há integração entre União, Estados e municípios", alertou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Ziulkoski criticou o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado pelo governo federal em maio deste ano. "É um programa que não aconteceu, praticamente nenhum centavo chegou". Ao apresentar os números, ele disse que não avaliaria se a iniciativa teve intenções eleitoreiras. "Apenas estou trazendo números e realidades".

A CNM observa ainda que, embora haja um grande esforço para a redução da mortalidade infantil, não há política de Estado de prevenção à mortalidade juvenil. A confederação também ressalta a importância de ações na região de fronteira para impedir a entrada de droga no País.

Números

O estudo da CNM constatou que, dos municípios pesquisados, apenas 14,78% afirmaram possuir Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que oferece atendimento à população e acompanhamento clínico de pessoas com transtornos mentais, entre eles usuários de drogas.
Quando o assunto foi a existência de programa municipal de combate ao crack, 8,43% das cidades alegaram possuir alguma iniciativa dessa natureza. Mesmo sem um programa definido e com a falta de apoio das demais esferas de governo, 48,15% dos municípios realizam campanha de combate ao crack, aponta a pesquisa.

Fonte: Agência Estadão

PSICÓLOGA DEFENDE TESE SOBRE O PERCURSO DA DEPENDÊNCIA DO CRACK NO BRASIL

A psicóloga Andréa Costa Dias em um dos capítulos da sua tese de doutorado na UNIFESP, intitulada: Estudo Longitudinal que Acompanhou o Percurso de Dependentes de Crack ao longo de 12 Anos, descreve a chegada do crack no Brasil e aborda os níveis de consumo.

A partir do final dos anos 80 e início dos anos 90 os primeiros registros de utilização e apreensão do crack, no Brasil, tiveram como pano de fundo a cidade de São Paulo. A droga, inicialmente teria sido introduzida na periferia do município, no ano de 1988, mais especificamente, em bairros da região leste; e depois se espalhado para outras localidades. Em um dos pioneiros estudos, que objetivou retratar as mudanças realizadas nas formas de administração de cocaína, ao longo de um extenso período; verificou-se que a porcentagem dos que fumavam crack cresceu de 5%, no final dos anos 80, para 65% entre 1995-97.

Além disso, conforme verificado em outras cidades do mundo, o aumento dos níveis de utilização da droga foi acusado pelo montante de usuários de crack, que passaram a se apresentar para tratamento.

Segundo levantamento realizado em dois serviços públicos especializados do município, entre 1990 e 1993, quase quadruplicou o percentual de indivíduos que relataram utilização da substância. Na direção contrária, e certamente alimentando o contexto anterior, os níveis de consumo de cocaína endovenosa (“baque”)
decaíram.

O progressivo abandono da via injetável ocorreu por conta de uma percepção de risco, envolvendo está prática e o contágio do HIV. A migração para o crack parecia ser mais segura contra a transmissão do vírus (o que adiante se provou um equívoco); e ainda com a vantagem de se conservar a potência do efeito.

Mas a popularização da “pedra” se assentou – primordialmente – em ardilosas iniciativas de mercado, que fartamente a disponibilizaram, a valores reduzidos (embora o uso desenfreado onere o preço final). Em muitos pontos de venda seu consumo foi otimizado por uma tática de interrupção do fornecimento de outras substâncias, tornando o crack “peça única” ou produto complementar e obrigatório, quando da aquisição de outras substâncias.

Vale mencionar que nos primeiros anos de chegada à cidade de São Paulo, não era raro que usuários tivessem de se familiarizar com seus, até então, desconhecidos e intensificados efeitos. Vários deles aprenderam, com os próprios traficantes ou companheiros de uso, a realizar a conversão caseira do pó de cocaína para a forma fumável de crack. Diluíam-se pequenas quantidades de pó em água e adicionava-se bicarbonato de sódio (ou amoníaco). Esta mistura era aquecida, resultando em textura oleosa que, após esfriamento, tornava-se uma “película fumável de crack”, chamada de casca (Domanico, 2006).

Aspectos do perfil do usuário.

Na literatura nacional encontram-se descritas uma série de características, que auxiliam na composição de um quadro geral de referência, do perfil do usuário de crack: predominantemente do sexo masculino, adulto jovem (entre 20 e 30 anos), solteiro, inserido no mercado informal de trabalho ou em situação de desemprego. Verifica-se baixa escolaridade (ensino fundamental ou menos) e modesta condição sócio-econômica. Para a maioria, o crack não constitui primeira substância de consumo, embora a seqüência de drogas até que se chegue ao crack tenha decrescido, dentre os mais jovens.

Outra característica bastante presente é o uso de múltiplas substâncias (lícitas e ilícitas). Como a dependência de crack tende a se instalar rapidamente, usuários da droga que buscam tratamento; o fazem mais precocemente do que dependentes de cocaína aspirada. Registram-se algumas vulnerabilidades, como engajamento em comportamento de risco (sexual e compartilhamento de insumos) e envolvimento em delitos, de maneira a subsidiar o uso continuado e frequente.

Atualmente, com a disseminação do crack, especula-se a respeito da presença de padrões intensificados de consumo também entre indivíduos de classes sociais abastadas, baseado no perfil dos que tem se apresentado para tratamento.

Outra tendência pouco explorada é a das práticas de consumo de crack entre mulheres, por vezes ocultadas, em função do estigma e das fortes exigências sociais. Ainda assim, por volta do ano 2000, as caracterizações da cultura do crack foram incluindo as vicissitudes do contexto de uso, por parte do gênero.

 Outra versão da cocaína: especificidades bioquímicas do crack

A cocaína é um alcalóide extraído das folhas da planta de coca (Erythroxylon Coca) cujo cultivo foi realizado, em primeira instância, no Peru e Bolívia. As etapas para produção do pó de cocaína se iniciam pelas folhas que são rapidamente secadas ao sol, depois moídas, prensadas com ácido sulfúrico, querosene ou gasolina e, por fim, comprimidas até formarem uma massa altamente concentrada denominada pasta-base. Esta última sofre um minucioso processo de refino (lavagem com éter, ácido hidroclórico, acetona) para redundar na cocaína em pó (branco e cristalino); passível de ser aspirada, ingerida ou dissolvida em água para uso injetável.

O crack, por sua vez, deriva da própria cocaína na sua forma fumada. Ele pode ser obtido a partir do pó (processo mais caseiro) ou, o que é mais usual, por intermédio da pasta-base, produzido, por tratamento químico, em larga escala, por traficantes. A preparação resultante (pedra), sendo volátil, pode ser fumada e, deste modo eficientemente absorvida pelas vias pulmonares, de onde se explica sua alta potência.

O crack demora apenas alguns segundos para fazer efeito, mas sua duração é limitada (por volta de 5 a 10 minutos), o que requer que a droga seja continuamente administrada. Estas características contribuem para que os episódios de consumo evoluam em menor tempo para crescentes padrões de dependência.

A droga produz intensa sensação de prazer, euforia, autoconfiança e poder, além de reduzir a necessidade de sono e alimentação. O término do efeito geralmente é acompanhado por disforia, forte fissura (vontade extremada de utilizar o crack) e, com o passar do tempo, acentuada perda de peso e parcos cuidados, tanto com a aparência física, quanto higiene pessoal.
Fonte Blog da UNIAD