sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

POPULAÇÃO DENUNCIA AUMENTO DA VIOLÊNCIA RELACIONADA AO NARCOTRÁFICO EM JOÃO PESSOA

 
População quer política pública sobre drogas para João Pessoa

A violência relacionada ao tráfico e ao consumo de drogas tem aumentado nas praças públicas urbanizadas nos bairros de João Pessoa. A denúncia foi feita, ontem (26), pelo presidente da Associação Comunitária dos Moradores dos Bairros do Cristo Redentor e Rangel, José Marcelo, durante a abertura da 1ª Pré-conferência de Políticas Públicas sobre Drogas, promovida pelo Conselho Municipal Antidrogas, de João Pessoa.

O tráfico está se apropriando desses equipamentos comunitários que, paradoxalmente, foram construídos justamente com o objetivo de resgatar essas áreas públicas, transformando-as em ambientes de cultura, educação, lazer e cidadania. Os participantes do evento  reivindicaram mais segurança pública nessas áreas, para que a população, principalmente os jovens, possam desfrutar desses ambientes de forma segura e pacífica. Quarenta e cinco  representantes comunitários participaram da 1ª Pré-Conferência de Políticas Públicas sobre Drogas do Município de João Pessoa.

O evento, que foi conduzido pelo Conselho Municipal Antidrogas (Comad), reuniu representantes de diversos segmentos comunitários dos bairros do Cristo Redentor e Range na escola de Ensino Fundamental Dumerval T. Mendes, no Rangel, para formular as propostas de políticas que serão encaminhas à 1ª Conferência Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas, de João Pessoa, que acontecerá no auditório 211, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), da UFPB, nos dias 25 e 26 de março.

O evento, que foi bem sucedido enquanto pré-conferência, também serviu para desabafo da população, através das suas lideranças comunitárias, com relação ao aumento da violência gerada pelo narcotráfico na Capital Paraíba. As lideranças lembraram que o tráfico está dizimando os adolescentes pobres das periferias de João Pessoa, sendo urgente uma política pública adequada que reverta essa situação.

O vereador Geraldo Amorim, presente ao evento, disse que o flagelo do narcotráfico está afetando a todos os segmentos sociais e requer ações coletivas e enérgicas para combatê-lo. Geraldo é autor do projeto de lei que criou o Conselho Municipal Antidrogas. Segundo o vereador, como o Poder Executivo de João Pessoa ainda não se preocupou em criar uma política pública sobre drogas através de um debate democrático com a participação popular, o Comad está fazendo isso através da 1ª Conferência Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas.

O presidente do Comad, psicólogo Jorge Gomes, professor da UFPB, afirmou que as pré-conferências são uma oportunidade para a população aprender a fazer políticas públicas, além de reagir a um dos grandes problemas da sociedade, que é o uso de drogas.

Ao final da 1ª pré-conferência municipal sobre drogas, os participantes elaboraram três baterias de propostas sobre prevenção, tratamento e reinserção e redução de danos. O material será debatido pelos delegados comunitários, que serão escolhidos em cada pré-conferência, e transformado em um documento oficial que será encaminhado ao executivo municipal. A próxima pré-conferência de políticas públicas sobre drogas acontecerá na próxima terça-feira, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Cristina R. Machado, em Mangabeira.




Crisvalter Medeiros

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

TEM INÍCIO PRÉ-CONFERÊNCIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS EM JOÃO PESSOA

Conselheiros do Comad-JP prontos para Pré-conferências de Políticas Públicas sobre Drogas


Os integrantes do Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), da Prefeitura de João Pessoa fizeram, ontem à tarde (25), a última reunião preparatória para as pré-conferências municipais de políticas sobre drogas. A primeira pré-conferência será realizada hoje (26) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Durmeval T. Mendes, das 14h00 às 17h00. A escola está localizada à Rua 14 de Julho, 891, no Bairro do Rangel, fone: 3218-9633.

A reunião do Comad, que aconteceu na Casa dos Conselhos, no Centro da Capital, contou com a participação de doze membros representando diversas instituições e entidades públicas de João Pessoa, relacionadas ao problema das drogas. A servidora da Secretaria da Educação do Município, Fabiana Uchoa, que está apoiando o evento, distribuiu os convites  que serão enviados às instituições.

O presidente do Comad, professor Jorge Gomes, da UFPB, disse que o evento tem um caráter educativo e preparatório para a conferência. Os conselheiros querem que a população conheça as diretrizes nacionais de políticas publicas sobre drogas, antes da conferência. “Desta forma, os participantes poderão contribuir para a construção de uma política pública de prevenção, tratamento, inserção e redução de danos para o município de João Pessoa, na conferência do próximo mês”, disse José Marcos da Silva, representante da educação no órgão.

A conferência de políticas públicas sobre drogas de João Pessoa, que acontecerá nos dias 25 e 26 de março, será um evento de repercussão histórica para o município de João Pessoa, que passará a contar, efetivamente, com uma política pública para prevenir, tratar, recuperar, promover a inserção social e reduzir os danos causados pelo uso de substâncias psicoativas.

A pré-conferência de hoje contará com a participação de todos os conselheiros do Comad – João Pessoa, além dos representantes da comunidade que vão ouvir explanação sobre as diretrizes nacionais sobre políticas públicas de drogas e, em seguida, formular questões para serem encaminhadas à conferência em 25/26 do próximo mês. Também serão escolhidos os dez primeiros delegados à conferência.

O presidente do Comad, professor Jorge Gomes, espera contar com a participação expressiva das representações comunitárias “para que se tenha uma pré-conferência que represente democraticamente os segmentos comunitários da Capital paraibana”, enfatizou. A segunda pré-conferência será na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Cristina R. Machado, em Mangabeira, no dia 02 de março, das 14h00 às 17h00.
  



ONU CRITICA EX-PRESIDENTES POR POSIÇÃO FAVORÁVEL À LEGALIZAÇÃO DA MACONHA




 FHC: Apologia à legalização da maconha

Jeferson Ribeiro, do G1, em Brasília

Defendida por ex-presidentes no Brasil, México e Colômbia, a descriminalização do uso de maconha foi alvo de críticas do representante do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), Bo Mathiasen, nesta quarta-feira (24).

O representante do UNODC apresentou relatório da Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (JIFE) que aborda o assunto. “A Junta registra com preocupação que em países da América do Sul, tais como Argentina, Brasil e Colômbia, há um movimento crescente para descriminalizar a posse para uso individual de drogas controladas, em especial a maconha”, destaca o documento. “Lamentavelmente, personalidades influentes, incluindo ex-políticos de alto escalão de países da América do Sul, têm manifestado publicamente o seu apoio a esse movimento”, conclui trecho do relatório.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos “ex-políticos de alto escalão” que têm defendido a descriminalização da maconha. Segundo o representante do UNODC, nenhum país até agora apresentou uma proposta oficial para descriminalizar a canabis e o que há são posições dos ex-presidentes do México, da Colômbia e do Brasil nesse sentido.
“A planta canabis, que é alvo dessa distorção, é ilícita e está na convenção de 1961 e o Brasil faz parte. Nenhum país tem colocado proposta de legalizar. Tem articulações de pessoas proeminentes que falam da legalização para acabar com a violência em grandes cidades”, relatou Mathiasen. “Três ex-presidentes de México, da Colômbia e do Brasil têm articulado”, complementa.

O representante do UNODC diz saber que “a violência urbana é grande nesses países”, mas argumenta que a descriminalização da maconha “não acabaria com o crime organizado”. Pelo contrário, “ele se articularia de outra forma para ganhar dinheiro”, disse Mathiasen.

A JIFE afirma que a legalização da maconha deve ser combatida pelos governos do Brasil, da Argentina e da Colômbia, porque ela representa uma ameaça ao continente. 
“A Junta expressa preocupação de que esse movimento, se não for combatido pelos respectivos governos de forma contundente, irá prejudicar os esforços nacionais e internacionais de combate ao abuso e ao tráfico de entorpecentes. Em todo caso, o movimento representa uma ameaça para a coerência e para a eficácia do sistema internacional de fiscalização de drogas e passa uma mensagem equivocada para o público em geral”, diz o relatório.
Nova legislação

O coordenador de saúde mental e drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, disse que o governo pretende enviar ainda este ano ao Congresso Nacional uma proposta para reformar a lei nacional antidrogas. O objetivo, segundo ele, é criar mais opções para penas alternativas à prisão de usuários de drogas. 

“O Ministeio da Saúde considera relevante o debate e ter legislação para distinguir o consumo eventual e o tráfico. A nossa proposta caminha no sentido de buscar legislação mais adequada, mas que em nehnhum momento deixa o consumo de maconha lícito”, disse.
Delgado explicou ainda que a proposta do governo pretende dar aos juízes, a quem cabe pela atual legislação decidir quando o usuário e o pequeno traficante devem ser presos, mais subsídios para aplicação de penas adminstrativas a essas pessoas: “Nossa ideia é mandar uma proposta de emenda à lei atual ao Congresso ainda nesse ano”.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PRÉ-CONFERÊNCIAS MUNICIPAIS DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS COMEÇAM NESTA SEXTA-FEIRA (26)

 
O Conselho Municipal Antidrogas (Comad), da Prefeitura Municipal de João Pessoa, estará realizando no período de 25 a 26 do próximo mês, a 1ª Conferência Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas. O evento, que tem o objetivo de construir a política pública sobre drogas para o município de João Pessoa, acontecerá no Auditório 211, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), campus João Pessoa, da Universidade Federal da Paraíba. A participação na Conferência está condicionada à presença em uma das nove pré-conferências.

O psicólogo Gilberto Lúcio da Silva, do Ministério Público do Pernambuco, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas (Abead), fará a conferência de abertura do evento, às 19h30min, enfocando o tema: Políticas públicas de prevenção ao uso abusivo de drogas no Brasil e no mundo, no Auditório 211 do CCSA/UFPB, campus João Pessoa.

A iniciativa é das mais pertinentes para a gestão pública municipal, já que o problema das drogas tem causado danos diversificados à população em todos os níveis. O uso de drogas, principalmente na adolescência, é uma das principais preocupações atuais dos pais, educadores, gestores dos setores públicos e privados e autoridades de forma em geral.

O presidente do Comad, professor da UFPB, Jorge Gomes, convida a sociedade civil organizada, profissionais liberais e a população em geral para participar deste momento de construção das diretrizes para as Políticas Públicas Sobre Drogas para o Município de João Pessoa. Ele informou que a 1ª Conferência Municipal Sobre Drogas será precedida de nove Pré-Conferências que ocorrerão nas áreas cobertas pelas Regiões da Secretaria de Educação, de acordo com as datas e locais divulgados nesta programação. 

O professor alertou, ainda, que a participação na conferência deve ser precedida de presença em uma das pré-conferências, quando serão eleitos entre o público de  cada pré-conferência, 10 (dez) representantes para a Conferência Municipal, com direito a voz e voto na plenária final. “Desta forma, democraticamente, teremos então a escolha dos representantes de cada região do município”.

A primeira pré-conferência será na Escola Municipal de Ensino Fundamental Dumerval T. Mendes, no Cristo Redentor/Rangel (Pólo-02), na próxima sexta-feira (26.02), das 14h às 17h.  A última pré-conferência acontecerá na Escola Municipal Oscar de Castro, em Cruz da Armas (Pólo-09), no dia 11 de março, das 14h às 17h.  Click em mais informações para ver o folder do evento com a programação completa.

Crisvalter Medeiros


PMJP INAUGURA CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO BAIRRO DO RANGEL

 

O prefeito Ricardo Coutinho inaugurou, recentemente, o Centro de Atenção Psicossocial-AD (CAPS) David Capistrano Filho, que vai atuar no pronto atendimento a adultos com transtornos mentais decorrentes do uso/abuso e dependência de álcool e outras drogas.

O CAPS-AD está localizado na rua José Soares, s/n, no Bairro do Rangel e oferecerá leitos para internação. Além do pronto atendimento, o CAPS-AD vai realizar tratamento com medicamentos, atendimento aos familiares e terapia individual e comunitária com psiquiatras e psicólogos, visitas domiciliares e oficinas culturais.

Esse novo centro especializado faz parte da política de saúde mental desenvolvida pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP)  através da Secretaria Municipal de Saúde que envolve mais três unidades do CAPS, sendo uma delas voltada para crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais e usuários de álcool e drogas.

Esses centros contam com uma equipe especializada de profissionais entre psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, professores de educação física, farmacêuticos e arte educadores.

Além dessas unidades, o Complexo Hospitalar governador Tarcisio Burity (Ortotrauma), em Mangabeira, possui o Pronto Atendimento em Saúde Mental (PASM), que realiza atendimento em urgência e emergência psiquiatra com leitos para observação e atendimento diário a pacientes com transtorno psíquico agudo/grave. A equipe multiprofissional é composta por psiquiatra, clínico geral, assistente social e enfermeiros.

Também já está funcionando o projeto consultoria de rua. Aprovado pelo Ministério da Saúde, será desenvolvido experimentalmente em João Pessoa e em outras 13 cidades brasileiras.

O projeto vai disponibilizar um veículo, onde uma equipe fará a abordagem às crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social e que fazem uso de crack e outras substâncias psicoativas em logradouros públicos do município.

O consultório contará com profissionais de saúde mental, enfermagem, assistente social e Redutores de Danos com intervenções preventivas, educativas, psicossociais e de assistência à Saúde no próprio espaço de Rua e em articulação com unidades de Saúde da Família de Referência.

Transcrito da Secom-JP


CRACK – QUEM É VOCÊ ?

 

O termo crack vem do verbo ”to crack”, do vocabulário inglês, que significa .quebrar, pequenos estalidos. Contudo, no mundo das drogas crack é o nome dado a uma das formas de apresentação da cocaína. Constituindo-se em cocaína base acrescida de bicarbonato de sódio e soda cáustica. Esta mistura é cozida, ficando petrificada. Após resfriamento, é triturada em pequenas pedras de cor amarelada que são fumadas pelos seus usuários. Normalmente os “crackeiros” para consumirem a droga, misturam-na com cinzas de cigarros (tabaco), e utilizam-se de cachimbos improvisados em latas vazias de refrigerantes ou cervejas. O nome crack deve-se exatamente ao barulho que a cocaína em forma de pedra faz quando está sendo fumada.

Nos EUA, é comum os traficantes produzirem o  crack  de forma diferente daquela utilizada aqui na América do Sul. Por ser incomum a presença da pasta base de cocaína naquele país, estes fazem um processo inverso a partir do cloridrato de cocaína (cocaína em pó), acrescido com anfetaminas e bicarbonato de sódio, transformando este composto em uma “base” para em seguida ser fumada, podendo também ser misturada ao haxixe (variedade da maconha).

O crack tem efeitos bem mais acentuados e devastadores que a cocaína na forma de cloridrato (pó), pois sua ação é intensa e de pequena duração, cerca de três a cinco minutos. Assim, passado o efeito estimulante, os usuários desta droga são acometidos de um forte sentimento de angústia, de desânimo, sendo impelidos a repetir o uso, na tentativa de sentirem a mesma sensação de euforia, o que os torna suscetíveis ao vício. Valendo lembrar que o poder viciante de qualquer droga, é diretamente proporcional a repetição do uso.

È comum os usuários de “crack” também serem acometidos de irritabilidade, insônia, ansiedade, depressão, extrema paranóia, náuseas, convulsões e, muitas vezes, morte. Tendo se tornado atualmente um fator de desestruturação familiar e social preocupante, bem como um forte  impulsionador da violência, haja vista, que os drogadictos, no afã de conseguirem a droga, frequentemente subtraem objetos dos seus familiares, vendem seus próprios bens, se envolvem em furtos na rua, em assaltos, roubos e atritos com seus pares, com um único propósito: consumir a droga.

Desta forma, há uma necessidade urgente e inadiável, que a sociedade, por meio dos seus diversos segmentos públicos e privados, assuma sua cota de responsabilidade. Precisamos nos conscientizar que, enquanto permanecermos com nossa indignação apenas em estado de repouso, nada mudará, como bem afirma o educador  Paulo Freire: “Hoje cada um é chamado a fazer a sua revolução. Seu estilo será molecular. Como cada molécula interage com o meio e garante sua subsistência, assim cada qual deverá operar as mudanças lá onde se encontra e em interação com o meio ao seu alcance”.
 
Deusimar Wanderley Guedes
Psicólogo e advogado
deusimar.dwg@dpf.gov.br

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

OS INALANTES E SEUS EFEITOS



Por Deusimar Wanderley
         
Os inalantes ou solventes são substâncias voláteis vendidas legalmente para utilização na indústria ou serviços domésticos. Contudo, muitas destas têm sido utilizadas indevidamente como drogas com fins recreativos. 

Como exemplo de alguns destes compostos podemos citar: gasolina, cola de sapateiro, solventes de pintura, éter, tintas, clorofórmio, thinner, esmaltes, removedores, vernizes, acetona, cloretila (lança-perfume), “loló” etc. 

O abuso de certos inalantes, como cola de sapateiro e thinner, são mais frequentes entre crianças e adolescentes, constituindo-se estes, na terceira droga mais abusada depois do álcool e do tabaco, e na primeira entre crianças e adolescentes que vivem nas ruas de cidades brasileiras. 

Uma outra substância inalante bastante conhecida e frequentemente utilizada indevidamente e abusivamente no Brasil, especialmente por frequentadores de bailes carnavalescos é a “lança-perfume”

            No nosso país, há décadas passadas, era permitido o uso de um lança-perfume fabricado pelo laboratório Rhodia, conhecido comercialmente por “Rhodoro”, mas, sua fabricação foi proibida por conta dos inúmeros problemas e danos que tal substância provocou em seus usuários. Apesar desta proibição, tem sido muito comum a presença do aromatizador de ambientes em aerossol, de fabricação argentina, marca “Universitária”, em bailes carnavalescos no Brasil. Este lança-perfume possui na sua composição uma substância entorpecente chamada “cloreto de etila” ou “cloretila”, cujo consumo com fins recreativos está proscrito pela legislação brasileira (Portaria 344/98 – ANVISA / Ministério da Saúde).

Embora o efeito inicial da inalação da lança-perfume seja um sentimento de euforia caracterizada por leveza, animação, fantasias  e excitação, outros efeitos desagradáveis e danos são também muito comuns. Dentre estes podemos citar: tonturas, falta de coordenação motora, taquicardia, desmaios etc.
Uma pessoa cardíaca poderá não resistir à taquicardia provocada por essa droga pois o coração humano fica bastante sensível à adrenalina (substância que é liberada por nosso cérebro quando fazemos um esforço físico qualquer), como correr e saltar, por exemplo, algo comum a quem está em um baile carnavalesco.
   A literatura médica tem registrado vários casos de morte por “síncope cardíaca”, em usuários de lança-perfume, loló e outros inalantes, inclusive de adolescentes. 

            Devemos lembrar ainda que os solventes, quando inalados cronicamente, podem levar a lesões da medula óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos que controlam os nossos músculos. Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza como o benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode haver diminuição dos glóbulos brancos e vermelhos pelo organismo. Portanto, o uso destas substâncias, além de ilegal, na maioria dos casos, poderá acarretar também um irremediável dano ao organismo do usuário, inclusive a morte.
          

Deusimar W Guedes
Psicólogo e advogado
deusimar.dwg@dpf.gov.br

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CARNAVAL MULTICULTURAL DE RECIFE

                             Pólo Fantasia:  Redutores de Danos

A cantora paraibana Elba Ramalho, Alceu Valença e a Grande Orquestra Multicultural de Recife, regida pelo Maestro Spock, promoveram uma verdadeira apoteose do frevo na madrugada da terça-feira gorda, no Marco Zero, durante o encerramento do Carnaval Multicultural de Recife antigo.

A prefeitura municipal de Recife realizou, este ano, o mais belo carnaval do Nordeste. Foram diversos pólos multiculturais espalhados por toda a cidade, para todos os tipos de foliões que preferiram o carnaval pernambucano, em 2010. Foram criados o Pólo das agremiações, o corredor do frevo, pólo afro, pólo das fantasias e carnaval infantil; pólo das tradições, pólo de todos os frevos, pólo de todos os ritmos, pólo mangue, festival rec beat, pólo do recife multicultural, pólos descentralizados e os polinhos.

Estivemos participando, durante os três dias do reinado de momo, dos festejos carnavalescos do pólo multicultural de Recife antigo. Podemos afirmar que este foi, realmente, o mais belo carnaval da região. Olinda com suas ladeiras congestionadas de foliões movidos pelas orquestras de frevo, ainda consegue arregimentar multidões; mas é um carnaval sem muitas novidades. Eu diria que é mais uma opção para o encontro da juventude durante o carnaval.

Foi no Recife antigo onde, realmente, aconteceu uma festa de encher os olhos. Durante os três dias de carnaval, dezenas de agremiações se apresentaram no palco do pólo do marco zero e, em seguida, desfilaram pelas ruas do Centro Histórico de Recife antigo, num espetáculo de fantasias coloridas inesquecível. Os blocos líricos, agremiações antigas do carnaval pernambucano, despertaram aquela alegria nostálgica e encantadora que valoriza ainda mais o carnaval, resgatando o seu verdadeiro valor cultural. O mais é a diversidade de ritmos, a irreverência artístico-cultural, a criatividade dos foliões e o glamour das agremiações.

Outro aspecto que eu gostaria de destacar com ênfase diz respeito à capacidade da convivência pacífica do folião pernambucano. Durante os três dias de momo, pelo menos no marco zero, só foi registrado um episódio de violência. Foi um carnaval civilizado, se alguém lhe empurra sem querer, logo pede desculpas e segue em frente com animação, uma verdadeira maravilha. Eu recomendo essa festa carnavalesca para toda a família, sem vacilar.

Além da alegria própria, o carnaval de Recife é extremamente democrático, todos podem participar, sem restrição de espaços. Não existem cordas nem pagamento de taxas; tudo o que o folião tem que fazer é cair no frevo e acertar o passo.

Só falta falar das crianças. Pois elas também participam da festa. No período da tarde e início da noite, há desfile de blocos infantis organizados pelas escolas, evidentemente. É de embevecer ver as crianças marcando o passo do frevo pernambucano.

PREVENÇÃO

Um ponto bastante positivo para o carnaval multicultural foi a participação dos redutores de danos da Secretaria Municipal de Saúde: Mais Vida na Folia, que é uma estratégia de prevenção utilizada durante o Carnaval Multicultural. Em sua sexta edição, ela integra a Política de Redução de Danos no Consumo de Álcool, Fumo e Outras Drogas da Prefeitura do Recife, tendo como foco o estímulo à adoção de medidas preventivas em relação a comportamentos de risco, garantindo o bem-estar de todos e uma festa mais segura. Entre a apresentação de um artista e outro, o grupo Mais Vida na Folia fazia suas intervenções, alertando os foliões, principalmente os mais jovens.

Resta dizer que foi mais um carnaval sem álcool e com muita alegria para mim. Para quem acha que não é possível brincar o carnaval sem ingerir bebida alcoólica, eu dou o testemunho que é possível sim, só é preciso aprender. Mas, para quem não consegue de jeito nenhum ficar sem beber, pelo menos procure beber menos, pois sua alegria será maior. O mais é esperar que Deus me dê a oportunidade de no próximo ano poder dizer: Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço...

VEJA MAIS FOTOS


 

Carnal sem álcool

  
caindo na folia


 
 

Bloco das flores, desde 1920

Enquato isso, em Olinda, o clima estava mais para chiquititas


 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

UM CARNAVAL SEM EXCESSOS




 Pelo sexto ano consecutivo, a banda Alegria Sem Ressaca  agitou a orla de Copacabana,  nas prévias carnavalescas do Rio de Janeiro. Criada pelo psiquiatra especialista em dependência química Jorge Jaber, a banda, que conta com apoio da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, da Associação de Psiquiatria do Rio de Janeiro e do Sesc, levanta o estandarte do combate ao consumo de álcool e de outras drogas, que aumentam consideravelmente neste período do ano. 

A banda nada mais é do que um projeto de saúde pública e prevenção ao abuso de álcool e drogas. E tudo isso é fruto de um trabalho comunitário e que conta com o apoio de personalidades, exdependentes e seus familiares, explica Jorge Jaber. Para deixar a festa ainda mais animada, a banda conta com presença da a atriz Luiza Tomé, madrinha do bloco em 2010, e do maestro Quintanilha, do Cordão da Bola Preta, que vai reger os músicos.

A Luiza, que já passou por alguns dramas familiares ligados à dependência química, não pensou duas vezes quando recebeu o convite para ser a madrinha deste ano, o que nos trouxe muita alegria, conta Jaber. E as novidades da sexta edição não param por aí: Para comemorar os resultados positivos da Lei Seca, teremos uma ala composta por integrantes da ONG Trânsito Amigo, criada pelo Fernando Diniz, pai de Fabrício, jovem morto há sete anos num acidente na Avenida Ayrton Senna, na Barra.

Veículo: O Globo

PROJETO PROÍBE A INSTALAÇÃO DE BARES PRÓXIMOS A ESCOLAS

 

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6347/09, do deputado Francisco Rossi (PMDB-SP), que proíbe a instalação de estabelecimentos que comercializem bebidas alcoólicas próximos às escolas públicas e privadas. A distância mínima deve ser de 200 metros.

Para os estabelecimentos abertos antes da aprovação da proposta, o texto determina a afixação de avisos sobre a idade mínima para o consumo de álcool. Esses avisos devem ter dimensão mínima de 30 cm por 50 cm.

Risco de violência - Na opinião do parlamentar, a existência de estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas favorece, além do consumo, acesso a jogos de azar, drogas e aumenta o risco de exposição dos estudantes à violência. Francisco Rossi cita pesquisa da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) cujos resultados mostram que 16% dos adolescentes entre 14 e 17 anos consumiram cinco doses ou mais de bebida alcoólica por dia em 2007.

Outro estudo citado pelo deputado, feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra que as crianças e adolescentes não encontram nenhuma dificuldade para comprar álcool. Segundo a pesquisa, 90% dos donos de bares não se interessam pela idade de quem está comprando a bebida.

Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

PESQUISA MOSTRA QUE 25% DA POPULAÇÃO INGEREM 80% DO ÁLCOOL CONSUMIDO NO BRASIL

 

O consumo moderado de álcool não é regra no país. Enquanto metade da população brasileira se diz abstêmia, os bebedores apresentam alto nível de consumo de risco -bebem regularmente e em grande quantidade. Apenas um quarto dos brasileiros consome 80% do álcool ingerido no país.

Essas são as conclusões de um estudo que fez um retrato do padrão de uso de álcool pelos brasileiros, realizado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que acaba de sair na "Revista Brasileira de Psiquiatria".

O estudo, o primeiro levantamento do gênero no país, entrevistou 2.346 indivíduos com mais de 18 anos em 143 cidades. Os resultados mostram que 48% não haviam ingerido álcool nos últimos 12 meses. Por outro lado, do total da amostra, 28% relataram pelo menos um episódio de crise de ingestão ("binge drinking", mais de cinco doses em homens e quatro em mulheres em uma ocasião).

Um quarto da amostra relatou ao menos um tipo de problema relacionado ao álcool (entre questões de saúde, familiares, no trabalho e violência), 3% preencheram os critérios para abuso e 9%, para dependência química. No Sul consome-se com maior frequência; nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, em maior quantidade.

Outro problema apontado é que o alto consumo de álcool continua até por volta dos 40 anos de idade. Em outros países, a ingestão cai após os 20.

Segundo a pesquisa, a bebida mais ingerida é a cerveja (mais de 60%), seguida do vinho.

"Trata-se de uma das principais causas de morte e de violência doméstica", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, líder do trabalho. "No entanto, não há políticas consistentes para reduzir o consumo."

"É preciso persistência nos esforços de conscientização e medidas restritivas", diz o psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas. "Os efeitos do álcool no organismo variam de pessoa para pessoa e há quem sofra danos mesmo com baixas doses. Por isso, a dose sem risco é zero, já que não se sabe qual pessoa tem predisposição a desenvolver dependência."

Segundo Salgado, entre os adolescentes, a bebida é especialmente perigosa, pois o cérebro ainda está em formação e a chance de fixar o interesse pela substância é maior.

"Só havia estudos regionais ou que mensuravam abuso e dependência. Esse é o primeiro que mostra como o brasileiro bebe", diz a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo, e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. "Em 2004, a OMS (Organização Mundial da Saúde) percebeu que dados do consumo per capita não mostravam necessariamente as regiões que tinham problemas com o álcool. Um exemplo é a França, que tem alto consumo per capita e, no entanto, os franceses bebem moderadamente", diz a pesquisadora. Ela é autora de um estudo que mostrou que a prevalência de episódios de consumo pesado de álcool em São Paulo é de 15,4% nos homens e de 7,2% nas mulheres.

Política global

No mês passado, a OMS publicou uma resolução recomendando aos países membros a adoção de uma estratégia global, nos padrões das ações contra o tabaco, para reduzir o consumo abusivo de álcool. "Na prática, a resolução indica que a OMS se esforçará para convencer os países membros a se adaptarem a essa nova política. Isso fortalece a busca de soluções", afirma Laranjeira.

  • Dados são de estudo que mapeou padrões de ingestão de álcool. Pesquisa revela que metade da população não bebe.
  • Artigo mostra que consumo moderado não é a regra no país. A pesquisa ouviu 2.346 indivíduos com mais de 18 anos em 143 cidades do país


Folha de São Paulo - GABRIELA CUPANI - DA REPORTAGEM LOCAL


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES GENÉTICOS DA DEPENDÊNCIA FACILITA A PREVENÇÃO DO ALCOOLISMO



                          * Entrevista com Dra. Camila Guindalini

1.Pesquisas têm evidenciado a associação entre fatores genéticos e os transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso e dependência). É possível determinar se esses transtornos são derivados de fatores genéticos ou de outros fatores, tais como o ambiente familiar e/ou a influência de amigos? Como é possível diferenciar essas influências?

Os transtornos psiquiátricos em geral são classificados como transtornos complexos ou multifatoriais. Essa classificação deve-se ao fato de sua manifestação ser comprovadamente um resultado de uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais. Ambos precisam estar presentes para que o transtorno se manifeste. Aparentemente, estudos mostram que o uso de substâncias tenha uma influência maior dos fatores ambientais, como ambiente familiar e amigos, em contrapartida, a transição para o abuso e dependência têm uma influência maior de fatores genéticos. Isso explicaria porque após o mesmo nível de exposição, algumas pessoas se tornam dependentes, enquanto outras, não. 

2. Como os avanços na pesquisa sobre genética e alcoolismo podem contribuir no desenvolvimento de intervenções precoces? Você acredita que esses métodos poderiam reduzir significativamente os transtornos relacionados ao uso do álcool?

Ao determinarmos quais são os fatores de risco genéticos que predispõem um indivíduo a se tornar dependente de álcool, seremos capazes de indentificar essa pessoa precocemente, e tomar medidas preventivas, associadas ao que chamamos de aconselhamento genético. Esse indivíduo pode ser melhor orientado, evitando assim prejuízos futuros. É o que chamamos de medicina preventiva. Além disso, fatores genéticos podem melhorar o diagnóstico e apontar novos alvos de ação de drogas, permitindo assim, o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

3. Como a regulação/expressão de diversos genes pode influenciar os riscos de desenvolver transtornos relacionados ao uso do álcool?

O álcool como qualquer outra droga de abuso, se for utilizada regularmente,tende a promover sintomas conhecidos como tolerância - redução na intensidade da resposta e necessidade de consumir uma quantidade cada vez maior para se obter o efeito anteriormente alcançado. Por outro lado, a interrupção do uso de uma determinada substância, pode causar o que chamamos de síndrome de abstinência, caracterizada por sintomas físicos, como tremores, alterações cardiovasculares e alucinações; e/ou emocionais, como disforia (um estado de instabilidade de humor ou instabilidade afetiva) e anedonia (interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina). Ambos os fenômenos comportamentais de tolerância e sintomas de abstinência parecem ser derivados pelo menos em parte de adaptações biológicas/genéticas compensatórias que ocorrem durante o processo de abuso/dependência de drogas. Na tentativa de manter o equilíbrio, os sistemas cerebrais tendem a adaptar-se à presença constante da droga no organismo, diminuindo ou aumentando a concentração de determinadas substâncias, como neurotransmissores e seus receptores. A produção dessas substâncias é regulada pela expressão dos respectivos genes.

4. De acordo com seus estudos, há variações na região promotora do gene da álcool desidrogenase  (enzima responsável pela metabolização do álcool em nosso organismo) associadas a um maior risco para desenvolver a dependência alcoólica. Como isso proporcionaria uma predisposição para a dependência?

A maior parte do álcool ingerido por um indivíduo é metabolizado no fígado pela ação das enzimas álcool (ADH) e aldeídeo (ALDH) desidrogenases. A primeira converte o álcool em acetaldeído, uma substância tóxica para organismo. Por sua vez, a enzima aldeído desidrogenase (ALDH) converte o acetaldeído em acetato, dimunindo a concentração e os efeitos tóxicos do acetaldeído. Essas enzimas estão presentes em várias formas e são codificadas por diferentes genes. O gene ADH4 faz parte da família de enzimas álcool desidrogenase. Estudos têm demonstrado que variações genéticas individuais podem influenciar a taxa de conversão do álcool para acetaldeídeo e de acetaldeídeo para acetato, influenciando assim a velocidade com que o álcool será metabolizado e por conseqüência, a quantidade ingerida, a qual está diretamente relacionada com o aumento de risco em desenvolver abuso e dependência ao álcool. 

* Dra. Camila Guindalini é Pesquisadora do Departamento de Psiquiatria e Psicobiologia, ambos da Universidade Federal de São Paulo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PERDEMOS A GUERRA CONTRA O TRÁFICO DE DROGAS OU PRECISAMOS REPENSAR AS ESTRATÉGIAS DE COMBATE?

Deusimar Wanderley é advogado e psicólogo. Publica uma coluna aos sábados no jornal A União e vem se dedicando há muitos anos à prevenção e à repressão das drogas na sociedade. Deusimar editou alguns livros, enfocando o tema das drogas, que são bem aceitos pelo público. Os dois artigos, abaixo, são de sua autoria.



Alguns estudiosos acham que a guerra contra o tráfico de drogas ilícitas está perdida; outros discordam. Contudo uma coisa é certa: o consumo e tráfico de drogas têm se multiplicado, e isto é uma prova inconteste, que toda a estratégia de combate atualmente vigente precisa ser repensada.
A ONU atesta que o aparelho repressor do Estado só consegue apreender no máximo 10% das drogas ilícitas circulantes no mundo. Em relação ao tratamento da dependência química, as estatísticas também não são animadoras.
Os EUA, certamente, é hoje o país que investe o maior montante financeiro no combate às drogas. Contudo, é também o país em que mais se consome drogas ilícitas. Segundo Relatório da ONU (2008), “o tráfico de drogas movimenta anualmente em todo o mundo, cerca de 500 bilhões de dólares”. Só para termos uma idéia comparativa, a indústria farmacêutica global fatura aproximadamente 350 bilhões de dólares anualmente; a do tabaco 204 e a do álcool 280 bilhões. Como vemos, é preciso que a humanidade aprenda a desenvolver estratégias eficientes e menos danosas de como conviver com este mal.
Assim, a conscientização acerca destas substâncias e dos problemas orgânicos, familiares e sociais que estas poderão provocar aos seres humanos, e à sociedade como um todo precisa acontecer desde os primeiros anos de vida da criança. Pois, certamente a desinformação e o modelo social hoje vigente são os dois principais facilitadores para que seres humanos, especialmente adolescentes ingressem nas drogas, e uma parcela significativa destes se torne dependente destas substâncias. Todos nós sabemos que não há uma resposta segura ou fácil quando o assunto é droga, embora quase todas as pessoas possuam de pronto uma opinião formada. Mas de uma coisa podemos ter certeza, quanto mais bem informadas as pessoas são, mas difícil destas se tornarem dependentes das drogas; e estas informações têm que estar desvinculadas de valores morais, religiosos, econômicos, políticos etc.
Investimentos significativos por meio de campanhas educativas e informativas ininterruptas que obedeçam as realidades e desigualdades culturais de cada localidade precisam ser feitos.
Dentre as dificuldades no enfrentamento desta questão podemos citar: a falta de investimentos públicos na área preventiva-educativa, visando desestimular o consumo; o modelo social consumista; a tolerância da sociedade; o fácil acesso a essas substâncias, e a omissão generalizada hoje reinante nos diversos segmentos sociais. Temos uma indignação social em estado de repouso, e é preciso que esta indignação seja instigada a se manifestar.
Assim sendo podemos afirmar, que, ou a sociedade acorda e resolve se unir e fazer frente ao uso indevido de drogas, ou esta sociedade num futuro muito próximo irá soçobrar dominada pelo uso desenfreado e deletério destas substâncias.
Texto extraído do livro: Drogas – Problema Meu e Seu, de autoria deste colunista.
Deusimar W Guedes
Psicólogo e Advogado
E-mail:contato@deusimarguedes.com.br



O QUE LEVA OS JOVENS ÀS DROGAS

É impossível enumerarmos com segurança quais são os fatores que levam alguém às drogas. É certo que tal fato está relacionado a problemas sociais, familiares, educacionais, culturais, etc, aos quais se encontra exposta a nossa sociedade. Certamente, as condições de vida nas “Favelas”, o acesso fácil às drogas, a falta de empregos e consequentemente de perspectivas no futuro, o crime organizado, a impunidade, entre outros, são fatores que contribuem para este problema.
Outro aspecto a ser considerado é que os seres humanos sempre tentaram modificar o humor, as percepções e sensações por meio de substâncias psicoativas, com finalidades várias, como: religiosas, culturais, curativas, relaxantes ou, simplesmente, prazerosas.
Alicerçados nas inúmeras entrevistas que sempre fazemos com jovens envolvidos com o uso indevido de drogas, dois fatores são muito citados por estes, como sendo impulsionadores para o ingresso nas drogas, quais sejam: a influencia dos amigos e a fácil disponibilidade destas substâncias.
Lembramos ainda, que a transição da infância para a idade adulta é raramente suave, e muitas pessoas não se sentem emocionalmente preparadas para enfrentar os problemas com que se deparam. Some-se a isto o fato de que na puberdade e nos primeiros anos da adolescência, há um afrouxamento dos laços familiares, uma diminuição da autoridade paterna, uma crescente responsabilidade e um amadurecimento sexual. Com isto, o adolescente, assediado por ansiedades, frustrações, medo de fracassos, conflitos e dúvidas internas, pode buscar refúgio, por vezes, nestas substâncias.
Outro aspecto a considerar é a aceitação e até o incentivo que a sociedade ocidental, principalmente, promove das drogas legalizadas, como o Álcool e o Tabaco. Esta tolerância tem sido uma mola propulsora para o envolvimento de muitos jovens com as mesmas e, conseqüentemente, com outras substâncias psicoativas. Infelizmente, somos uma sociedade regada ao Álcool; para qualquer comemoração as bebidas alcoólicas sempre estão presentes: no nascimento do bebê, no batizado, nos aniversários, nos casamentos, nas vitórias da vida pessoal e até nas festas religiosas. Além destas, aquelas drogas de uso terapêutico, como os Calmantes, Antidepressivos, Moderadores de Apetite, Analgésicos, etc, são também usados abusivamente por pais e mães, que passam com isto uma mensagem negativa para os filhos, que aprendem, desde muito cedo, a recorrer sempre a uma droga quando acometidos de alguma contrariedade, como uma pequena dor, um momento de angústia, ou uma tristeza qualquer.
Assim, problemas comuns a todo ser humano, como: tristeza, descontentamento, solidão etc, passam a ser vistos como situações a serem eliminadas com o consumo de substâncias. Desta forma, podemos afirmar que, o modelo social consumista reinante na sociedade contemporânea, é tão nocivo quanto o próprio poder devastador das drogas.
Deusimar Wanderley Guedes
Psicólogo e advogado
deusimar.dwg@dpf.gov.br