segunda-feira, 26 de julho de 2010

NÃO DÁ MAIS PRA ASSISTIR O EXTERMÍNIO DOS NOSSOS JOVENS!



*Flávia Fernando Lima Silva

“Uma a cada três vítimas de homicídios na Paraíba é criança ou adolescente. De 2000 a 2009, 38,8% do total de mortes no Estado atingiram o público de zero a 18 anos, ou seja, das 2479 vítimas, 963 eram menor de idade. Os dados da Secretaria de Saúde do Estado ainda revelam um aumento de 105,7% do número de crianças e adolescentes, que de 2000 a 2009, subiram de 70 para 144 mortes anuais. Segundo a Pesquisa ‘Mapa da Violência 2010’, divulgada em 30 de março deste ano em São Paulo, a Paraíba saiu da 17º (1997) para a 11º (2007) colocação no ranking dos estados onde mais crianças e adolescentes morrem vítimas de homicídio...

De acordo com o Mapa, João Pessoa é a oitava capital onde mais pessoas entre zero e 19 anos morrem por conta desse tipo de violência. De acordo com o estudo, é a partir dos 12 anos que inicia o “crescente espiral da violência”. Mas não são apenas os números de homicídios que crescem. Segundo apuração do CREAS (Centro de Referencia Especializada em Assistência Social), somente em 2009, 87,5% dos casos de violência registrados em todo o Estado da Paraíba foram com crianças e adolescentes. No total, foram 4024 vítimas de zero a 18 anos negligenciadas, violadas psicologicamente, violentadas, exploradas e abusadas sexualmente.”

O longo excerto jornalístico acima foi transcrito duma notícia de jornal de João Pessoa, de abril deste ano. A matéria foi escrita após a divulgação do “Mapa da Violência de 2010”. Não lembro se houve repercussão entre os poderes públicos em nosso estado, ou mesmo na própria sociedade civil. Os jornais todos os dias, escritos e televisionados, registram estas mortes. Para a maior parte da população são apenas números. Chama a atenção o modo como grosso modo estes assassinatos são divulgados, há um tom freqüentemente sensacionalista e a um só tempo de banalização total destas mortes, sobretudo quando se trata de jovens usuários de drogas, que perfazem a grande maioria. É como se houvesse praticamente uma resignação, eu pensei inicialmente em dizer, mas é mais que isso, muitas vezes parece que há um alívio, ou, arriscaria denunciar, um desejo que estas mortes acontecessem. A maioria dos assassinatos são perpetrados a jovens do sexo masculino, sobretudo negros e usuários de drogas. (A Paraíba inclusive é o estado no Brasil onde mais morrem negros assassinados! ). No Direito Romano Antigo havia uma categoria que traz uma triste analogia com estes meninos mortos – homo sacer. Eram pessoas que não podiam oficialmente ser mortas, mas se o fossem, tudo bem – era uma vida indigna de ser vivida.

Então me permitam me apresentar, meu nome é Flávia Fernando Lima Silva, sou médica psiquiatra, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência. Sou trabalhadora do SUS, militante da luta antimanicomial, trabalho em centros de atenção psicossocial (CAPS) na grande João Pessoa, Paraíba ( num caps infantil e num caps álcool e drogas). Atendo jovens em extrema vulnerabilidade. Muitos com baixa escolaridade, sem terem tido os cuidados parentais mínimos, os seus direitos garantidos, pobres ou muitos pobres, muitos foram ou estão institucionalizados . Os meninos costumam encontrar no uso abusivo de substancias um modo possível de alívio em vidas tão marcadas pelo sofrimento, os meninos algumas vezes vão se agregando assim, junto ao prazer de estarem juntos e usarem drogas, construindo inclusive identidades em torno disto. Recebo-os encaminhados de outras instituições, jovens em situação de rua, trazidos por parentes, os que tem parentes.

Os jovens são pessoas, são seres humanos – eles tem afetos, eles nos afetam, alguns  estão reaprendendo a sonhar. Eles me fazem sonhar/lutar por outro mundo possível. Nos últimos quatro meses, seis dos meus pacientes morreram de morte matada. Eles morrem de tiro e de faca. Quatro tinham menos de 18 anos. Um 18, outro menos de 30 anos. Afora os filhos dos lutos, crianças que perderam seus pais assassinados, que já começam a nos chegar no caps infantil. Além das mães dos jovens mortos. A maior parte destes assassinatos foram anunciados. Os meninos vinham, angustiados, nos pediam ajuda. Lembro de um dia que passei inteiro no Ministério Público a fim de pedir proteção para um jovem que acabava de completar dezoito anos e estava sendo ameaçado – acabou sendo encaminhado para um hospício, o estado não tinha/não tem nenhum “outro” dispositivo de acolhimento efetivo e proteção a estes jovens! Este menino depois sumiu, tentei contato com a família, estes dias soube – ele acabou sendo assassinado mês passado. Estamos falando de negligencia do estado e da sociedade, estamos falando de banalização de vidas e mortes, de lutos não autorizados por uma sociedade que compactua/deseja estas mortes. Estamos falando de extermínio!

Este texto não se trata de um relatório técnico no sentido estrito do termo, com relação à situação de vulnerabilidade e dos assassinatos dos nossos jovens. Trago aqui a minha experiência, um relato afetivo duma trabalhadora que cuida destes jovens que são mortos, lembrando que a maioria deles sequer chega em um serviço de saúde ou assistência social.

Falo em todos os espaços coletivos que participo da urgência da implementação de sistemas de proteção à vida em nosso estado. Falo mas escuto pouca ressonância! Agora escrevo, escrevo enquanto uma trabalhadora de saúde que cuida destes jovens que tem suas mortes anunciadas e nada é feito para mudar estas realidades. Por que nosso estado ainda não implementou por exemplo o PPCAAM (Programa de Proteção à criança e ao adolescente ameaçados de morte)??? Este é um Programa da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que existe desde 2007. Como poderíamos exigir a sua urgente implementação?? Além claro de outros sistemas de proteção que atenda adultos, que também são vítimas. O que precisamos fazer para que isto seja feito? Logo, urgente!

Finalmente lembro aqui das mães da praça de maio, guerreiras da utopia ativa, que nos ensinam há décadas, que uma vida não pode ser esquecida. Em frente à Casa Rosada em Buenos Aires, há mais de 30 anos, pedem pelos seus filhos desaparecidos. Lembro também de Antígona, que luta até mesmo com a ordem do rei, seu tio, para velar o corpo do seu irmão morto.

Na história contemporânea da Guerra às Drogas em nosso país e especialmente na Paraíba, conclamo aos poderes públicos e a sociedade civil como um todo – protejamos os nossos jovens, não os deixemos morrer assim. A Guerra, claro está, é direcionada às pessoas. Sim, é de pessoas que estamos falando.

* Médica psiquiatra do SUS, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência.                                   

sábado, 24 de julho de 2010

RISCO DE AVC AUMENTA ATÉ DUAS HORAS APÓS O CONSUMO DE ÁLCOOL


Ao entrevistarem 390 vítimas de acidente vascular cerebral (AVC) isquémico três dias após o episódio clínico, os investigadores, liderados por Elizabeth Mostofsky, do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, EUA, verificaram que o consumo de álcool parecia ter um impacto imediato sobre o risco de sofrer um AVC. Do total dos doentes, 14 tinham bebido pequenas quantidades de álcool menos de uma hora antes de sofrerem o AVC.

Os resultados também indicaram que quando se consome bebidas alcoólicas − seja vinho, cerveja ou licor, os riscos de sofrer um AVC são 2,3 vezes maiores na primeira hora, 1,6 vezes maiores na segunda hora e 30% menores após 24 horas do que os apresentados por indivíduos que não bebem.

Este padrão manteve-se igual independentemente do tipo de álcool consumido e de os pacientes terem ou não realizado exercício antes de sofrerem o AVC. O padrão também não se alterou quando os investigadores excluíram o consumo de mais de duas bebidas alcoólicas.
Estes dados podem estar relacionados com os efeitos imediatos do consumo de álcool, que conduz a um aumento da pressão arterial e da agregação plaquetária, aumentando o risco de coagulação, sugerem os cientistas, em comunicado enviado à imprensa.

Apesar de o consumo de álcool a curto prazo estar relacionado com o risco de AVC, os investigadores notaram que, a longo prazo, a ingestão moderada de álcool poderá, na realidade, reduzir o risco de enfarte do miocárdio e de AVC. Isto deve-se ao facto de o consumo moderado e constante de álcool ajudar a uma maior flexibilidade dos vasos sanguíneos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

MACONHA, O DOM DE ILUDIR



Que nem pesquisadores nem a população se iludam de que exista indicação terapêutica para utilizar maconha que já seja aprovada pela ciência .

* RONALDO RAMOS LARANJEIRA e ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES


Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal. Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade.

Na revisão científica feita por Robim Room e colaboradores ("Cannabis Policy", Oxford University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do rendimento acadêmico ou profissional.

Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha é "droga leve, natural, que não f az mal". Pesquisas de opinião no Brasil mostram que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um discurso popular, mas ambivalente e perigoso.

O interesse recente da ciência sobre o uso da maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide, onde parte das substâncias presentes na maconha atua.
Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das substâncias tradicionais, que não causam dependência. Estados americanos aprovaram leis descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é distribuída sem controle de dose e qual idade. Contradição enorme, pois os médicos são os "controladores do acesso" para uma substância ainda sem comprovação científica. De outro lado, orientam os pacientes sobre os riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos de uma ou outra substância encontrada na maconha, não sobre a maconha fumada.

Os pesquisadores brasileiros interessados no tema devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes, principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas, que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve aumento de apreensões e consumo da maconha. E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como o potencial da maconha de ca usar dependência. Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços e recursos para sua solução. Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha aprovada pela ciência

* RONALDO RAMOS LARANJEIRA é professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad/CNPQ). ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES, doutora pela Unifesp, é pesquisadora do Inpad/CNPQ.

FOLHA DE SÃO PAULO - OPINIÃO
 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

AFETO E ESCOLA PARA VENCER DEPENDÊNCIA


Conferencista mexicano diz que dependente químico precisa ser acolhido e cercado de hábitos saudáveis para resistir ao tóxico


Atrair em vez de repelir. Esta é a máxima adotada pelo psicólogo e terapeuta familiar mexicano Ricardo Sánchez Huesca quando o assunto é o trato com os usuários de drogas. Durante o encerramento do 1º Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, recentemente, em Porto Alegre, Huesca apresentou fatores de risco que levam ao uso de entorpecentes.

O especialista aposta na afetividade para recuperar um dependente químico e diz que a escola pode ser um ambiente de resgate.

– Pais, professores, supervisores escolares devem ser ensinados a acolher o dependente químico, pois o viciado precisa se cercar de coisas saudáveis, se divertir para resistir ao consumo de drogas. Mas, para que isso ocorra, as famílias dos colegas, devem estar bem preparadas para lidar com a situação – diz.

Em contrapartida, o terapeuta relata que é no grupo de amigos que as crianças se espelham. Por isso, os pais precisam ficar atentos aos relacionamentos dos filhos.

Segundo o psicólogo, não é difícil estudar casos graves, pois são minoria.

– É mais do que um problema de saúde. É também um problema econômico e de estrutura social. É preciso ensinar o jovem a dizer não aos amigos e a ter autoestima – afirma.

Especialistas em combate às drogas do México, Colômbia, Argentina e Brasil dividiram experiências com os mais de mil participantes de nove Estados brasileiros durante os quatro dias do evento, que foi realizado no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Zero Hora - KAMILA ALMEIDA

terça-feira, 13 de julho de 2010

ECA COMPLETA 20 ANOS COM AVANÇO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS


Duas décadas após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, estatísticas mostram progresso na qualidade de vida dos brasileiros com menos de 18 anos. Lei ainda é foco de debates na Câmara, onde tramitam 169 propostas de mudanças.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) completa 20 anos neste 13 de julho e alguns números apontam para uma melhora expressiva na vida de quase
60 milhões de brasileiros com menos de 18 anos, nas duas últimas décadas. Em seus 267 artigos, o ECA, como é mais conhecido, impôs ao Estado e à sociedade uma série de obrigações e deveres que resultaram em uma grande rede de proteção social para crianças e adolescentes.

Os números falam por si: em 20 anos a mortalidade infantil caiu mais de 60%; o analfabetismo entre as crianças de 10 a 14 anos, que era de 14%, em 1990, foi reduzido a 2,8% (dados do IBGE de 2008); e o trabalho infantil, outra chaga brasileira, teve queda de 50% em quase 20 anos. No entanto, ainda seguem altos os índices de gravidez na adolescência; e a violência contra crianças e adolescentes continua sendo um problema de difícil solução.

“Ainda é necessário avançar mais nas áreas de educação, saúde, segurança, lazer, esportes e vida digna. Mas nestes 20 anos esses meninos e meninas foram beneficiados por importantes ações que garantiram seus direitos fundamentais”, avalia o deputado Pedro Wilson (PT-GO), que propôs a realização de um seminário para debater os resultados do ECA.A lei ainda é alvo de constantes debates no Legislativo: atualmente, 34 projetos de lei que alteram o estatuto já foram aprovados em pelo menos uma comissão da Câmara. No total, tramitam 169 propostas de mudança do ECA.

Para Pedro Wilson, o mais importante é que o estatuto aumentou a conscientização e a participação dos pais, que passaram a contribuir de maneira afirmativa com o futuro dos jovens e das crianças, “seja nas campanhas de mobilização como vacinação, seja na participação de programas sociais como o Bolsa FamíliaPrograma de transferência de renda destinado a famílias em situação de pobreza, com renda mensal até de R$ 140 per capita. Os valores pagos pelo Bolsa Família variam de R$ 22 a R$ 200, de acordo com a renda e com o número de crianças e adolescentes da família. Para receber o benefício, a família precisa ainda matricular e manter os filhos na escola, além de cumprir o calendário de vacinação. 

Atualmente, mais de 11 milhões de famílias são atendidas pelo programa em todos os municípios brasileiros., ou na exigência de seus direitos, através dos conselhos tutelares e municipais de saúde, educação e assistência social, como instrumentos legais da luta pela garantia dos direitos fundamentais de seus filhos”.

Gargalos

Para a deputada Rita Camata (PSDB-ES), que foi relatora da proposta que resultou na Lei 8.069/90, não há dúvidas de que houve muitos avanços, sobretudo nos indicadores sociais. Ela relaciona melhorias para renda familiar, mortalidade e desnutrição infantil, escolarização, implementação de políticas e planos nacionais de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil, e na criação de instrumentos de combate ao trabalho infantil.

Por outro lado, lembra a deputada, é preciso melhorar a qualidade do ensino, capacitando profissionais da área. “Também ainda há gargalos como as políticas socioeducativas que são altamente deficitárias”, disse. Ela lembra o fato de mais de um milhão de crianças e adolescentes estarem inseridas no mercado de trabalho, com uma jornada em média de 26 horas semanais e muitos trabalhando em atividades não remuneradas.
Rita Camata afirma que o ECA ajudou a construir os marcos legais que ainda orientam os passos em direção ao enfrentamento do problema e à consolidação dessa conscientização em relação às crianças e adolescentes. “É preciso mudar a cultura a favor das crianças e adolescentes de nosso País. Uma cultura mais respeitosa, amorosa e terna, que, certamente, resultará em um futuro mais promissor a todos nós”, completou a relatora.

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domingo, 11 de julho de 2010

CRACK TRANSFORMA GENTE EM BICHO





Psiquiatra argentino afirma que entorpecente seca veias de área do cérebro responsável por diferenciar humanos de macacos



Ao ser fumado o crack atua em uma região do cérebro, de apenas 18 milímetros, mas que é a responsável por diferenciar os homens dos macacos. Essa é uma das teorias defendidas pelo psiquiatra Eduardo Kalina, diretor médico do Brain Center, em Buenos Aires, que está em Porto Alegre desde ontem para dividir a sua experiência com relação ao tratamento e o uso de drogas. 


Durante o 1° Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, no Rio Grande do Sul, do qual participaram conferencistas de Brasil, Argentina, México e Colômbia, ele disse que o crack dá ao usuário um sentimento de onipotência, de ter superpoderes.

– O crack atua em uma área responsável pelas noções de civilidade, provocando desinibição e liberando a fantasia. O usuário passa a agir como um zumbi, um chimpanzé. Por isso, os usuários matam por qualquer coisa e nem se dão conta do que estão fazendo, agem simplesmente. Não existe um prazo para isso acontecer. Pode ser no primeiro contato com a droga ou depois de algum tempo – explica.

Para que atinja todas as partes do corpo, os ingredientes tóxicos da droga são disparados pelo sistema nervoso simpático – que estimula ações que permitem ao organismo responder a situações de forma automática – e conduzidos pela corrente sanguínea até os órgãos, espalhando seus efeitos pelo organismo, de acordo com Kalina.

– O entorpecente faz com que esse sistema simpático estoure com o passar do tempo. As artérias se fecham e o coração tem de trabalhar mais, provocando microinfartos por todo o corpo. Em consequência, parte do cérebro, com o passar do tempo, fica atrofiada. Mesmo com tamanho estrago provocado pela dependência química no organismo, o médico acredita no tratamento e cita o exemplo de Diego Maradona, técnico da Seleção Argentina, que conseguiu se livrar do uso das drogas:

– Por duas vezes o coração dele dilatou e perdeu a capacidade de se contrair em função do uso da droga. Mas, como é esportista, foi atendido rapidamente e, como ele mesmo diz, tem Deus ao seu lado, conseguiu se salvar. A maioria morre, pois a cocaína acelera a morte cerebral.O 1° Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, que reuniu, desde quarta-feira (07), mais de 1,2 mil pessoas, em Porto Alegre-RS, foi encerrado na última sexta-feira (09).

Fonte: Zero Hora










quinta-feira, 8 de julho de 2010

FALTA DIAGNÓSTICO SOBRE CONSUMO DE DROGAS NO PAÍS

O deputado Germano Bonow reclamou da falta de informações do governo sobre o consumo e a dependência no País. O secretário de Políticas sobre Drogas, general Paulo Roberto Uchoa, no entanto, disse que o perfil do dependente no País é traçado por pesquisa do IBGE.

O relator da comissão externa criada para conhecer experiências de combate às drogas em países da Europa, deputado Germano Bonow (DEM-RS), reclamou nesta terça-feira (06) da falta de informações do governo brasileiro sobre o consumo e a dependência no País. "Para efetuar um tratamento é essencial um diagnóstico", disse o parlamentar, no último dia do seminário internacional de políticas sobre drogas, organizado pela Comissão de Seguridade Social e Família.

Presente no seminário, o secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Paulo Roberto Uchoa, concordou que faltam estudos sobre o tema, mas ressaltou que o perfil do dependente no País é traçado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada a cada quatro anos pelo IBGE.

Segundo Uchoa, outras pesquisas, como a de jovens em situação de rua e de estudantes de escolas públicas e privadas, ajudam a atualizar dados sobre o consumo de drogas no Brasil.

Mudanças na política sobre drogas

A Comissão de Seguridade Social e Família deverá votar em 17 de agosto o relatório da comissão externa com propostas de mudanças nas leis e em políticas públicas para tornar mais eficazes a prevenção à dependência e o atendimento aos usuários de drogas. O documento terá como base a visita realizada em maio pelos deputados a Portugal, Holanda e Itália.


Um dos desafios na área é o combate ao crack. O secretário Nacional de Políticas sobre Drogas afirmou, no seminário, que ninguém conhece o remédio certo para combater a droga. “Por isso não podemos dizer que o governo está usando o remédio errado”, disse Uchoa.

O general se referiu ao plano do governo federal, lançado em maio, para enfrentar o consumo de crack no País. O plano envolve um orçamento de R$ 410 milhões e prevê, entre outras ações, a ampliação do número de leitos para dependentes químicos em hospitais do SUS, de 2,5 mil para cinco mil.

Críticas

Para o deputado Alceni Guerra (DEM-PR), apesar das promessas, não há leitos suficientes para tratar usuários de crack e nem orçamento para aquisição de remédios para os dependentes. "Estamos nos despreparando com uma superdosagem do remédio errado", afirmou. Ele também reclamou da falta de profissionais preparados para lidar com a questão em hospitais e clínicas de reabilitação.

Na opinião do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), o programa do governo é “acanhado”. "O governo federal não colocou recursos novos, são todos remanejados", disse.

O coordenador do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Godinho Delgado, argumentou que a política sobre drogas não é responsabilidade apenas do governo federal. "Ela não é só de uma ou outra área do governo e deve ser sustentada nos três âmbitos de gestão do Estado brasileiro [federal, estadual e municipal]", apontou.

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

ENFRENTAMENTO AO CRACK E TABACO SÃO PRIORIDADES DA LDO 2011



A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2011, que deverá ser votada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional na próxima terça-feira (13), traduz a preocupação do governo com dois problemas de saúde e segurança pública: os fumantes e o rápido aumento no número de usuários e dependentes de crack.

A LDO 2011 prevê que os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de fumantes deverão ser ressarcidos, cabendo à União tomar as providências devidas. Isso porque, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os fumantes custam ao Sistema Único de Saúde (SUS) mais de R$ 330 milhões por ano.

Para a ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará, a advogada Ângela Sales, não haveria a necessidade de especificar o assunto na LDO. ´´Mas isso aponta que essa é uma política pública que o governo quer que seja priorizada. No entanto, o ressarcimento só pode ser obtido mediante decisão judicial contra as empresas fabricantes de cigarro´´, disse.

A LDO prevê, ainda, que os gastos do Ministério da Saúde com políticas de prevenção e enfrentamento ao uso do crack e ao atendimento de dependentes não terão limitação de empenho. No entanto, advogada explica que esse tipo de gasto deve ser especificado. Se exceder a despesa prevista, é possível compensar com outros recursos, como aqueles provenientes do excesso de arrecadação. A exigência é da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Ângela Sales, no entanto, vê que mesmo as políticas públicas com boas intenções podem esbarrar na briga política. ´´Cabe ao Congresso concordar ou não com essa emenda. Isso pode sofrer crivo político. Políticas públicas devem ser objeto da LDO, mas não basta constar, devem ser colocadas em prática. Esse é o ideal´´, afirmou.

O Ministério da Saúde não tem dados específicos sobre os gastos do SUS com os usuários de crack, mas informa que investiu, só em 2009, R$ 1,4 bilhão em políticas de saúde mental - que incluem os usuários de todos os tipos de drogas. Esses recursos são usados na construção de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e na ampliação do número de leitos em hospitais para o tratamento dessas pessoas. 
A preocupação do Governo com o crack é mais que justificável, afinal, essa substância tem causado danos irreparáveis à população, principalmente aos jovens. É, sem dúvida, um grave problema de saúde pública.

Quanto ao tabagismo, um estudo realizado em 16 capitais brasileiras responsabilizou esse problema pela morte de 177.543 pessoas com mais de 35 anos de idade. Desse total, 83.566 mortes ocorreram por doenças/condições associadas ao tabagismo. Dessas 83.566 mortes, 24.222 (13,64% de todas as mortes de adultos) foram atribuíveis ao tabagismo.

No entanto, o governo precisa resolver problemas primários no enfrentamento do uso de drogas no Brasil. Aliás, a questão não é mais enfrentar, pois a política de guerra às drogas perdeu força em todo o mundo; a saída é encontrar formas de convivência com o problema evitando os danos.

Neste caso, é urgente o cumprimento das políticas públicas sobre drogas que já existem no Brasil. As políticas públicas de prevenção ao uso do álcool, pro exemplo, devem ser priorizadas pois, embora o álcool não determine o uso de outras substâncias, criar uma cultura de valorização do entorpecimento que pode influenciar experiências mais drásticas com outras substâncias.

As políticas públicas sobre drogas no Brasil determinam a realização de projetos de prevenção nas escolas e formação continuada para professores em todos os níveis da educação. No entanto, essa política não está sendo cumprida. Enquanto não assumirmos o problema nas suas bases, ou seja, valorizando o controle das substâncias lícitas e priorizando a prevenção ao uso de drogas entre os jovens, estaremos perdendo tempo e recursos.

Adaptado do OBID

domingo, 4 de julho de 2010

POLÍCIA DESCOBRE NOVA DROGA A "OXI", MAIS LETAL QUE O CRACK


Polícia está em alerta para a entrada de nova droga no Piauí. Ela foi descoberta no Acre e já apreendida no Pará.

A polícia Rodoviária Federal (PRF) está em alerta para a possibilidade da entrada de uma nova droga no estado. Trata-se da "Oxi" ou oxidato, uma variante do crack. A droga é mais barata e ainda mais letal que o crack.

No último dia 04 de junho foram apreendidos no Pará 23 kg da droga, segundo a polícia, essa variante do crack teria sido descoberta no Acre na fronteira com a Bolívia.

A diferença dela para o crack está na elaboração do produto, em vez de adicionar bicarbonato e amoníaco ao cloridrato da cocaína os traficantes adicionam querosene e cal virgem. A droga tem uma coloração mais amarelada ou mais branca, dependendo da quantidade de querosene a cal usada na preparação. Segundo o inspetor Francisco Sobrinho, um levantamento feito pela polícia é mais letal que o crack. "As pesquisas mostram que os usuários vão a óbito em menos de um ano. Isso ocorreu com 30% dos usuários", disse Sobrinho.

O policial disse também que os traficantes fizeram a droga pesando em atingir as praças com menor poder aquisitivo. "Mas a polícia está em alerta e integrada nacionalmente para coibir a entrada do produto no estado. Estamos mapeando os possíveis pontos de entrada e vamos intensificar as fiscalizações, bem como integrados com os demais estados para a troca de informações".
Apreensões

Ainda de acordo com a PRF, nos últimos meses foram apreendidos no Piauí pela corporação 10 kg de cocaína, 8,15 kg de crack e 12 kg de maconha. Em termos de Brasil, a situação é ainda mais alarmante, os dados apontam a apreensão de 2.800 kg de cocaína, 406 kg de crack e 29.841 kg de maconha. O que mais assusta as autoridades é grande quantidade de crack e cocaína, o que confirma a preferência do Brasil pelos traficantes de drogas.

Por Se Liga!  

CONSUMO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ESTÁ BANALIZADO ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Por Crisvalter Medeiros


O Governo Federal divulgou, recdentemente, mais uma pesquisa epidemiológica sobre o uso de álcool e outras drogas entre os jovens brasileiros. Desta vez, o foco foi o segmento universitário. O I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras ouviu mais de 18.000 universitários.

O estudo revela que quase metade dos universitários brasileiros já fez uso de alguma substância ilícita, 86%  já usou álcool uma vez na vida, e que 80% dos entrevistados, que se declararam menores de 18 anos, afirmaram já ter consumido algum tipo de bebida alcoólica; apesar do uso da substância estar proibida pelo ECA. Outro ponto surpreendente é que o consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os universitários é mais frequente que na população em geral.

Detalhes estatísticos da pesquisa:
- 49% dos universitários pesquisados já experimentaram alguma droga ilícita pelo menos uma vez na vida
- Do grupo dos universitários que se declararam menores de 18 anos, 80% dos entrevistados afirmaram já ter consumido algum tipo de bebida alcoólica;
- 86% dos universitários já fizeram uso na vida de álcool e 47% de produtos de tabaco
- 22% dos universitários estão sob risco de desenvolver dependência de álcool e 8% de maconha;
- 36% dos universitários beberam em "binge" nos últimos 12 meses e 25% nos últimos 30 dias;
- Cerca de 40% dos universitários usaram duas ou mais drogas nos últimos 12 meses e 43% relataram já ter feito uso múltiplo e simultâneo de drogas na vida. Desses 43%, 47,8% alegaram como motivação do uso “simplesmente porque gostavam ou porque lhes possibilitava esquecer os problemas da vida”;
- 18% dirigiram sob efeito de álcool e 27% pegaram carona com motorista alcoolizado;
- 9% não possuem o hábito de utilizar métodos contraceptivos, 3% já forçaram ou foram forçados a engajar em intercurso sexual e 41% declararam já ter feito o teste para detecção do vírus HIV.

O estudo é uma realização da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), órgão do Governo Federal responsável por coordenar a implementação da Política Nacional sobre Drogas (PNAD), e da Política Nacional sobre o Álcool (PNA), em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GREAFMUSP.

COMENTÁRIOS

Algumas questões a destacar nessa pesquisa dizem respeito á obviedade de alguns dados apresentados no trabalho, a exemplo do alto consumo de álcool entre os jovens brasileiros. A situação pode ser observada empiricamente, basta ir a quaisquer das nossas festas populares e ver o exagero que é o uso de álcool inclusive pelos adolescentes.

Parece que o governo se utiliza da estratégia da divulgação de dados estatísticos para dar a impressão de estar promovendo alguma intervenção. O nosso problema não é mais identificar, mas promover interferência no processo através de políticas públicas de prevenção e realizar o monitoramento das ações.

Outro ponto que chama a atenção é a falta da “inclusão” dos professores e técnicos destas Instituições na pesquisa. Será que na universidade não tem professores usuários de substâncias psicoativas? Tem, sim! O problema é que a pesquisa é feita por eles mesmos, a quem não interessa a auto-revelação. Mostrar que os estudantes exageram no uso de álcool, sem apontar as causa, sem pelo menos contextualizar o problema, é estereotipar um segmento que já o é por demais. Por outro lado, as estatísticas não dizem muito sobre o problema, pois é um mito achar que os números falam por si, pelo menos neste caso.

Digo isto porque o modelo de saúde pública no Brasil costuma culpabilizar as vítimas dos processos de adoecimento. E, no caso do uso de álcool, os estudantes são vítimas de uma sociedade negligente com esse produto. Por outro lado, os estudantes exageram no uso de álcool porque essa substância está intrinsecamente inserida na nossa cultura e não existe nenhum tipo de controle sobre a indústria perniciosa do produto.

O que fazer? Precisamos, urgentemente, nos mobilizar e, justificados pelos resultados das pesquisas já realizadas, e pela realidade observável empiricamente, exigir que o governo execute as políticas públicas sobre drogas; pois nesta área, não ficamos atrás de nenhum país do mundo: temos as melhores políticas públicas de controle do álcool, tabaco e outras drogas.

O problema é que no Brasil as leis são feitas para ter efeito artístico, ou seja, para serem apreciadas, divulgadas e promover os seus criadores, apenas isto. Depois são sucumbidas nos arquivos institucionais. Por que será que não conseguimos executar as leis neste País? Resposta: Por que somos uma sociedade extremamente corporativa.

O Brasil é o paraíso da indústria do álcool. Os preços de um “latão” de cerveja em supermercado é ridículo, cerca de R$ 1,20 (um real e vinte centavos), mais barato que água mineral. Isto não acontece em nenhum país civilizado do mundo. Não temos nenhum tipo de restrição á produção ou consumo deste produto tóxico; o que já é práxis nas sociedades desenvolvidas. O controle do uso de álcool pode ser feito através da majoração dos preços, aumento de impostos, restrição aos pontos de comercialização, burocratização da licença para comercializar o produto, formação dos vendedores, e o que é mais difícil, o controle da publicidade nas mídias.

A única iniciativa em termos de controle do álcool no Brasil é a tolerância zero para a condução de automóveis após a ingestão do produto. No entanto, essa legislação, que é das melhores, não está sendo cumprida rigorosamente. Enquanto não nos conscientizarmos da necessidade urgente da implementação de políticas públicas de controle do álcool, o Brasil continuará sendo o paraíso para um tipo de atividade que europeus e americanos (do norte) consideram uma indústria epidemiológica. E quem arca com os prejuízos? Principalmente os jovens que são os mais manipuláveis pelo marketing dessa indústria, cujos produtos são de alto grau de nocividade á população.








sábado, 3 de julho de 2010

PORRES DA ELITE




(Por Gilberto Dimenstein, para Folha de São Paulo) 
É claro que as drogas merecem atenção, mas as pesquisas mostram que o grande problema é o álcool

Um bar em São Paulo, próximo à PUC, decidiu cobrar bebida por hora: a pessoa paga uma quantia fixa e bebe o que quiser durante o tempo estipulado. Esse tipo de promoção ilustra uma informação revelada, na semana passada, por uma pesquisa da USP: 1 em cada 5 universitários brasileiros corre o risco de desenvolver dependência do álcool.Esse dado surpreende a opinião pública, para quem, segundo recentes pesquisas, as drogas são objeto de crescente preocupação, mas o álcool não. Essas pesquisas refletem-se nas posições assumidas por Dilma Rousseff e José Serra, os principais candidatos à Presidência.

Dilma apresentou seu projeto contra o crack. José Serra arrumou uma briga com a Bolívia, acusando (e com certa razão, diga-se) suas autoridades policiais de conivência com o tráfico. Por tabela, o ataque bate em Lula, aliado de Evo Morales. É eleitoralmente compreensível, portanto, que o ex-governador, embora metido nas universidades nos anos 60 e 70, tenha dito que nunca sequer experimentou maconha. É claro que as drogas merecem atenção, mas as pesquisas mostram que o grande problema é a bebida.

Neste ano, depois de descobrir que 30% dos estudantes das escolas particulares da cidade de São Paulo se tinham embebedado no mês anterior à pesquisa, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiu estender o levantamento para todo o Brasil, incluindo também a rede pública. "Não tínhamos a menor ideia de que faríamos essa descoberta", conta a coordenadora da pesquisa, Ana Regina Noto, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas).
Os dados da Unesp e da USP ajudam a explicar a polêmica provocada na semana passada pela notícia de que a festa de formatura organizada por estudantes de uma tradicional escola paulistana ofereceria "open bar". Segundo o trabalho da Unifesp, são os estudantes das escolas mais caras que revelam maior propensão a exagerar na bebida.

Temos, no Brasil, cerca de 50 milhões de jovens. Se 30% deles (15 milhões de pessoas) ficam "altos" pelo menos uma vez por mês, é fácil imaginar a dimensão dos riscos de acidentes, de prática de sexo inseguro ou da própria dependência.
Em São Paulo, a cada 39 minutos, o trânsito despeja uma pessoa no pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Todos sabemos que boa parte dos acidentes está associada ao álcool. Mais graves ainda são os registros de atos de violência ligados à bebida. Por falta de informação, a sociedade aceita muito mais um adolescente tomando um porre por mês do que fumando um "baseado". Toleram-se até mesmo as mensagens que glamorizam o álcool, a exemplo do que se fazia no passado, quando fumar era charmoso e sexy.

Cientificamente está provado que a maconha provoca muito menos danos do que o álcool, a principal causa de internação nos hospitais psiquiátricos. Nem a cocaína e o crack causam tantos danos. O crack, por exemplo, quase não aparece na pesquisa da Unifesp. Pergunto: quantos bares são punidos por vender bebida a menores de 18 anos?  Não há solução simples. Além de fazer cumprir a lei que proíbe a venda de álcool a menores de 18 anos, é preciso alertar sobre os perigos do vício nas famílias, nas escolas e nos meios de comunicação.
O levantamento da Unifesp dá uma boa notícia: entre jovens, cai o consumo de tabaco. Isso é resultado de décadas de campanhas que associam o fumo não ao charme e à sensualidade, mas ao câncer e até à impotência sexual.
Cigarrro não é igual a álcool. Beber moderadamente e com responsabilidade dá prazer e não prejudica a saúde. O desafio para os governos e para a sociedade, além da indústria da bebida e dos publicitários, é encontrar um meio de gerar essa atitude responsável. Debater o tema nas eleições sem preconceitos e moralismos já seria um bom começo.

PS- A Unifesp vai ampliar a pesquisa para descobrir os fatores que previnem o abuso do álcool e das drogas. Já se sabe, porém, que é preciso ajudar os jovens a ter autoestima e projetos de vida. Respeitar-se, apostar no futuro e ter diálogo familiar são a chave para minimizar o problema. Esse estudo, especialmente as recomendações, é leitura obrigatória (www.dimenstein.com.br).

quinta-feira, 1 de julho de 2010

COORDENADORA DO NETDEQ, PROFESSORA VANIA MEDEIROS, PARTICIPA DE EVENTO INTERNACIONAL EM BRASÍLIA


A coordenadora do NETDEQ-Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, do IFPB, professora Vania Maria de Medeiros vai participar, como palestrante, do I Congresso Internacional Adolescência e Violência: Perspectivas Clinica, Educacional e Jurídica. A professora comporá a mesa-redeonda: “Redes socias de apoio ao adolescente: família, comunidade, escola”, com a psicológa professora da UnB, Liana Fortunato. O evento acontecerá de 26 a 28 de agosto, no Parlamundi-SGAS 915, Lotes 75/76, Brasília-DF.

A professor Vania Medeiros atribuiu o convite para participar do evento aos resultados de trabalhos conjuntos com a Universidade Católica de Brasília e a UnB, através de realizações da Rede Viva, na área de prevenção ao uso de drogas nas escolas que tornou o núcleo uma referência na área da prevenção. “O convite é, na verdade, um reconhecimento pelo nosso interesse e envolvimento com a causa da prevenção”, enfatizou.

O Congresso Internacional é promovido pela Universidade de Brasília, em parceria com a Universidade Católica de Brasília, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal e as instituições internacionais: Université René Descartes e Université Paris 13 – Villetaneuse Collège International de l’ Adolescence – CILA – Paris. A Coordenação Geral do evento no Brasil é da professora Deise Matos do Amparo, da Universidade de Brasília; Na França, está sob a responsabilidade de François Marty, da Universidade Paris Descartes. As inscrições podem ser feitas até o dia 15/07/2010, pelo site  do evento: www.congressoadolescencia.universa.org.br/index.html.

Segundo a coordenação geral, I Congresso Internacional Adolescência e Violência: Perspectivas Clinica, Educacional e Jurídica é fruto da confluência do trabalho de décadas de pesquisa, ensino e extensão de instituições acadêmicas, brasileiras e francesas, e de organismos internacionais que se preocupam com a organização de redes de atenção e intervenção à adolescência, particularmente no que concerne ao desenvolvimento de ações de enfrentamento dessa problemática.

O conjunto da proposta do evento retrata a integração de esforços e ações em pesquisa, estudos e atenção à temática da adolescência e violência e vem consolidar a discussão nacional e internacional em torno dessa questão, considerando os mais diversos contextos: clínico, saúde, educacional e jurídico. 

O evento pretende impactar gestores, educadores, pesquisadores e profissionais de diferentes segmentos da comunidade, mobilizando-os em direção à sensibilização e entendimento dos diferentes tipos da violência e vulnerabilidades que afetam os jovens na sociedade, nas instituições e nas famílias. Mais informações: www.congressoadolescencia.universa.org.br/