domingo, 26 de setembro de 2010

NÃO TER TRATAMENTO ADEQUADO PARA O ADOLESCENTE USUÁRIO DE DROGA É MAIS UMA FORMA DE VIOLÊNCIA CONTRA OS SEUS DIREITOS

Maria Aparecida Penso participa da I Jornada abead na Paraíba, de 03 a 05 de novembro. A pesquisadora dará um  mini-curso sobre grupo psicossocial para adolescentes – oficina de idéias; e participa da mesa redonda sobre o tema: As Universidades e a responsabilidade social nas políticas públicas sobre drogas.


Como funciona a clínica para adolescentes e usuários de drogas em conflito com a lei e quando surgiu?
Eu e duas colegas, também psicólogas, Maria Eveline Cascardo Ramos e Maristela Muniz Gusmão, temos realizado este trabalho com adolescentes usuários de drogas e em conflito com a lei desde 2002. Ele acontece no espaço do Centro de Formação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília e também em casas de semi-liberdade, onde estes adolescentes estão cumprindo a medida socioeducativa. importante ressaltar que cada encontro é programado a partir da reflexão sobre o encontro anterior. Neste sentido, temos utilizado a seguinte metodologia de planejamento dos encontros: reflexão sobre o que aconteceu no encontro anterior, eleição de um tema a ser trabalhado, definição de um objetivo a ser alcançado, planejamento de uma atividade que possibilite alcançar o objetivo proposto. Obviamente, este planejamento não pode ser rígido, pois em função das dificuldades vividas pelos adolescentes no seu cotidiano, muitas vezes é preciso trabalhar conteúdos imediatos trazidos por eles. O trabalho feito em grupo está relacionado com a nossa experiência de atendimento a adolescentes, onde o contato grupal sempre desempenha um papel fundamental no treino de novos papéis sociais e pessoais. Isto significa que o grupo possibilita aos adolescentes a oportunidade de experimentar relacionamentos amparados no respeito e confiança mútuos, bem como a troca de experiências e expectativas de vida, e o ensaio de alguns arranjos de enfrentamento de dificuldades e de busca de suportes identitários. O grupo, ao proporcionar espaço de confiança e escuta em um campo relaxado, oportuniza o afloramento da demanda funcionando, portanto, como co-participante da construção da identidade individual e social destes adolescentes.

Qual é a situação dos usuários no Centro-Oeste e Brasília? E a relação que eles têm com a lei.
 A situação desses adolescentes não difere muito do restante do país. Boa parte deles envolvem-se com atos infracionais para sustentar o vício. Em Brasília temos enfrentado a “Merla”. Essa droga é derivada da cocaína e semelhantemente ao crack. Ela desenvolve um quadro rápido de dependência, sendo de difícil tratamento.

Qual é a sua experiência com adolescentes usuários?
 Trabalho com adolescentes em conflito com a lei e que fazem uso de drogas há alguns anos. Busco desenvolver métodos de trabalho que os ajudem a lidar com estas duas situações extremamente prejudiciais ao seu desenvolvimento. De modo geral, os temas levantados por eles para serem discutidos são: consciência de si e do outro; papéis sociais, o uso de drogas como possibilidade de ser adolescente, relacionamento interpessoal; trabalho e geração de renda como possibilidade de resgate de cidadania; auto-estima; suportes identitários; preconceitos,  lações de confiança; perspectiva de futuro e projeto de vida; as ificuldades e alegrias vividas na relação com a família, a violência que eles e suas famílias vivenciam no dia a dia; e a relação com a escola, que os exclui; as dificuldades enfrentadas na atribuição de sentido e no cumprimento da medida sócio-educativa; as dificuldades com relação ao preconceito que enfrentam no cotidiano. Enfim, são adolescentes que tiveram os seus direitos violados e que não for oferecido tratamento adequado pode ser mais uma forma violação de direitos.

Já participou ou vai participar de algum evento da Abead? Qual?
 Participei do encontro Regional da Abead em Recife nos dias 09 e 10 de setembro, em parceria com o Ministério Público do Pernambuco, organizado pelo colega Gilberto Lúcio da Silva. Foi um evento muito rico, com debates sérios sobre a temática do uso de drogas no Brasil e contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas. Participarei nos dias 03 a 05 de novembro em outro evento regional da Abead em João Pessoa. 

Fonte: Boletim Abead

Alcoorexia: Distúrbio alimentar causado pela substituição de alimentos por bebida alcoólica


O presidente da ABEAD Carlos Salgado concedeu uma entrevista para a rádio do Ministério da saúde sobre alcoorexia. . O pisiquiatra estará no evento da ABEAD, em João Pessoa, de 03 a 05 de novembro, na mesa redonda: A complexidade e os dilema emergentes do profissional no campo da drogadicção. Abaixo a transcrição da entrevista

Loc/Repórter: Uma mistura de comportamentos envolvendo a restrição alimentar, compulsão pelo álcool, associada ainda a distúrbios emocionais, compõe um quadro clínico conhecido como anorexia alcoólica, ou alcoorexia. Mas os especialistas advertem: a ingestão contínua de bebidas alcoólicas traz riscos incontáveis à saúde. O psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, Carlos Salgado, explica que as pessoas com anorexia já têm o costume de ingerir pouca comida e, com a troca da alimentação pela bebida, o organismo perde nutrientes importantes.

Tec/Sonora: Psiquiatra, presidente da Abead – Carlos Salgado

"A ingestão alcoólica sistemática ela traz riscos; tipicamente riscos nutricionais, porque a troca da pequena ingestão alimentar, que já é característica do anorético, por uma pequena, ainda que seja, utilização de álcool, traz uma brutal restrição de nutrientes, especialmente vitaminas que protegem o sistema nervoso central, que protegem o corpo como um todo, que fazem parte de um equilíbrio natural de uma ingestão alimentar, quando focalizada no álcool, então nós vamos ter um corpo emagrecido, claramente desnutrido e exposto à ingestão alcoólica, ou seja, o dano de memória, o dano hepático, o dano pro fígado, o dano pro tráfego digestivo, o dano mais amplamente pra absorção de sais importantes, absorção de cálcio, por exemplo, é brutal."

Loc/Repórter: O psiquiatra Carlos Salgado ressalta que a maior parte dos distúrbios alimentares é encontrada nas mulheres. E um estudo divulgado pelo IBGE comprova que as brasileiras, desde a adolescência, já possuem uma preocupação excessiva com a questão do peso: trinta e seis por cento delas se consideram gordas, mesmo estando com peso saudável e normal para a medicina. Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, isso é fruto do padrão estético absurdo imposto pela sociedade moderna.

Tec/Sonora: ministro da Saúde - José Gomes Temporão

"É um percentual importante de meninas se auto-referindo como acima do peso e quando você avalia do ponto de vista técnico elas estão no peso. Eu acho que isso é um fenômeno mais amplo do estabelecimento de um certo padrão estético feminino na sociedade que privilegiaria uma magreza extrema, uma preocupação excessiva com a beleza o que pode explicar de uma certa forma esse fenômeno."

Loc/Repórter: Sobre esse ponto de vista do ministro da Saúde, o psiquiatra Carlos Salgado acrescenta que as mulheres, hoje, estão pagando um preço alto pelas mudanças culturais ocorridas nas últimas décadas.

Tec/Sonora: Psiquiatra, presidente da Abead – Carlos Salgado

"Estamos falando de um transtorno tipicamente feminino, que é, entre outras variáveis envolvidas aí, produto de uma mudança cultural dos trinta, vinte últimos anos, em que as mulheres passaram a beber de um jeito muito parecido com os homens e estão pagando um preço peculiar. Nesse item específico, que é o transtorno alimentar, a mistura dessa contingência, esse adoecimento na relação com os alimentos com a presença do álcool, na mulher, traz um potencial de dano brutal, até porque mulheres, além de estarem bebendo de um jeito parecido com os homens, são extremamente mais vulneráveis ao uso do álcool por contingência fisiológica, porque o corpo é diferente e mais sensível."

Loc/Repórter: O psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, Carlos Salgado, lembra, ainda, que as vítimas da alcoorexia devem ter suporte e apoio familiar. Elas devem receber os cuidados necessários, e, conforme cada caso, é possível a internação em instituições apropriadas, para garantir a integridade física e segurança delas.

Para acessar o áudio da entrevista, clique aqui

Mulheres provam que é possível sobreviver ao alcoolismo. E contam como conseguiram parar, depois de terem a vida praticamente destruída pela bebida

Um copo sem fundo?

Vagabunda. Entre todas as ofensas que Graça* ouviu durante os 26 anos em que bebeu, este é, provavelmente, o único publicável. De outros tantos a chamaram, mas eles são até leves diante das consequências que o alcoolismo trouxe para sua vida. "Eu pedia a Deus para morrer. Bebia na esperança de não acordar mais e minha vida era feita de desculpas." A bebida destruiu sua rotina: afastou a família, tirou o emprego e a fez não se reconhecer mais - uma derrocada assustadora, sobretudo quando levamos em consideração outra realidade: Graça não é a única.

Apesar de o Ministério da Saúde não ter dados sobre o número de mulheres alcoolatras, a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54 mil adultos e foi divulgada em julho, constatou que 10,4% das mulheres bebiam demais. É considerado excesso o consumo de quatro ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso das mulheres. No Distrito Federal, elas ficaram na segunda colocação no ranking nacional das que mais bebem. Entre as brasilienses que responderam a pesquisa, 16,5% afirmaram ter ingerido, nos últimos 30 dias, uma quantidade superior àquela considerada excessiva.

Mesmo que o consumo exagerado de bebida não caracterize o alcoolismo, o número de mulheres com a doença se aproxima, cada vez mais, do de homens alcoolistas. Presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (Abead), o psiquiatra Carlos Salgado garante que, quando começou seus estudos na área, há 25 anos, a proporção era sete homens alcoolistas para cada mulher.

"Atualmente, essa proporção é de três homens para uma mulher. E não tenho dúvidas que, em 20 anos, ela será de um para um. Esse aumento é assustador", alerta o psiquiatra. A Revista conversou com cinco mulheres que tiveram suas vidas transformadas pelo vício. Mulheres comuns, de várias idades e classes sociais, que, até reconhecerem a doença, passaram por uma série de dores que só o álcool parecia apaziguar. Contudo, após tratadas, elas mostram que vencer é possível. Mas só quando o copo fica vazio.

Com elas, o álcool é mais cruel.
Em seus aspectos patológicos, o alcoolismo é uma doença que acomete homens e mulheres sem distinção. Porém, apesar dos efeitos iguais, nelas os danos são maiores. Syllene Nunes, consultora Médica de Medicina Preventiva da Central Nacional Unimed, afirma que as mulheres são mais suscetíveis aos danos causados pela ingestão do álcool em comparação aos homens, desde o comprometimento de órgãos por cirrose, câncer ou correlatos como também aos danos resultantes da violência interpessoal e acidentes automobilísticos. "De acordo com o National Institutes of Health, para uma mesma quantidade de álcool ingerida, as mulheres apresentam efeitos maiores que os homens", cita Syllene. Segundo ela, as mulheres que têm problemas com excesso de álcool também podem desenvolver câncer de mama e danos neurológicos.

Os dramas psicológicos decorrentes do vício também afetam muito mais as mulheres. De acordo com Sônia Mochiutti, gerente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Guará, unidade de saúde que atende aqueles com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, a aceitação do alcoolismo por elas é bem mais difícil, justamente pelo preconceito. "Porque ela é a mãe, é quem orienta, dá o exemplo e não pode errar. Por isso, muitas vezes, a bebida chega de forma silenciosa, como uma válvula de escape à repressão em que elas vivem."

Essa repressão pode vir de várias formas. A que quase levou Vitória* ao fundo do poço foi um marido que a agredia psicologicamente. Hoje, aos 59 anos, ela entende que o despreparo emocional a fez não se separar do marido e a beber todos os dias durante um ano e meio. "Não sabia mais como resolver minha vida."
Fonte:  Boletim eletrõnico ABEAD

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

EQUIPE DO NETDEQ DO IFPB SENSIBILIZA EDUCADORES DE CONDE PARA A PREVENÇÃO NA ESCOLA


Sensibilização dos educadores e gestores

A equipe do NETDEQ - Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, da Pró-Reitoria do IFPB realizou, ontem (22), a primeira reunião de trabalho com educadores e gestores do município de Conde, no litoral Sul da Paraíba. A reunião teve o objetivo de sensibilizar gestores, técnicos e coordenadores pedagógicos das 22 escolas do município para a importância das ações preventivas que serão deflagradas na comunidade.

A Secretária de Educação do município, professora Maria Elizete de Melo, enalteceu a parceria realizada com o IFPB, lembrando que já existem outras iniciativas na área educacional com o instituto. "Com essa continuidade esperamos melhorar ainda mais os nossos processos educacionais na comunidade, contribuindo para ascender ainda mais aos índices qualitativos de desenvolvimento humana na região', enfatizou.

Participaram da reunião os técnicos da Secretaria de Educação do Município, a coordenadora pedagógica Cleide Soares; a diretora da Escola Dep. José Mariz, Ana Amélia; as pedagogas Maria de Fátima Barbosa e Betânia Vieira Franco; a coordenadora do CREAS-Centro de Referência Especializado em Assistência Social, psicóloga Alexsandra Ribeiro Monteiro,  além dos gestores e coordenadores pedagógicas das 22 escola do município.

A professora Vânia Medeiros, coordenadora do NETDEQ, disse aos educadores que o projeto que será desenvolvido na área da extensão também repercutirá positivamente na melhoria da formação dos alunos do IFPB através da extensão acadêmica. “Vamos discutir com as escolas o melhor caminho para melhorar a educação dos jovens da comunidade através da prevenção ao uso de drogas”.


A coordenadora pedagógica do CEPES-JP-4 - Centro Paraibano de Educação Solidária, no Valentina de Figueiredo, Maria Betânia Soares Vieira Franco, colaboradora do NETDEQ, apresentou uma experiência preventiva que vem sendo realizada em parceria com o NETDEQ no Centro Profissionalizante Dep. Antônio Cabral. A pedagoga sorteou vários exemplares do livro “Vivendo e Aprendendo – a história de uma adolescente e seus namorados usuários de drogas, escrito pela aluna do ensino médio, com 15 anos, à época (2007), e a Cartilha Rede Viva; os dois editados pelo jornalista Crisvalter Medeiros.

A equipe do NETEQ vai desenvolver dois projetos nas escolas municipais de Conde: um na área de iniciação cientifica visando realizar o levantamento georeferenciado dos pontos de venda de bebidas alcoólicas próximos à Escola Muncipais de Ensino Fundamental e Eja - Dep. José Mariz; o outro projeto utiliza as novas tecnologia da informação na comunicação com objetivos preventivos.

A equipe do NETDEQ conheceu as instalações do Creas do município de Conde. Na oportunidade, a psicóloga Alexsandra Ribeiro, coordenadora do órgão, revelou que o problema do uso de drogas entre crianças e adolescentes na comunidade é angustiante. “Esperamos com essa parceria sensibilizar  as pessoas para juntos buscarmos encaminhamentos adequados para o problema”, assinalou.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA A I JORNADA DA ABEAD NA PARAÍBA

Encontram-se abertas as inscrições para a I Jornada da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas na Paraíba. O evento, que será realizada no período de 03 a 05 de novembro, no Hotel Caiçara, av. Olinda, 235, na Praia de Tambaú, tem com tema: a Atuação do Profissional no Campo da Drogadição: valores éticos e direitos humanos.

A I Jornada da ABEAD na Paraíba é o resultado de uma parceria da associação científica com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Instituto Federal da Paraíba(IFPB). As inscrições para participação e apresentação de trabalhos podem ser realizadas até o dia 21 do próximo mês (10), no endereço eletrônico:

Com o objetivo de auto-financiar parte das despesas do evento, será estipulada uma taxa irrisória para as inscrições: estudantes: R$ 30,00 (trinta reais) e profissionais: R$ 50,00 (cinqüenta reais). Os valores devem ser depositados no Bando do Brasil (Ag. 2806-1-c/c 21706-9,com envio do comprovante via fax (83) 3222-3933-FUNETEC-PB ou e-mail:

O evento reunirá profissionais e pesquisadores de renome nas áreas de saúde pública, educação, assistência social, justiça e ciências sociais, a exemplo do psiquiatra Dr. Carlos Salgado, presidente da ABEAD; doutora Inês Gandolfo, da UNB; professora Aparecida Penso, psicodramatista e terapeuta familiar da UCB; doutora Ana Cecília Marques, Uniad; Marta Klumb Oliveira, coordenadora do Programa Saúde na Escola (MEC); Ana Sudária, da Secretaria de Atenção à Saúde do Adolescente, (MS); Drª Nívea Maria Polezer, da Secretaria Nacional de Assistência Social (MDS), dentre outros.

A ABEAD é uma associação que congrega profissionais e pesquisadores do campo da dependência química no Brasil, com afiliados e representações no exterior. O quadro de associados da entidade é composto por psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, advogados, líderes comunitários, consultores e professores. Atuando no campo da pesquisa científica sobre álcool, tabaco e outras drogas desde 1989, a ABEAD é uma entidade civil, sem fins lucrativos, com sua sede estável em Porto Alegre.

O avanço do uso de drogas em todos os estratos sociais, prejudicando principalmente jovens e adolescentes, justifica os esforços para inserir os profissionais paraibanos no campo dos estudos científicos sobre a drogadição. O evento estará aberto a todos os que se interessam pelo aprofundamento dos conhecimentos na referida área podendo, inclusive, aderirem ao quadro de associados da ABEAD durante a jornada. Mais informações pelos telefones: (83) 3216-7312 ou 2107-4300.
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sábado, 18 de setembro de 2010

DEFENDER O DIREITO HUMANO É PRIORIZAR A MELHOR SAÚDE POSSÍVEL: INTEGRAÇÃO E ÉTICA


Gilberto Lúcio*

Esta semana recebemos a notícia de que o Brasil foi excluído de uma lista de países considerados grandes produtores ou plataformas de tráfico de drogas, embora ainda tenha recebido a recomendação de priorizar a luta contra o narcotráfico. Vizinhos muito próximos, como a Bolívia e a Venezuela permanecem descumprindo de maneira demonstrável os compromissos internacionais de controlar a produção e a oferta de drogas ilícitas. No último dia 14, por exemplo, uma tonelada de cocaína produzida na Bolívia foi apreendida no Rio Grande do Sul.

O que isto tem a ver com prevenção? Tudo. Sem o necessário controle, a população brasileira continua exposta ao avesso do paradoxo preventivo, onde a maior exposição social ao contato com qualquer substância entorpecente possibilita o risco da experimentação por crianças e adolescentes, acarrentando o aumento dos casos de uso abusivo ou dependente.

É facilmente constatável, que o uso indevido de substâncias psicoativas tomou proporção de grave problema de saúde pública no país. Estimativas que passam longe das reais estatísticas que compõem a epidemia de crack no Brasil apontam para a existência de mais de 1,2 milhão de dependentes no País. Esta constatação impacta não apenas na saúde, mas reflete em outros setores da sociedade pela relação comprovada de tal uso com os agravos sociais dele decorrentes.

A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas – ABEAD tem procurado ampliar o debate regional sobre políticas de prevenção e tratamento do uso, abuso e dependência de drogas. Em Recife, nos dias 09 e 10 de setembro, tratamos das bases científicas para a adoção de políticas públicas, dos modelos de atenção que revelam efetividade, da estruturação da rede de atenção municipal. Em João Pessoa, nos dia 03 a 05 de novembro, o tema central escolhido para a I Jornada da ABEAD na Paraíba, "A Atuação do Profissional no Campo da Drogadição: Valores Éticos e Direitos Humanos" acrescenta um importante elemento ao colocar o foco na integração e na intersetorialidade, que pode em muito contribuir para a adoção de políticas públicas que adotem um modelo de efetividade PRECONIZADO, inclusive, pela Organização Mundial de Saúde. Substituindo discursos aparentemente bem intencionados, mas que podem encobrir despreparo ou indiferença quanto aos resultados de certos procedimentos, esta contribuição pode reforçar o princípio de que todo paciente tem direito ao melhor tratamento condizente com suas necessidades, afirmando que valores éticos e humanizadores são aqueles que têm por objetivo o alcance do mais alto grau de saúde para a população, e não apenas o nivelamento por baixo dos discursos e das práticas. Ainda mais que, se mal utilizadas, as já precárias verbas públicas podem acarretar maior prejuízo para a população ao invés de apresentar soluções.

A Jornada paraibana tem a característica de contemplar desde o aporte cada vez mais consolidado das intervenções preventivas e terapêuticas comunitárias, das universidades e da pesquisa científica, até a indispensável interlocução entre diferentes atores e setores da sociedade. E é esta idéia de integração que marca os primeiros passos para o grande evento da ABEAD em nossa região no próximo ano, o XXI Congresso Brasileiro, marcado para o período de 08 a 11 de setembro de 2010, em Recife, Pernambuco.

*Psicólogo do Ministério Público do Estado do Pernambuco
2º Vice Presidente da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e Drogas

terça-feira, 14 de setembro de 2010

NETDEQ PARTICIPA DE SEMANA EDUCACIONAL DO INSTITUTO DOM ADAUTO

Educadores do NETDEQ em ação

A equipe do NETDEQ – Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, da Pró-Reitoria de Extensão, do IFPB, participou, nesta terça-feira (14), da Semana Educacional do Instituto Dom Adauto de Ensino Fundamental, localizado no Bairro de Jaguaribe, em João Pessoa.

A professora Vânia Medeiros e o jornalista Crisvalter Medeiros fizeram uma sensibilização sobre os problemas do álcool, tabaco e outras drogas para 200 estudantes do 8º e 9º anos. No próximo dia 17, serão atendidos mais 160 alunos.

Utilizando uma metodologia adequada para os adolescentes, os extensionistas conseguiram uma tarefa bastante difícil no campo da prevenção: despertar o interesse dos estudantes pela temática de forma envolvente. O jornalista Crisvalter Medeiros realizou a sensibilização sobre os riscos do uso de substâncias psicotrópicas e a professora Vânia Medeiros aplicou um questionário de identificação de vulnerabilidades para o uso de drogas.

A psicóloga do Instituto Leda Flora Fernandes afirmou que a temática é de muita importância para prevenir o envolvimento dos alunos com situações de risco. Ela disse que o Instituto tem evitado uso de substâncias ilícitas pelos estudantes, mas já foi flagrado um aluno com uma garrafa de refrigerante contendo álcool em uma das festividades da instituição. “Por isso a necessidade de alertá-los para os perigos do uso dessas substâncias” justificou.

A Semana Educacional da instituição contempla outras inicitavas na área da prevenção, a exemplo do bullying, educação sexual, doenças sexualmente transmissíveis, saúde física, hábitos alimentares saudáveis etc. O objetivo do evento foi informar corretamente os estudantes sobre os riscos aos quais eles estão expostos em decorrência da idade. “Sabemos que os alunos têm acesso a muitas informações através de meios alternativos, a exemplo da internet, rede de TV, dentre outros, sendo preciso orientá-los para a compreensão correta dessas informações”, explicou Leda.

A professora Vânia Medeiros, coordenadora do NETDEQ disse que essa foi mais um oportunidade de realizar um trabalho de extensão aumento o âmbito de ação do órgão, que tem prestados relevantes serviços à comunidade e às escolas no Estado da Paraíba. “Precisamos consolidar, ainda mais, as nossas competências através do apoio institucional, para continuar atendendo a uma demanda que só aumento constantemente”, enfatizou.

EDUCAÇÃO E FUTURO DAS CRIANÇAS

Deusimar Wanderley Guedes*

Ao contrário dos animais, os seres humanos dependem da educação para sobreviver.
É importante destacar que devemos entender educação não apenas como sobrevivência, mas com qualidade de vida, com plenitude, com felicidade. Assim afirma Howard Gardner, o descobridor das inteligências múltiplas: “a educação precisa ser vista como um empreendimento muito mais amplo, envolvendo motivação, emoções, práticas e valores sociais e morais”. 
Nesta mesma direção conclamou o poeta inglês Willian Wordsworth: “A criança é o pai do homem’ (The child is father of the man). Isso significa que o destino pessoal de cada ser humano está na dependência da educação. Ela determina o grau no qual os potenciais inatos de cada um serão explorados e utilizados para o seu próprio proveito e para o benefício da sociedade.
Devemos lembrar que educação não é sinônimo de nível de escolaridade. A maior parte  da educação humana ocorre de maneira não formal, por intermédio da convivência, da orientação, da imitação, da diferenciação etc, ou seja, é muito mais antiga e ampla do que as instituições formais chamadas escolas.
Na nossa ótica, o mundo contemporâneo alicerçado no materialismo e no mecanicismo desenfreados, tem provocado uma desumanização dos seres humanos; é como se tudo pudesse ser solucionado apenas com a técnica. Tudo se tornou descartável: casamentos, amizades, e até mesmo a vida humana. Precisamos urgentemente rever nosso conceito de educação, de formação humana, de família; enfim, precisamos reaprender a sermos humanos.
Atestam as teorias contemporâneas sobre motivação humana, que as consciências dos homens não podem ser mobilizadas se seu coração não for tocado. Desta forma, creio, que o modelo da educação atual, peca exatamente pela falta da inclusão dos valores espirituais da verdade, do bom, do bem, da justiça, do amor etc, pois estes são elementos indeléveis da natureza humana, e certamente sua negação ou carência, podem estar na raiz de grande parte dos problemas globais contemporâneos, dentre estes a violência e o uso abusivo de drogas.
As escolas formais da atualidade, geralmente formam excelentes técnicos, mas na maioria das vezes péssimos cidadãos. A valorização do ter em detrimento do ser, alimentada por um egoísmo sem limites, onde cada pessoa vale o que tem, deixou a maioria da população extremamente vulnerável a duas grandes doenças da atualidade, além da desumanização, quais sejam: o estresse e a drogadição.
Desta forma, o modelo social do mundo contemporâneo, cujo combustível principal é o capitalismo selvagem, e consequentemente a desigualdade entre os povos, fez com que estejamos sempre administrando crises individuais, enquanto marchamos direto para catástrofes coletivas.
Precisamos urgentemente de mudanças interiores, de uma revolução humana e humanística que mobilize novos valores e aspirações, apoiados em novos níveis de comprometimento pessoal e de vontade política. Como bem disse o sábio Charles Chaplin: “Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade”.

Psicólogo e advogado
deusimar.dwg@dpf.gov.br

domingo, 12 de setembro de 2010

PESQUISADORES DEFENDEM INOVAÇÕES NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DAS DROGAS


O superintendente da FUNETEC, Waldeci Ramos, representou o Reitor do IFPB

“O compromisso dos profissionais e dos educadores deve ser o de ajudar aos jovens do nosso país, neste momento difícil”. Foi com esse desafio que a professora Maria Aparecida Penso, da Universidade Católica de Brasília, deu início ao debate sobre a “Formação dos Profissionais para Atuação na Rede de Atenção aos Usuários de Drogas”, promovido pelo NETDEQ – Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, da Pró-Reitoria de Extensão, do IFPB, às 20h, da última sexta-feira (10), no auditório do Campus de João Pessoa. 

O debate foi motivado pela certificação dos 50 concluintes do Curso de Promoção da Saúde e Prevenção ao Uso de Substâncias Psicotrópicas, realizado em parceria entre a Unidade de Pesquisa em Álcool e outras Drogas (UNIAD), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e a Fundação de Educação Tecnológica e Cultural da Paraíba (FUNETEC). O superintendente da fundação, professor Valdeci Ramos, representou o Reitor do IFPB, professor João Batista de Oliveira, no evento.














Professora Aparecida Penso, da UCB.

Dando prosseguimento ao debate, a professora Aparecida Penso disse que parte dos problemas enfrentados pelos jovens de hoje está relacionado à falta de um modelo exemplar, no qual eles possam se espelhar. Segundo ela, os nossos políticos são corruptos, os pais estão frustrados, os ídolos populares descaracterizados, restando, quase sempre, apenas os professores como referência.

Na visão da educadora Aparecida Penso, a nossa sociedade só vai melhorar quando nós acreditarmos mais nos nossos jovens e ensinarmos eles a pensar criticamente e não apenas imitar o que escutam. “A formação crítica deve ter início já na fase pré-escolar”, defendeu ela.

Retomando a questão central do debate, o problema da formação dos profissionais para atuar em rede na atenção aos usuários de drogas, ela afirmou que ninguém sabe, efetivamente, o que fazer para resolver o problema do crack. “Não existe uma receita pronta, o que precisamos, urgentemente, é começar a repensar todas as nossas práticas sociais e políticas públicas nessa área”, sugeriu.

É preciso promover a saúde na escola, trabalhar junto aos adolescentes em conflito com a lei, atuar nos espaços públicos comunitários, melhorar as abordagens da mídia sobre essa questão; enfim, não podemos mais  assumir práticas que não funcionam, alardeou a professora.

Aparecida afirmou que há muito sofrimento em todo o país em decorrência do uso de drogas, principalmente entre os adolescente. Segundo ela, falta consistência no enfrentamento do problema, sendo preciso estudar muito para poder encontrar saídas eficazes para o problema. “A droga envolve questões poderosíssimas, a exemplo do narcotráfico; alerto a vocês que estão concluindo este curso, que vocês vão lidar com questões muito sérias”, ponderou.

Professor Luca Santoro, UNIAD/UNIFESP

“A linguagem bélica não ajuda em nada, vamos fazer promoção de saúde na escola, na comunidade, na família e nas prisões. Precisamos resgatar essas pessoas”. Com essas palavras o professor Luca Santoro Gomes, coordenador do Curso de Promoção da Saúde e Prevenção ao Uso de Substâncias Psicotrópicas, exortou os concluintes a se inserir no campo de trabalho da atenção ao uso de drogas.

Luca prosseguiu esclarecendo que “quem trabalha nessa área nunca deve ter medo de reconhecer suas limitações, é sempre necessário saber mais e acreditar nas lições aprendidas; portanto, o profissional que atua na área da prevenção precisa estar sempre se atualizando”.

A complexidade das drogas no mundo, no Brasil e na Paraíba será o nosso grande desafio, disse ele, alertando que é preciso ter força, coragem e persistência para não desistir diante das grandes dificuldades que surgem a todo instante para quem enfrenta essa área profissional.

A capacitação não é o fim, mas o começo de uma longa caminhada, disse o professor, acrescentando que “vocês devem atuar em todos os domínios nos quais as drogas afetam a vida das pessoas, impedindo-as de realizar os seus sonhos”.

O professor Santoro lembrou que todo dia tem droga nova na sociedade; portanto, todo dia é dia de se enfrentar grandes desafios. “Temos o mundo todo para trabalhar, seja ele grande ou pequeno haverá sempre a necessidade de uma ação”.

Psicóloga Rizonete Gomes -  Programa Estadual de Políticas sobre Drogas

A psicóloga Rizonete Gomes, que representou o Programa de Políticas Públicas sobre Drogas, do Estado da Paraíba, disse que a iniciativa do governo vai criar o elo entre as instituições que podem atuar nessa área, “juntar as mãos numa corrente solidária é o nosso objetivo”, enfatizou.

Ela informou que o governo está disponibilizando 40 leitos no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em decorrência da epidemia do crack, que assola o país. Segundo a psicóloga, o programa estará promovendo uma capacitação no próximo dia 29, voltada para a organização de serviços. O curso será ministrado por um professor da UNIFESP. “Temos de superar os tabus nessa área, promovendo articulações”, conclamou.

Professora Vânia Medeiros - NETDEQ IFPB

Nessa área tudo é experimentação, nossos entendimentos são dinâmicos e podem estar sempre mudando, disse a professor Vânia Medeiros, coordenadora do Netdeq, órgão promotor do debate. Recorrendo ao educador Paulo Freire, ela lembrou que “quando um profissional é formado em uma instituição pública, ele deve se empenhar com as causas sociais”.

A professora Vânia, responsável pela coordenação local da especialização,em Promoção da Saúde e Prevenção ao Uso de Substâncias Psicoativas, reconheceu que no início do curso, há cerca de dois anos, defendia a formação especializada para que o profissional pudesse atuar de maneira eficaz no campo das  drogas. “Hoje eu entendo que quanto mais ampla, melhor a formação”, admitiu ela.

Explicando o seu raciocínio, a professora afirmou que os educadores, os assistentes sociais, os psicólogos, os enfermeiros, médicos etc, sabem muito bem como agir diante das situações que envolvam suas habilidades. “É importante ter formação especializada, mas sem nunca perder o foco do seu campo de atuação básica”.

O conhecimento específico sobre drogas só será eficaz se for integrado a outras áreas da formação humana, disse a professora, acrescentando: O profissional torna-se mais capaz quando ele sabe agir inter e transdisciplinarmente. “Portanto, a partir de agora, vamos atuar na intersetorialidade”, sugeriu.

sábado, 11 de setembro de 2010

JORNADA DA ABEAD/MPPE REÚNE PROFISSIONAIS NORDESTINOS DA DROGADIÇÃO EM RECIFE

 

 Conferência de abertura

A III Jornada Regional sobre Drogas da ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e Ministério Público do Estado de Pernambuco, que se encerrou na última sexta-feira (10.09), às 17h30, no Auditório do Centro Cultural Rossini Alves Couto, em Recife-PE, cumpriu o papel de atualizar os conhecimentos científicos e as práticas profissionais na atenção ao uso de drogas. O evento contou com a participação de cerca de 300 profissionais do Pernambuco e outros Estados nordestinos, durante os dois dias da programação (quinta e sexta-feira)
A III Jornada da Abead/MPPE, em Recife, teve a participação de profissionais de renome nacional e internacional em políticas públicas sobre drogas, a exemplo do médico  psiquiatra Carlos Salgado, preceptor da residência médica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas de Porto Alegre; Luca Santo, São Paulo/Inglaterra; professora Maria Aparecida Penso, da Universidade Católica de Brasília; Drª. Sabrina Presman, coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo, no Rio de Janeiro, dentro outros.

Durante os dois dias do evento, os palestrantes atualizaram as informações sobre os temas de maior repercussão na área do uso, abuso e dependência de substâncias psicotrópicas, a exemplo das bases científicas para as políticas em dependência química, prevenção e tratamento do tabagismo, modelos de atenção e organização de serviços para usuários de drogas. E mais: A influência da mídia no uso de substâncias na adolescência, terapia comunitária, intervenção psicossocial com adolescentes, prevenção e tratamento do alcoolismo etc.

ENTREVISTA:



O presidente da ABEAD, médico psiquiatra Carlos Salgado (preceptor da residência médica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas de Porto Alegre), que realizou a conferência de abertura do evento, concedeu entrevista ao jornalista Crisvalter Medeiros, abordando temas de grande repercussão na área da drogadição. Segundo ele, é válida a preocupação pública com a epidemiologia do uso de crack, mas o álcool e o tabaco continuam sendo as principais drogas de experimentação, uso, abuso e dependência na sociedade.


P. Dr. CARLOS, SOBRE A EPIDEMIA DO USO DE CRACK NO PAÍS, ATÉ QUE PONTO ISTO É UMA REALIDADE, ATÉ ONDE PODE SER PÂNICO CRIADO PELA MÍDIA?

R. Falando em termos de números, a epidemiologia brasileira tem crescido muito nas últimas três décadas; atualmente dispomos de muitos números relativos ao aumento do uso de substâncias. Mas, sem dúvida, o uso de álcool e tabaco mantém os lugares de destaque nada elogiosos para o nosso país, tanto em experimentação, quanto em uso sistemático. O uso de álcool e tabaco entre homens e mulheres na nossa sociedade, especialmente, entre os jovens é brutalmente maior do que o conjunto de todas as outras substâncias chamadas ilícitas.

O fenômeno do crack é relevante por uma questão significativa. O uso da cocaína, em forma de crack, ganhou um mercado muito grande graças a um preço inicial bastante baixo e a multiplicação dos pontos de venda, falando em linguagem, elegante, para o que não é muito elegante que é o tráfico de drogas ilícitas. Nesse sentido, é relevante a preocupação social, é relevante a preocupação da imprensa em suas diversas áreas. Mas isto não deve apagar na nossa memória que tabaco e álcool seguem sendo as grandes portas de entrada para a iniciação ao uso de substâncias. Portanto, elas devem continuar sendo o foco principal de qualquer política pública nessa área.

P. SE JÁ TEMOS ESSES PROBLEMAS COM AS SUBSTÂNCIAS CHAMADAS LÍCITAS, COMO O Sr. ANALISA A ANIMOSIDADE DE ALGUNS SETORES DA SOCIEDADE COM A LIBERAÇÃO DO USO DE MAIS UMA DROGA, NO CASO, A MACONHA?

R. Acho que a gente tem conhecimento bastante para pensar o seguinte: Substâncias que mexem com a psicologia, que por alguma razão farmacológica são atraentes para um indivíduo usá-la e repetir esse uso, quanto mais disponíveis forem maior será o número de candidatos à experimentação, bem como aumentará também o número dos candidatos ao sorteio do processo da dependência. O raciocínio é simples: uma droga muito disponível tende a ser muito utilizada e o cidadão médio tenderá a recuar diante da proibição, mas é claro que sempre terá um grupo significativo que avançará para além da proibição; estes são os chamados usuários de drogas ilícitas.

Nesse sentido, não é producente, nem razoável, fazer um grande esforço para liberar mais um droga, sabendo-se que depois será necessário fazer outro grande esforço para fazer a população usuária recuar através de medidas restritivas muito duras como as que temos assistido no mundo inteiro no caso do tabaco. Os esforços para tornar a maconha uma substância com uma imagem benigna, quem sabe até com valor terapêutico, é um esforço ingênuo porque, no futuro, teremos que fazer outro esforço ainda maior para reduzir o número de usuários.

P. Dr. CARLOS, TEMOS POLÍTICAS PÚBLICAS NO PAÍS PARA AS DROGAS LÍCITAS E PARA AS ILÍCITAS. NO ENTANTO, O EFEITO DESSAS POLÍTICAS NUNCA CHEGAM AO SEU ALVO QUE É A POPULAÇÃO. COMO O SENHOR ANALISA ESSA CONTRADIÇÃO, PARECE QUE O BRASILEIRO TEM MUITA DIFICULDADE PARA SE MOBILIZAR E DEFENDER SEUS DIREITOS NESSA ÁREA?

R. Eu acredito que todos percebemos que houve um grande recuo em termos de qualidade dos serviços de saúde e de educação no nosso país, e esse fenômeno se arrasta já por três décadas. O Estado se enriqueceu, mas o sistema público de saúde e educação têm recuado. Sem dúvida que as políticas públicas na área do uso de substâncias ou na sua conseqüência que é a dependência química são muito tênues, muito frágeis. As idéias são ótimas, mas falta literalmente vontade política para financiar a execução dessas idéias que todos temos.

P. O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO PAÍS ESTÁ ASSOCIADO AO PROBLEMA DAS DROGAS?

R. É muito infeliz a associação que todos nós assistimos entre o uso de álcool e de outras drogas e a violência; especialmente, os acidentes de trânsito, violência interpessoal e no sentido social mais amplo. Isto leva a comunidade a dar todo o respaldo, e também nós da ABEAD, quando o poder público toma medidas de contenção quanto ao acesso do uso do álcool no grande ambiente comunitário. Então, faz sentido associar a violência e o uso de substâncias.

P. CONSIDERANDO A COMPLEXIDADE DO USO DE DROGAS NA SOCIEDADE, QUAL A ATENÇÃO QUE A CIÊNCIA TEM DADO AO ENFRENTAMENTO AO PROBLEMA? POR EXEMPLO, AS UNIVERSIDADES TÊM PESQUISADO O USO DE DROGAS ADEQUADAMENTE?

R. Em absoluto. Acredito que a Universidade brasileira, como as Universidades do mundo inteiro nas áreas da saúde, costumam negligenciar as questões relacionadas ao uso de álcool, tabaco e outras drogas. Mas, com tudo, apesar do quadro desfavorável, temos avanços significativos em grandes centros universitários do país, achados contraditórios, como às vezes ocorre nas ciências, mas também esforços significativos para corrigir essas distorções. É um fato que a média dos profissionais de saúde que se formam nas Universidades, a exemplo de médicos, enfermeiros e psicólogos, tem conhecimentos muito pobres na área da dependência química, e isto só poderá ser corrigido com mudanças curriculares profundas.

P. NA SUA VISÃO DE CIENTISTA QUAL SERÁ O FUTURO DAS DROGAS NA SOCIEDADE? E COMO VÊ O AVANÇO DA ABEAD SE INTERIORIZANDO NO PAÍS?

R. Nós que dirigimos a ABEAD somos otimistas e acreditamos no nosso esforço de divulgação de conhecimentos de boa qualidade, com boa base científica tanto para o leigo, quanto para o profissional; é isto o que norteia os esforços da entidade. Quanto ao futuro das drogas, eu acredito, e há bases científicas dando sustentação a essa perspectiva, que nós migraremos para substâncias cada vez mais laboratoriais e cada vez menos relacionadas com a natureza. As substâncias como a cocaína, produzida diretamente da planta coca, ou a maconha, que provém da plantinha cannabis sativa, numa projeção um pouco futurista, acredito que elas ocuparão menos espaços na sociedade, abrindo as possibilidades para o avanço das substâncias químicas produzidas plenamente em pequenos laboratórios facilmente instalados dentro do meio urbano. Essas mudanças resultarão na diminuição da complexidade do tráfico no estilo atual, ampliando a oferta dessas substâncias a um mercado sempre muito ávido por elas. Mas sem esquecer que, muito provavelmente, o álcool e o tabaco permanecerão ainda por muito tempo ocupando a nossa atenção em termos de saúde.
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terça-feira, 7 de setembro de 2010

COORDENADORA DO NETDEQ DO IFPB PARTICIPA DE CONGRESSO INTERNACIONAL EM BRASÍLIA



Mesa sobre Redes Sociais de Apoio ao Adolescente: Professora Liana Fortunato (UNB), Professora Aparecida Penso (UCB), professor Geraldo Caliman (UCB), Professora Vania Medeiros (IFPB)


A coordenadora do Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química (NETDEQ), da Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, participou recentemente, como palestrante, de um dos mais importantes eventos acadêmicos do país na área de saúde do adolescentes: o I Congresso Internacional – Adolescência e Violência: perspectivas clínica, educacional e jurídica.

O evento, que aconteceu no Parlamundi, em Brasília-DF, foi promovido pela Universidade de Brasília (UNB), Universidade Católica de Brasília (UCB), Secretaria de Estado de Saúde do DF, Université René Descartes e Villetaneuse International de l’ Adolescente – CILA, as duas últimas instituições são de Paris.

A professora Vânia Medeiros participou do evento a convite da comissão organizadora em decorrência da repercussão nacional dos trabalhos realizados pela Rede Viva, programa de prevenção ao uso de drogas nas escolas, que ela coordenada desde 2005, na extensão do IFPB.

Em entrevista, a professora Vânia Medeiros faz uma análise da importância do evento para a implementação das atividades na área da prevenção ao uso de drogas na escola.

P. QUAL A MESA QUE VOCÊ PARTICIPOU E QUAL O TEMA ABORDADO?

R.Redes Sociais de Apoio ao Adolescente: Família, Comunidade, Escola. A nossa contribuição foi no sentido de provocar  reflexões acerca do papel do educador no fortalecimento dessas redes sociais. Discutimos sobre referenciais legais, teóricos e práticos na atividade docente diante da realidade epidemiológica do uso de drogas entre estudantes.

P. QUAL A IMPORTÂNCIA DE TER PARTICIPADO DESTE EVENTO, COMO ISTO VAI REPERCUTIR NA SUA ATIVIDADE DOCENTE?

R. O convite para participar deste evento além de representar o reconhecimento de nosso trabalho por grupos de referência no país amplia a nossa compreensão sobre o problema das drogas inserindo-o no contexto das Políticas Públicas de Juventude (na Saúde, na Educação, na Assistência Social e na Garantia de seus Direitos)

P.QUAL A IMPORTÂNCIA DE VOCÊ TER PARTICIPADO COMO PALESTRANTE?
R. Foi uma grande oportunidade de dar visibilidade ao trabalho que fizemos ao longo destes cinco anos. O apoio que recebemos por parte dos grupos que se fizeram presente neste evento reforçou a nossa convicção de que estamos no caminho certo quando defendemos a prevenção e a formação de profissionais para atuarem na intersetorialidade das Políticas Públicas.

P. COMO AVALIA A REPERCUÇÃO DO EVENTO NA SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA?

R. O evento trouxe uma contribuição significativa para a compreensão do agir do adolescente, particularmente no que diz respeito ao crescimento da violência e ao uso de drogas. Foi discutido de modo incisivo que o ato violento de um jovem tem uma forte relação com o modelo social em que ele cresce e vive. E que, antes de ser o agressor ele é a vítima de uma sociedade que desconsidera sua identidade pessoal. Por outro lado, o jovem de hoje sofre de abandono afetivo pela família de dois modos extremistas: ou ele é superprotegido e excessivamente atendido em seus desejos consumistas, crescendo de forma imatura, ou ele é totalmente negligenciado em suas necessidades materiais sendo-lhe cobrado uma maturidade precoce. Falta adaptação dos modelos institucionais (escola, serviços de saúde, de atendimento das medidas sócio-educativas) para lidar com esta realidade. Aprendi neste evento que, as ações das instituições e dos profissionais devem estar referenciadas na Teoria da Complexidade, da Transdisciplinaridade e na Intersetorialidadade possibilitando, desta forma, o fortalecimento de redes sociais de apoio aos jovens. Isto só é possível se os profissionais tiverem formação continuada, reflexão de suas práticas e abertura para o rompimento de crenças e paradigmas ultrpassados.

P. QUE ATIVIDADES VOCÊ PODERÁ DESENVOLVER NA INSTITUIÇÃO, DENTRO DA SUA ÁREA, A PARTIR DAS EXPERIÊNCIA ACADÊMICAS ABSORVIDAS NO EVENTO?

R. Gostaria de provocar a formação de grupos de estudo e integrar iniciativas institucionais neste sentido. Além disso, pretendo continuar o trabalho na rede interinstitucional que até hoje vem garantindo o desenvolvimento de nossas atividades particularmente na área de formação profissional e de multiplicadores da prevenção. Vamos ampliar as ações do Netdeq com a participação de outros estudantes das diferentes modalidades e níveis de ensino no IFPB e melhorar a nossa atuação junto ao curso de Licenciatura em Química que há três anos incluiu a temática da prevenção ao uso de substâncias psicoativas em seu currículo.

P. QUE TIPO DE ARTICULAÇÃO VOCÊ CONSEGUIU REALIZAR QUE VAI A TER REPERCUSSÃO POSITIVA NA SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL?

R. A ida a Brasília possibilitou uma articulação com o MEC, MS, MDS e SENAD para apoio na realização de uma Jornada da ABEAD na Paraíba que ocorrerá no próximo mês de novembro. Esta iniciativa é resultado de uma parceria da ABEAD – regional Pernambuco/IFPB/UFPB/UCB e UNB. A nossa presença no evento e da psicóloga do PAIAD da UFPB, Lawrencita Espínola, foi muito importante para a formalização desses apoios. Teremos, portanto, um evento de grande repercussão para a nossa região. 

MAIS FOTOS DO EVENTO

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

OLHAR PARA O FUTURO COM O FOCO NAS DROGAS DE ABUSO É, HÁ UM TEMPO, ASSUSTADOR E INSTIGANTE

Neste artigo, escrito magistralmente, o presidente da ABEAD-Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e outras Drogas, o psiquiatra Carlos Salgado, nos conduz, através de um magnífico estilo discursivo, pelos meandros ardilosos do futuro das drogas no mundo. Deleite-se com a leitura.


“Podemos, enfim, optar pelo pessimismo e não faltam evidências para nos subsidiar, mas podemos também pensar na riqueza da inventividade humana, sempre à disposição para nos surpreender”.
Carlos Salgado


Emergem algumas possibilidades: disponibilidade de mais drogas, tragédias na forma de epidemias de uso de drogas desorganizadoras, fracasso da repressão, ocupação de espaços de poder por parte dos negociantes de drogas, legitimação ampla e irrestrita da produção e consumo, seleção natural dos mais hábeis diante da grande disponibilidade e uso massivo, mudanças conceituais sociais com ritualização do uso, avanços médicos e biológicos no controle do abuso (genética, imunologia e farmacologia).

O horizonte imaginário é amplo. Nos tempos correntes, mais e mais substâncias vão ficando disponíveis, ampliando o repertório dos usuários. Relatórios internacionais de agências observadoras do fenômeno da drogas, como o UNODC, mostram uma tendência geral de restrição do uso de substâncias mais naturais e ampliação da produção e uso de substâncias, digamos, laboratoriais. Elas têm se mostrado atraentes e trazem certo charme de benignidade e confiabilidade. Lobos em peles de cordeiros rapidamente mostram sua face cruel e desorganizadora, mesmo em uso recreacional.

Mas, seguindo com os olhos no futuro, parece fazer sentido acreditar numa certa industrialização franca das drogas de abuso. Assim como ocorre na indústria farmacêutica, a produção de drogas vai introduzindo opções em número sempre crescente. A busca por drogas de uso recreacional seguro seguirá em pauta. Preservar o usuário e ao mesmo tempo mantê-lo fiel é um dos desafios, objeto de ficção, como mostrado no livro O Admirável Mundo Novo, escrito por Aldous Huxley em 1931, onde o Soma trazia recreação segura para qualquer usuário.

Nosso devaneio futurístico vislumbra, então, um grande grupo de substâncias cada vez mais especializadas em vivências químicas e prazerosas. Em meio às novidades futuras, creio, teremos a preservação do álcool e provavelmente o banimento do tabaco poluente como conhecemos hoje, substituído por formas de liberação de nicotina pura.
A manipulação genética segura ainda vislumbra para muito distante sua efetividade para desligar tendências patológicas complexas, como é o comportamento relacionado ao uso de drogas. Uma visão catastrófica, por outro lado, desconsidera que a ciência possa avançar e surpreender a todos com soluções radicais, como temos para doenças infecciosas, que já dizimaram no passado e hoje são de controle trivial, como é o caso da tuberculose.

Mesmo considerando a grande distância em termos de complexidade e, portanto, a injustiça da comparação, a ciência oferecerá soluções inimagináveis conceitualmente para o abuso de drogas. É atraente, também, pensar numa mudança conceitual da organização social que possa simplesmente banir como hoje prestigia a alteração psíquica através de drogas.

Quem sabe algo como o futebol deixar de atrair milhões de brasileiros para ser de interesse de uns poucos, fenômeno oposto ao que começa a ocorrer nos Estados Unidos, onde o esporte vai ganhando adeptos praticantes e torcedores. O sistema repressivo poderá ser enriquecido com a introdução de variáveis que mudem a auto-estima de grandes comunidades hoje à mercê do comércio ilícito de drogas, pois seguramente a disponibilidade seguirá sendo um grande determinante do volume de consumo de drogas. Podemos, enfim, optar pelo pessimismo e não faltam evidências para nos subsidiar, mas podemos também pensar na riqueza da inventividade humana, sempre à disposição para nos surpreender. Podemos, enfim, optar pelo pessimismo e não faltam evidências para nos subsidiar, mas podemos também pensar na riqueza da inventividade humana, sempre à disposição para nos surpreender”.
Carlos Salgado

Do Blog da ABEAD 

sábado, 4 de setembro de 2010

NETDEQ DO IFPB FAZ PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS EM ESCOLA DO MUNICÍPIO DE CONDE

 Equipe no NETDEQ planeja ações


O NETDEQ-Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química, da Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, vai realizar uma ampla ação de cidadania no Município de Conde, localizado no litoral paraibano a 19 Km de João Pessoa. A coordenadora do NETDEQ, professora Vânia Medeiros, fez a primeira reunião de trabalho com a equipe do núcleo, na última sexta-feira, para definir o cronograma de atividades.

O NETDEQ está recebendo novos alunos que vão se juntar aos veteranos para desenvolver os projetos programados para o semestre. Passaram a integrar o Núcleo os alunos do Curso Técnico Integrado em Controle Ambiental: Jaqueline Raquel Vicente, Samara Amorim de Araújo e Dário Macedo Lima.

Através de um projeto PIBIC, os alunos do Curso de Controle Ambiental do IFPB vão realizar o Georeferenciamento dos pontos de vendas de bebidas alcoólicas localizados nas imediações da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Eja, Deputado José Mariz, na cidade de Conde. Vale salientar que esse projeto atendeu a uma demanda sugerida pela pedagoga Fátima Barbosa, que está preocupada com o aumento do uso de drogas entre os estudantes do município.

Conforme o último inquérito do CEBRID, 41,2% dos estudantes das escolas públicas na faixa etária dos 10 aos 12 anos já fizeram uso de álcool; o uso freqüente (6 vezes ou mais no mês) é de 11,7%; já o uso pesado (20 vezes ou mais) é de 6,7%. Os danos despertam preocupação, pois o uso de substâncias psicoativas na adolescência prejudica todo o desenvolvimento psicossomático da pessoa.

A equipe do NETDEQ, que integra profissionais e estudantes do IFPB e da UFPB, vai realizar uma triagem para identificação do nível de envolvimento dos estudantes com o uso de substâncias e os problemas correlatos, com o objetivo de planejar uma estratégia de ação preventiva.

No âmbito da cidadania, a equipe do NETDEQ vai integrar uma ação, que será deflagrada em rede no município de Conde, com o objetivo de sensibilizar as autoridades constituídas para implementação de uma política sobre drogas, a partir da implantação do COMAD – Conselho Municipal sobre Drogas.

Na próxima quarta-feira, às 10 horas, a equipe vai se reunir com a articuladora do movimento na cidade de Conde, a pedagoga Fátima Barbosa, para definir um cronograma para início das ações.
 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PESQUISADORES DEBATEM FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DAS DROGAS

DEBATE SOBRE DROGAS


 Debatedores: Professora Aparecida Penso (UCB); Psicólogo Deusimar Wanderley (PB); Professores Vania Medeiros(IFPB) e Luca Santoro (UNIAD)


A Formação dos Profissionais para Atuação na Rede de Atenção aos Usuários de Drogas. Este é o título do debate que será realizado no próximo dia 10, uma sexta-feira, às 20 horas, no Auditório José Marques, no Campus de João Pessoa do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, localizado à Av. Primeiro de Maio, em Jaguaribe.

Participarão da mesa debatedora a professora Maria Aparecida Penso, da Universidade Católica de Brasília, integrante da área de saúde do adolescente da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; professor Luca Santoro Gomes, da Coordenadoria sobre Drogas da Prefeitura Municipal de São Paulo; Psicólogo Deusimar Wanderley, coordenador de políticas públicas sobre drogas do Estado da Paraíba e a professora Vânia Medeiros, coordenadora do NETDEQ do IFPB, entidade promotora do evento.

Os profissionais, estudantes e demais integrantes da comunidade que se interessarem pelo debate poderão se inscrever, gratuitamente, através do endereço formacaonetdeq@gmail.com, com direito a certificado. Os dados  a serem enviados são: nome, endereço, fone para contato, instituição, função e e-mail.


CERTIFICAÇÃO

Após o debate, a pró-reitora de extensão do IFPB, professora Edelcides Gondim, presidirá a solenidade de entrega dos certificados aos 50 alunos concluintes do Curso de Especialização em Promoção da Saúde e Prevenção ao Uso de Substâncias Psicoativas: Educação, Comunidade, Políticas Públicas e Trabalho.

 

O curso foi ministrado no período de julho de 2008 a maio de 2010, sob a coordenação da doutora Neliana Buzi Figlie e do professor Luca Santoro, sob a supervisão do doutor Ronaldo Laranjeira, da UNIAD/UNIFESP.


As disciplinas ministradas no curso viabilizaram, além de uma discussão profunda sobre a problemática das drogas, a análise e a vivência crítica das diversas teorias e práticas usadas no Brasil e no mundo para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e promoção de saúde ao uso de álcool e outras drogas nos ambientes de educação, comunidade, justiça, família e trabalho.