quinta-feira, 29 de março de 2012

LUA NOVA: A LUZ NO FIM DO TÚNEL DA EXCLUSÃO SOCIAL


"Nunca deixe de pensar que alguém pode brilhar", Raquel Barros.

A metodologia de reinserção social que está sendo gestada na Associação Lua Nova, em Sorocaba, interior de São Paulo, promove a inclusão social de mulheres vítimas de abuso e exploração sexual, mães moradoras de rua e usuárias de drogas, inclusive de crack. O projeto surpreende pela inovação e eficiência. A metodologia deveria ser multiplicada em todos os Estados brasileiros como política pública de enfrentamento ao uso/abuso de drogas e outras vulnerabilidades sociais.  

A psicóloga Raquel Barros, responsável pela metodologia da Lua Nova, desenvolveu um exemplo bem-sucedido de empreendedorismo social para enfrentar os problemas de exclusão social gerados por abuso e exploração sexual, violência doméstica e uso de drogas. Essa metodologia, se inserida nos currículos das instituições de ensino profissionalizante, seria uma boa resposta da educação pública para promover a inclusão social dos jovens marginalizados do processo social, principalmente aqueles que estão sendo dizimados pela guerra do tráfico de drogas.

Numa linguagem metafórica, pode-se dizer que Raquel Barros tira leite das pedras, já que vai buscar recursos onde aparentemente não existem para resolver problemas que as ações institucionais não conseguem solucionar.

Com competência, criatividade e espontaneidade, Raquel Barros vem conseguindo ocupar um vazio que existe no nosso País entre as ações institucionais e as demandas sociais na área de drogas, violência, pobreza, exploração sexual e vários tipos exclusão social. Ela consegue transitar entre os meandros das vaidades acadêmicas, os interesses corporativos e político-partidários dos gestores públicos e o rigor financeiro dos investidores do setor empresarial.

Recentemente, na condição de Coordenador Adjunto do Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química (NETDEQ), órgão ligado à Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, tive a oportunidade de visitar a Associação Lua Nova, em Sorocaba-SP, compondo uma comitiva formada por representantes de organismos internacionais, a exemplo do CICAD- Comissão Interamericana para Controle do Abuso de Drogas; Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), da Organização Mundial de Saúde; e representantes de projetos e de órgãos públicos do Peru, Argentina, Guatemala, Costa Rita e México, além de professores universitários e lideranças comunitárias brasileiras.

Detentora de uma visão de vanguarda na área do empreendedorismo social, Raquel Barros criou o Instituto Empodera visando a disseminação da metodologia da Lua Nova através do País. O trabalho de Raquel Barros não precisa de publicidade porque ela já consolidou as suas práticas, mas precisa de mais visibilidade para ser transformado em política pública de abrangência nacional. Raquel foi a terceira colocada no prêmio Empreendedor Social, da empresa Folha, em parceria com a Fundação Schwab, em 2008.

AMBIENTE PRODUTIVO

Começamos a visita à Lua Nova pela Creche e o Ateliê. O projeto beneficia, atualmente, 25 mães que são atendidas integralmente. O ambiente é um primor de higiene e funcionalidade, tudo transpira acolhimento, paz e produtividade. As mulheres cuidam das crianças ao mesmo tempo em que participam de oficinas, fazem cursos e algumas já conseguem produzir alguns artefatos que vão ser comercializados na região, a exemplo de bolsas, marcadores de textos e brindes. Na explanação que fez para recepcionar o grupo, Raquel foi categórica: “Isto aqui não é comunidade terapêutica, é um ambiente produtivo, um lugar onde se aprende a fazer negócios”.

Raquel explicou que o início da Lua Nova foi muito difícil e conta de onde veio a inspiração para a iniciativa. Como ela não podia exercer a maternidade, decidiu cuidar das mulheres que tinham filhos e não conseguiam mantê-los. “O processo começou com uma casa onde eu abriguei cinco mães usuárias de drogas, elas não eram minhas pacientes, elas tinham os filhos que eu não conseguia ter”, lembrou Raquel.

Não queria fazer intervenção médico-psicológica, nem um atendimento psicossocial, conta Raquel Barros, acrescentando que: "Eu pensava em transformar as habilidades que aquelas mulheres tinham para o tráfico de drogas e a prostituição em condição de produzir e fazer negócios. Não queria receber ajuda filantrópica, mas fazer nossos clientes".

Como os recursos eram insuficientes, e o objetivo era a inclusão social, Raquel começou a enviar o currículo das mulheres para as empresas de alguns conhecidos, visando conseguir algum trabalho que gerasse renda para elas. Mas, segundo ela, o estigma social com usuários de drogas impedia a inserção no mercado de trabalho formal daquelas mães. “Foi quando eu tive a ideia de fazer bonecas de pano para vender; no início foi muito difícil, porque elas não tinham habilidades artísticas, mas com o passar do tempo essa barreira foi sendo superada”, contou.

Atualmente temos um ateliê de corte e costura que tem o objetivo de promover a capacitação para a produção de bolsas e brinquedos pedagógicos. Contamos, também, com a panificadora, que produz biscoitos artesanais e serviços de coffe break para eventos locais, informou.

- Nosso projeto mais arrojado, prosseguiu, é a construtora, que produz materiais e serviços utilizando matéria prima ecológica para a construção de casas para a população de baixa renda. “O sonho parecia impossível, mas com a força das pessoas que conseguem sobreviver na rua, fomos capazes de superar todas as barreiras, mesmo com pouco incentivo”, assinalou.

Segundo Raquel, os médicos não estão preparados para atender mulheres grávidas usuárias de drogas, porque tudo que eles fazem é orientá-las para não usar drogas, e só isso não resolve o problema. “Na Lua Nova, nós desenvolvemos um aprendizado produtivo; fazemos uma capacitação pedagógica para a vida através do trabalho. Não pensamos em grandes negócios, mas temos um grande conteúdo. O nosso processo de aprendizagem é um kit terapêutico de enfrentamento do abuso, da exploração sexual e do uso de drogas, da violência e da pobreza extrema”, assinala enfática.

Para Raquel Barros, promover a inclusão social não é preparar a pessoa para um determinado ambiente, escondendo a tatuagem, retirando o piercing, ou disfarçando um estilo de vida. “A inclusão na Lua Nova é um processo constante e permanente, não consideramos que a saúde seja a abstinência do uso de drogas, nem exigimos um momento preciso de ruptura, as mudanças e adaptações vão acontecendo aos poucos, nas atividades do dia-a-dia”, explicou a empreendedora social.

Na opinião de Raquel Barros, o processo de inclusão social em organizações como a Lua Nova deve contar com a contrapartida do Governo. “O principal produto da Lua Nova é a metodologia de inclusão social, e é esta metodologia que queremos vender”, esclareceu.

O projeto Lua Nova não é uma organização hierárquica fundamentada em princípios rígidos de autoridade, pelo contrário, a associação adotou um processo de aprendizagem espontâneo que pode ser considerado terapêutico. Segundo Raquel, a etapa inicial é a residência Lua Nova, que objetiva a recuperação da autoestima das residentes. A República, ou condomínio Manaiá, é um conglomerado de casas, que elas mesmas constroem, onde habitam em duplas e são acompanhas por educadores para iniciar o processo de geração de renda, explicou.

Quando já estão preparadas, as mulheres passam a integrar o processo produtivo do complexo Lua Nova, que se constitui do projeto Criando Arte, a Empreiteira Escola e a Panificadora. No entanto, o ingresso pode se dar em qualquer dessas etapas, dependendo da identificação ou algum talento apresentado pela residente.

A Associação Lua Nova também desenvolve, através de parcerias com o poder público, serviços na área de tratamento comunitário no município de Sorocaba, com atividades de centros de escuta, produção de serigrafia, teatro, web TV, além de outras produções culturais voltadas aos jovens em situação de vulnerabilidade social.

O consultório de Rua é outro dispositivo utilizado pela Lua Nova para atender às populações de rua, juntamente com o projeto Tenda, uma estrutura montada diariamente nos bairros da cidade e que funciona como centro de escuta à população.

DEPOIMENTOS:

Em uma roda de conversa algumas residentes fizeram depoimentos sobre o processo de transformação nas suas vidas, após ingressar na Lua Nova.

ANA

Ana, na faixa dos 30 anos, contou que quando foi alcançada pela Lua Nova estava em São Paulo, no bairro de Guaianases, uma área de classe média baixa e muitas invasões. Ana era moradora de rua, mãe de três filhos e usuária de crack. Abandonada pelos parentes, Ana conta feliz que encontrou outra família na Lua Nova. Ela atualmente já tem cinco filhos e adotou mais outro. A Lua Nova, segundo ela, dá condições para criá-los.

FABIANA

Fabiana, outra residente, disse, de forma reveladora, que quando chegou à Lua Nova era como um bicho: “Foi aqui que eu aprendi a conviver em sociedade”, admitiu. Eu vivia na rua, continuou Fabiana, e era usuária de drogas. A Lua Nova me resgatou, me ensinou uma profissão e a cuidar da minha saúde. Atualmente eu já tenho minha casa, constituí outra família, e estou multiplicando o processo de inclusão da Lua Nova com outras pessoas, explicou ela. Fabiana já está em uma fase de total inclusão social.

JOANA

Joana é uma mulher ainda jovem, na faixa dos 25 anos. Ela conta que sempre conviveu com o problema das drogas porque o pai era alcoólatra. Joana saiu de casa muito cedo e começou a beber, usar maconha e depois o crack. Mesmo com toda a falta de estrutura, ela casou, mas a união não deu certo, e o marido abandonou-a ficando com os filhos. Quando ficou só, Joana começou a se prostituir para poder adquirir a droga. Depois de muito sofrimento, Joana encontrou a Lua Nova e começou a resolver os seus problemas.

- Aqui a gente tem de tudo, não falta nada, explica Joana. Passei muito tempo sem querer ver meus filhos, porque tinha vergonha de que eles me vissem como eu era; mas agora já estou preparada para reencontrá-los.

Assim transcorre a vida cotidianamente na comunidade Lua Nova, onde Raquel Barros e suas meninas dão esperança a quem já não tinha razão para viver.

Por Crisvalter Medeiros 


Veja vídeo de fotos sobre a visita à Lua Nova

segunda-feira, 26 de março de 2012

MARISTELA MONTEIRO, ASSESSORA DA ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS), VINCULA O PROBLEMA DAS DROGAS, NO BRASIL, AOS PROCESSSOS DE EXCLUSÃO SOCIAL

Entrevista na Funarte, em São Paulo, durante o evento: Respostas Comunitárias.

A assessora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), para os problemas do álcool e outras drogas para a América Latina, Drª. Maristela Monteiro, participou ativamente, até os últimos momentos, do evento: Respostas Comunitárias, que aconteceu recentemente, na FUNARTE, em São Paulo-SP. A OPAS é uma entidade ligada à Organização Mundial de Saúde-OMS.

O evento, promovido pelo Instituto Empodera e a Associação Lua Nova, de São Paulo, sob a gestão da advogada Marta Volpi e a psicóloga Raquel Barros, respectivamente, teve o objetivo de dar visibilidade às ações de empreendedorismo social realizadas em todo o País, como solução para os problemas das drogas, violência, abuso sexual e pobreza, além de todas as formas de discriminação social.

No intervalo entre as diversas atividades que desempenhou no evento, a Doutora Maristela Monteiro fez a gentileza de conceder essa entrevista ao jornalista paraibano, Crisvalter Medeiros, assessor do Centro Regional de Referência, da SENAD-Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, no Estado da Paraíba.

Crisvalter Medeiros: Drª. Maristela Monteiro, o Brasil, atualmente, está saindo de uma fase de visão repressiva às drogas, para uma fase de intervenções fundamentadas na saúde pública. No entanto, o modelo de tratamento que está sendo proposto ainda prioriza os ambientes fechados, a exemplo de hospitais, clínicas, enfermarias e, principalmente, comunidades terapêuticas. Fala-se, inclusive, em adoção de medidas que implantem o tratamento compulsório. Como você analisa essa questão?

Maristela Monteiro: Não vejo aqui, neste evento, nenhuma indicação de tratamento em comunidades terapêuticas de forma compulsória; o que estamos discutindo é o modelo de tratamento comunitário. O tratamento compulsório viola a convenção de direitos humanos dos descapacitados (ou incapacitados), que é a mais nova convenção das Nações Unidas. Essa é uma convenção vinculante, ou seja, os países que a ratificaram aceitaram os princípios nela contidos. A convenção engloba todos os problemas das incapacidades, inclusive aqueles relacionados à saúde mental, sem deixar de fora os dependentes químicos.

Vale salientar que o tratamento compulsório é condenado por essa convenção, mesmo para os casos nos quais a pessoa seja considerada privada do senso de autonomia. Nestes casos, deverá haver, pelo menos, um processo judicial. Quando a pessoa for considerada totalmente incompetente deve haver uma intervenção profissional para que se saiba que tipo de tratamento deverá ser oferecido, por quanto tempo, quem vai avaliar e quais os resultados obtidos, no sentido de garantir que esse processo não viole outros direitos humanos.

Crisvalter Medeiros: Você acha que o usuário de crack, que está numa situação de fissura pela droga, tem condição de receber uma abordagem para fazer um tratamento?

Maristela Monteiro: Veja bem, o que nós conhecemos hoje para o tratamento da dependência, para qualquer tipo de droga, é que você não convence alguém a fazer um tratamento; mas existe um momento na vida desse indivíduo em que ele se motiva para a mudança. O profissional deve captar esse momento adequado e ter a habilidade de fazer com que ele entre no tratamento. Mas se ele não tiver nenhuma motivação, nenhuma razão para mudar os seus hábitos, esse tratamento nunca dará resultado. Nós já sabemos disso há tempos, e não é porque a droga é o crack, heroína, álcool ou tabaco, ou mesmo substâncias medicamentosas, que essa situação vai ser diferente. Existe o efeito agudo do crack. Obviamente, uma pessoa que está intoxicada, com qualquer dessas substâncias, pessoas que não estão na condição de fazer julgamentos, não tem capacidade de escuta naquele momento, o que não significa que imediatamente depois, quando passar o efeito da intoxicação aguda, ela não possa ouvir e expressar suas necessidades para que se possa saber quais as prioridades para ela.

Atualmente, nós admitimos que o tratamento de base metodológica comunitária, além de outros na área de redução de danos, ou de acolhida, são projetos que visam iniciar um contato com o usuário, buscando alcançar um nível de confiança que não seja persecutório, nem para denunciá-lo, nem para excluí-lo ainda mais dos processos sociais. Isto pode levar algum tempo e durante esse tempo ele poderá continuar usando a droga, sem que essa situação leve a cessar o contato. No momento em que esse contato se estabiliza, isto significa que esse indivíduo está escutando melhor e aceitando as opções. A partir daí, vai se configurando a autonomia para decidir que opções adotar para essa pessoa. Dentre o leque de opções, pode ser apresentada a necessidade de um banho, de alimentos, de abrigo, de sair de uma situação de violência, que pode ser na rua ou doméstica. Tomemos como exemplo o caso das profissionais do sexo que sempre estão muito expostas às situações de alta vulnerabilidade para a violência, bem mais do que o próprio uso de drogas.

Crisvalter Medeiros: Então, Maristela, esse evento traz uma nova visão que é o tratamento comunitário. Entretanto, no Brasil, ainda há muito preconceito com a questão da droga, associando o uso de drogas à violência e a outros aspectos da marginalidade. Como você analisa a proposta de implantação do tratamento comunitário diante dessa visão conservadora, autoritária, preconceituosa e repressiva?

Maristela Monteiro: Concordo com o que você disse. É muito importante trabalhar com a população para esclarecer esses preconceitos. A mídia usa esses elementos para vender jornal, revistas e espaço na televisão. A mídia apresenta uma visão emergencial e alarmista do problema e não baseada em fatos científicos. Nos países onde se analisou a questão da violência relacionada às drogas, constatou-se que a maior parte dessa violência não vinha do consumo de substâncias por si, mas do tráfico de drogas e pela maneira como ele é combatido. É importante diferenciar de onde vem a violência, é da pessoa que usa e comete um ato violento, ou é a pessoa que vende e que está envolvida no trafico e que usa a violência para o tráfico, que pode ou não também ser usuário? A polícia sempre responde com muita violência ao enfrentamento ao tráfico. A saída é resolver o problema da violência sem promover mais violência, adotar técnicas de resolução de conflitos que não seja a partir de mais violência. Acho que essa é uma área importante para se trabalhar e complementar as ações de saúde pública.

Crisvalter Medeiros: No Brasil, os problemas relacionados às drogas ilícitas tem mais visibilidade do que as questões relacionadas ao álcool. Mesmo sendo proibido a vende de bebidas alcoólicas em estádios, em sete Estados Brasileiros, o acordo com a FIFA para a Copa de 2014 prevê a liberação da venda de álcool, nesses locais, onde ocorrerão os jogos. Como você analisa está situação?

Maristela Monteiro: O problema do álcool no Brasil é várias vezes maior do que o das drogas ilícitas, a repercussão dos problemas de todas as drogas juntas não superam os custos que o uso de álcool causa à sociedade brasileira. O álcool exige políticas que devem ser muito semelhante às políticas de controle do tabaco. O Brasil adotou uma posição inovadora e de ponta quando assinou o convênio do controle do tabaco, quando se encontrava na posição de maior exportador de folhas de tabaco do mundo; mesmo assim, se comprometeu e conseguiu encontrar consenso para aderir ao controle do tabaco em nível mundial. Para o álcool, as forças são muito semelhantes, há uma indústria do álcool que cada vez se fortalece mais, que pode, inclusive, corromper governos, que tem muito dinheiro, colocando os governos em situação ambivalente entre o controle e o acesso a esse produto. Não devemos proibir, mas controlar através da regulação de preços, da propaganda, dos locais de vendas.

Existem medidas que são muito efetivas, mas que não estão sendo utilizadas no Brasil. As leis estão sendo feitas com muitas falhas, a exemplo da tolerância zero, que foi muito boa para o País, mas que, sem as outras medidas de complementação legislativas, tornou-se ineficaz. Se as pessoas que dirigem embriagadas decidem não fazer o teste do bafômetro, não se pode condená-las, não existe um processo judicial rápido. Também existe muita impunidade para os crimes cometidos no trânsito por motoristas embriagados, a presença da polícia de forma ostensiva ainda é muito baixa. Desta forma, a população logo se dá conta de que pode beber e dirigir sem grandes conseqüências. É bom lembrar que apenas as campanhas educativas para conter o uso de álcool não funcionam. Portanto, o Brasil teve ganhos imediatos com a lei da tolerância zero para o uso de álcool no trânsito, mas já sabemos que houve prejuízos em muitas outras partes.

Crisvalter Medeiros: Doutora Maristela, apesar de todos esses problemas sem resolução que você elencou sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas, no Brasil, ainda temos de conviver com uma certa pressão para a legalização do uso da maconha, mesmo que seja para fins medicinais. Como você analisa essa questão?

Maristela Monteiro: Eu acho que seria muito difícil para o Brasil, não pelos efeitos que são pensados para a saúde, mas pela falta de uma estrutura regulatória suficiente para isto. Por exemplo, permitir o uso do cigarro de maconha pensando nos efeitos fitoterápicos teria uma relação imediata com os efeitos da indústria do tabaco.  Neste caso, o próximo passo seria uma forte publicidade para o uso do cigarro de maconha, podendo ter outros efeitos na população que não os esperados para a saúde; também seria muito difícil fazer uma legislação específica para este caso, como foi difícil para conter o uso do tabaco.

O uso da maconha nos Estados Unidos foi possível porque se desenvolveu uma indústria em torno da prescrição para o uso terapêutico, mesmo assim, sabe-se que muitos dos usuários não teriam uma necessidade terapêutica; então torna-se uma maneira de efetivamente legalizar o uso da maconha. No Brasil não existe os profissionais capacitados para a prescrição do uso terapêutico da maconha, e fazer a legislação para esse tipo de uso seria um grande desafio para o qual eu acho que o sistema de saúde do País ainda não está preparado. É diferente de se despenalizar o uso, neste caso, se poderia mudar  varias legislações, mesmo assim, também seria uma questão muito difícil, tendo que ser feita com uma legislação construída passo a passo. Poderia se tentar o plantio para uso pessoal, como diversos países estão tentando fazer, mas é preciso saber quais os benefícios que essa medida traria e porque se estaria fazendo isto. Portanto, no momento, eu acho que o problema da maconha no Brasil não é de uma dimensão que uma medida desta natureza pudesse minimizar algum problema.  Se o uso da maconha é relativamente sem problemas, as pessoas não devem ser prejudicadas por isso e não devem ir para a prisão pela posse ou consumo da maconha, já que a repressão não resolve o problema do uso. Mas eu quero deixar claro que essas medidas não diminuiriam o uso da maconha nem a dependência, a tendência seria aumentar cada vez mais. É preciso ter um sistema de saúde preparado para a prevenção e o tratamento para se poder relaxar o uso da maconha.

Crisvalter Medeiros: Como você analisa a pesquisa e a extensão sobre drogas nas universidades brasileiras?

Maristela Monteiro: A criação dos Centros Regionais de Referência, pela SENAD, em parceria com os órgãos de extensão das Universidades, a princípio é muito interessante. No entanto, a Universidade precisa se articular mais com os profissionais que trabalham no sistema único de saúde, nos CAPS, para que, de uma maneira rápida, possa capacitá-los para atender imediatamente a toda a demanda de usuários da população vulnerável. Nesta área falta muito ainda a fazer. O sistema universitário brasileiro é enorme, tem alguns centros que são reconhecidos internacionalmente, mas ainda são muito poucos. Não consigo avaliar essa questão, principalmente, no que diz respeitos aos Centros de Referência, já que foram lançados recentemente.

Eu acho que é importante vincular e pensar a questão do crack e das demais drogas ilícitas como reflexo e produto da exclusão social, acima de qualquer outra perspectiva, porque é o que temos verificado. As populações que são mais vulneráveis às drogas são aquelas que nunca tiveram acesso aos serviços de saúde, de educação, a uma maneira digna de emprego e produção de renda. O País está se desenvolvendo, mais ainda são poucos os que se beneficiam deste desenvolvimento, essas populações excluídas do processo tornam-se as mais vulneráveis ao uso de crack e é urgente entender que essas populações estão crescendo. 

Contraditoriamente ao surto de desenvolvimento, a exclusão social no Brasil está aumentando, de acordo com as experiências que foram mostradas neste evento, de forma que a associação com o uso de drogas vem dessa exclusão. Este é um problema que vai aumentar cada vez mais; portanto, temos que repensar o modelo social e econômico vigente no País, que começou bem e retirou muita gente da miséria total, mas que continua gerando uma das sociedade mais desiguais do mundo.  Este é o grande desafio que tem de ser priorizado, senão cada vez mais esses sinais da exclusão vão  aparecer e  prejudicar todo o processo de desenvolvimento da malha social. Esta questão também está vinculada ao problema da corrupção nos governos, o que tem prejudicado muito a estabilização da democracia no Brasil.

sábado, 24 de março de 2012

O EVENTO RESPOSTAS COMUNITÁRIAS INICIA A DISCUSSÃO SOBRE A MUDANÇA DE PARADIGMA NAS INTERVENÇÕES SOBRE DROGAS NO BRASIL

Abertura do evento - Sala Guiomar Novaes - Funarte - São Paulo

Os métodos de intervenção nos problemas relacionados ao uso e abuso de álcool e outras drogas no Brasil serão alterados, profundamente, a partir do evento: Respostas Comunitarias: encontro de saberes e fazeres, que aconteceu no espaço da FUNARTE, na Al. Nothmann, 1058 - Campos Elíseos, São Paulo, Capital, nos dias 21 e 22 de março, de 2012.

As mudanças paradigmáticas suscitadas para a área de drogas, durante o evento, serão disseminadas através do livro: Tratamento Comunitário, do professor Efrem Milanesse, PhD em Psicologia, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade de Paris Vº, Sorbonne, na França. A obra, que foi lançada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, é um exemplo de como a integração de experiências e boas práticas poderá se transformar em modelos de ação que valorizem o saber local e forneçam apoio aos profissionais que  atuam em intervenções voltadas aos usuários de álcool, crack e outras drogas.


Pode-se dizer que o evento, organizado pela equipe do Instituto Empodera e da Lua Nova, sob a responsabilidade da advogada Marta Volpi e da psicóloga Raquel Barros, foi uma demonstração de inovação nesta área. Além de ter sido realizado em um espaço alternativo, mais associado às artes, conseguiu integrar saberes acadêmicos, apresentação de políticas públicas e a disseminação de saberes populares; tudo feito com muito talento, criatividade e resiliência.

ANALISTAS INTERNACIONAIS ABORDAM MÉTODOS DE 

INTERVENÇÃO SOBRE DROGAS


Drª Maristela Monteiro, da OPAS; Dr. Javier Sagredo, da CICAD; Drª. Nara Santos, do UNODOC
 
Na abertura do Evento, a representante do UNODOC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Cone Sul), Nara Santos, fez algumas sugestões para se realizar intervenções  nas relações sobre drogas ilícitas e a situação social. Segunda ela, as intervenções requerem as articulações de vínculos entre os indivíduos, elaboração de políticas públicas de transformação social; atenção especial sobre os processos migratórios e suas  consequências, além de rever o problema das culturas de excesso e do individualismo. “No surgimento de problemas sociais, as drogas tem muita visibilidade, mas existem outras questões sociais que também demandam atenção; portanto, é preciso olhar para esses problemas e buscar soluções adequadas”, assinalou.

Por sua vez, o doutor Javier Sagredo, da Comissão Interamericana de Controle de Abuso de Drogas (CICAD), defendeu, em sintonia com as propostas do evento, que as políticas públicas devem ser elaboradas e executadas visando alcançar as comunidades. “Para tanto, é preciso buscar a orientação das ações desenvolvidas nessas comunidades”, sugeriu.

Javier explicou que há um vazio entre as ações institucionais e as comunidades. Na concepção dele, faltam articulações entre as bases dessas políticas e os esforços e demandas das comunidades. Segundo Javier, essas iniciativas não geram resultados efetivos, carecendo de alterações. “É preciso aprender mais com as iniciativas que vem das comunidades, dos agentes comunitários,  e interligar essas experiências no âmbito institucional”, destacou.

A representante da OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde, Drª. Maristela Monteiro, disse que é urgente o redimensionamento das políticas públicas na área de saúde e direitos humanos, em decorrência da dimensão trágica que esses problemas vem assumindo no Brasil.

Segundo Maristela Monteiro, é prioridade colocar a saúde pública no centro de toda a problemática relacionada com o impacto da oferta e consumo de substâncias psicoativas, exclusão social e as questões relacionadas com a marginalização social. Para ela, as políticas de saúde pública não devem seguir a ditadura da mídia, mas buscar melhorar a situação de saúde das minorias mais vulneráveis, dando-lhes acesso aos serviços de qualidade e promovendo os direitos humanos para esses segmentos.

Ela defendeu a inclusão das sub-pupulações excluídas dos processos sociais na saúde pública, a exemplo de índios, negros, adictos, com uma política embasada na integralidade sob o viés da prevenção, redução de danos e ações comunitárias.

 

PAULINA DUARTE DESTACA IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO 

SOCIAL NAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS


Paulina Duarte e Raquel Barros: lançamento do livro: Tratamento comunitário

A Secretária de Políticas Públicas sobre Drogas, do Ministério da Justiça, Drª. Paulina Duarte, disse que desde 2003, o Brasil adotou uma política pública na área de drogas regida pela intersetorialidade e descentralização, fundamentada no conhecimento de base comunitária e científica.

Segundo Paulina Duarte, nenhuma política pública sobre drogas pode ser eficiente sem a participação social. Ela citou como exemplo dessa associação, entre o conhecimento comunitário e o científico, a Ong Lua Nova, de Sorocaba, no interior de São Paulo. A Lua Nova promove a reinserção social mulheres usuárias de drogas.


Paulina lembrou que o plano nacional de enfrentamento ao crack é um bom exemplo da integração do protagonismo social e das boas práticas surgidas nas universidades, como resultado da pesquisa científica. Segundo ela, essas práticas estão disseminadas, de forma integral, nos eixos da prevenção, cuidado e autoridade, do referido plano de enfrentamento ao crack.

A secretária Paulina Duarte destacou que os três eixos do plano estão perpassados pelas ações educativas, "pois não se faz enfrentamento de nenhum problema social sem pessoas capacitadas e vocacionadas para assumirem as ações", enfatizou. Nesse sentido, ela explicou que a sociedade brasileira, atualmente, está se beneficiando com o maior aporte de recursos da sua história na área de educação sobre drogas. A aplicação dos recurssos, nessa área, acontece através dos Centros Regionais de Referência, implantados a partir de 2010.
 
Paulina lembrou que há registros do uso de drogas desde o início da civilização, portanto, elas não vão desaparecer simplesmente da sociedade, o que pode acontecer são mudanças na forma de consumo dessas substâncias. “O problema das drogas deve ser enfrentado sem paixão, animosidade e preciosismos, mas com pragmatismo político e maturidade”, sugeriu.

Ela frisou que o Governo Federal não discrimina visões diferenciadas de suas políticas de enfrentamento das drogas, mas também não pode apoiar banalizações ou fundamentalismos relacionados ao tema. “As políticas de enfrentamento das drogas devem ser articuladas de forma intersetorial, com a concepção de que as drogas representam um problema que é da responsabilidade de toda a sociedade”, assinalou.

DIÁLOGOS SOBRE DIGNIDADE


Professora Maria Aparecida Penso, coordenou o diálogo sobre dignidade
 
O evento foi estruturado a partir das respostas comunitárias inscritas que, por sua vez, geraram diálogos temáticos em dignidade humana, educação, saúde e trabalho. A mesa que dialogou sobre o problema da dignidade humana deu destaque às experiências que apresentam condições de romper com os paradigmas profissionais que contemplam o simples assistencialismo, o intervencionismo e o profissionalismo sobre os segmentos sociais considerados vulneráveis. A metodologia das respostas comunitárias apresentadas suscita a necessidade de uma nova visão do cuidar, que se fundamenta na construção de vínculos que devem ser estabelecidos a partir de uma troca de experiências entre o cuidador e o beneficiário.

Esse diálogo foi coordenado pela professora da Universidade Católica de Brasília, Maria Aparecida Penso, com a participação de Drª. Luciana Boiteux, da UERJ; Drª Zita Vilar, do Piaui; Drª. Glória Aguero Bas, de Lima, Peru; Dr. Auro Lescher, do Projeto Quixote (SP) e Drª. Irene Serrano, da Colômbia.

DIÁLOGOS SOBRE EDUCAÇÃO

 

 
Dr. Roberto Canay, Vania Medeiros e Doralice de Oliveira (esquerda para a direita)

As experiências educacionais apresentadas como respostas comunitárias incentivaram a discussão acerca do rompimento da educação formal, além  de uma reflexão sobre o modelo de educação pública vigente no País. Por outro lado, houve destaque das potencialidades de educadores que estão nas comunidades, lideranças que demonstram a capacidade de atuar no seu espaço social como agentes de transformação do comportamento de crianças, adolescentes e adultos atendidos nos programas.

Participaram deste diálogo: Professora Doralice de Oliveira, da Abratecom, que coordenou os trabalhos; professora Mafoane Odara, da Ashoca; Drª. Vania Medeiros, CRR-IFPB; Dr. Raul Tovar, Colômbia; Dr. Roberto Canay, do Observatório de Drogas de Buenos Aires-Argentina; Dr. Javier Macário, do Centro de Formação da Guatemala.

 

DIÁLOGOS SOBRE SAÚDE

 

Drª. Mercedes Aranguren, da Argentina; Dr. Luis Alberto (Laco), São Paulo; Dr. Raul Tovar, Colômbia; Wellington Nogueira,São Paulo.

Neste diálogo ficou demonstrado que as respostas comunitárias rompem definitivamente com o conceito de saúde como ausência de doença. As discussões se pautaram em torno da capacidade de articulação do cuidado integral, com o fortalecimento de cuidados pessoais, relações sociais, intercomunicação e melhoria do ambiente físico onde as pessoas convivem com uma ação em rede.

O diálogo foi coordenado por Yadhira Bonilla, da Costa Rica, com a participação da Drª. Maristela Monteiro (OPAS); Wellington Nogueira (Doutores da Alegria), Dr. Luis Alberto (Laco), Coed-SP; Drª. Mercedes Aranguren, da Argentina.

 

DIÁLOGOS SOBRE TRABALHO

 

 

Mesa coordenada por Luiz Algarra, da Papagalis.

Neste diálogo foram dabatidas as potencialidades pessoais em seus contextos comunitários. Observou-se, em todas as experiências apresentadas, que as habilidades de uma pessoa pode ser capaz de articular uma rede de colaboradores nas comunidades, visando à geração de renda e a realização de projetos autossustentáveis.

O diálogo foi coordenada por Luiz Algarra, designer de fluxos de conversação do projeto Papagalis; Dr. Christiano Basile (Consulado da Mulher); Dr. Felipe Bannitz (Programa ITCP-FGV); Dr. Omar Castillo (Chile); Dr. Raul Felix Tovar (Colômbia).

DEBATE SOBRE USO DE ÁLCOOL E JUVENTUDE

 


Da esquerda para a direita: Dr. Artur Guerra (USP), Cláudia Raphael (CUFA), Milton Seligman (AMBEV), Crisvalter Medeiros, CRR-PB.

O evento promoveu um debate sobre o tema Álcool e Jovens. Este diálogo foi coordenado por Crisvalter Medeiros, jornalista do CRR-IFPB, com a participação do Dr. Milton Seligman, vice presidente da AMBEV; Dr. Artur Guerra, Coordenador do GREA – Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Álcool e Drogas da USP; e Claudia Raphael, representando a CUFA – Central Única das Favelas.

O ponto mais polêmico deste diálogo foi a exposição dos projetos sociais de prevenção financiados pela AMBEV - Companhia de Bebidas das Américas, incluindo projetos desenvolvidos pela CUFA, em favelas do Rio de Janeiro, a exemplo do Bar Responsa. A plateia reagiu com indignação ao descobrir que a indústria do álcool está manipulando os movimentos sociais sob o pretexto de financiar a prevenção do uso de álcool entre adolescentes, que é o segmento menos representativo do consumo total de bebidas. O projeto, de forma dissimulada, garante a renovação dos estoques de consumidores dos produtos da AMBEV, desconsiderando os problemas correlatos ao uso e abuso de álcool pela população em geral. 

Drª. MARISTELA MONTEIRO, DA OPAS, ALERTA SOBRE USO DE ÁLCOOL


 Maristela Monteiro, da OPAS: desfazendo mitos sobre o consumo de álcool



Em decorrência da insatisfação gerada pela associação da indústria de bebidas alcoólicas aos projetos sociais desenvolvidos por entidades representativas de segmentos jovens, no Brasil, a representante da OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde, Drª Maristela Monteiro, fez uma explanação sobre os riscos do consumo de álcool na população de uma maneira em geral. Ela destacou que no Brasil, entre o período de 2000 e 2010, o número de mortes associadas ao consumo de álcool  aumentou de 11.700 para 17.300, resultando esse aumento em 47% de mortes relacionadas ao consumo deste produto.

Segundo Maristela, o número médio de morte por dia relacionadas ao uso de álcool é de 47 pessoas; já os transtornos relacionados ao consumo aumentaram 43%; atualmente há 19.3 milhões de dependentes de álcool no País. O sistema único de saúde gasta 1 bilhão de reais por ano com tratamento e internações hospitalares.

 

AS RESPOSTAS DA PARAÍBA

 

A Paraíba participou do evento com a apresentação de cinco respostas comunitárias: o Saber, sobre o trabalho de Gilson da Silva, na área de educação profissional com usuários de drogas, no município de Santa Rita; o trabalho de Tiago Aquino, na área de educação, no município de Alagoa Nova; a resposta do professor Badeco (Arnaldo Batista), com a escolinha de surf, na Praia do Bessa, para crianças em situação de vulnerabilidade social; mestre Clóvis Martins, com o trabalho de teatro de bonecos, desenvolvido nas escolas do município de Guarabira; e Crisvalter Medeiros, com ações de Mídia advocacy, em João Pessoa.

Apresentação de vivências no espaço cultural da Funarte - São Paulo:








Mestre do Babau (Clóvis Martins, de Guarabira-PB)

                                                                     Gilson da Silva, de Santa Rita-PB





Tiago Aquino  - Escola de Arte-Educação, em Alagoa Nova-PB




                                                       
Crisvalter Medeiros, Mídia advocacy (João Pessoa-PB)
Interação com indígenas  da Etnia Pataxó:
Apurinan Pataxó e Jeff Pataxó que falaram, no evento, sobre os ritos indígenas na saúde da comunidade.

sábado, 17 de março de 2012

A PARAÍBA VAI MOSTRAR TALENTOS NA ÁREA DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL EM SÃO PAULO

Empreendedores sociais em evidência


A coordenadora do Centro Regional de Referência Para a Formação de Profissionais da Rede de Atenção aos Usuários de Crack e Outras Drogas (CRR-IFPB), professora Vania Medeiros, reuniu-se ontem (17.03), na Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, em João Pessoa, com os cinco empreendedores sociais que tiveram seus projetos selecionados para participar do evento: Respostas Comunitárias – encontro de saberes e fazeres, que acontece nesta terça e quarta-feira (20/21), na Funarte, Sala Guiomar Novaes, na Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos, São Paulo, Capital.

Dos 40 projetos de respostas comunitárias selecionados para serem discutidos no evento, cinco são da Paraíba. Ao todo, foram 102 projetos inscritos por empreendedores sociais de diversas regiões do País.

Os projetos da Paraíba são: O saber, desenvolvido por Gilson da Silva, no município de Santa Rita-PB; Acajaman- Associação Cultural e Agrícola dos Jovens Ambientalistas de Alagoa Nova-PB, coordenado por Tiago Aquino; Escolinha do Surf, de Arnaldo Batista, no município de João Pessoa; Projeto Babau, de Mestre Clóvis Martins, de Guarabira, e Mídia Advocacy, desenvolvido por Crisvalter Medeiros, em João Pessoa.

Segundo a professora Vania Medeiros, articuladora do evento na Paraíba, essas lideranças comunitárias deverão, a partir do evento, se integrar a uma rede nacional de empreendedores sociais, para dar sustentabilidade aos seus projetos, independente de partidos políticos, denominações institucionais e credos. Vania destacou que a finalidade do Instituto Empodera,  que está promovendo o evento, é capacitar pessoas para o empreendedorismo social.

Para Arnaldo Batista, professor Badeco, está inserido nesse evento, podendo mostra seu trabalho a um público amplo, já é uma recompensa pela luta empreendida para manter a Escolinha do Surf funcionando durante muitos anos. Badeco espera que o seu projeto, que funcionava na Praia do Bessa, em João Pessoa, e foi desativado em decorrência da política de preservação ambiental instituída pelo projeto Orla, do Governo Federal, seja reativado. “A Escolinha do Surf já tinha reconhecimento internacional e  recebia alunos até da Europa”, enfatizou ele.

Clóvis Martins, o Mestre do Babau, de Guarabira, disse que está realizado por poder mostrar o seu teatro de bonecos na maior cidade do País, e conhecer outras experiências culturais. O mestre Clóvis vai levar material para realizar uma oficina de fantoches no evento.


Já Tiago Aquino, responsável pelo projeto Acajaman, destacou a importância do intercâmbio de experiências que o evento vai promover, “além da possibilidade da multiplicação da experiência”, assinalou.

Gilson da Silva, responsável pelo projeto Saber, espera adquirir novos conhecimentos para aprofundar suas ações ajudando aos jovens em situação de vulnerabilidade no município de Santa Rita. Crisvalter Medeiros espera disseminar as técnicas de mídia advocacy, durante o evento.

O grupo de empreendedores sociais da Paraíba embarca nesta segunda-feira (19) para São Paulo, com todas as despesas custeadas pelo Instituto Empodera, coordenado pela psicóloga Raquel Barros e a advogada Marta Volpi.



sexta-feira, 9 de março de 2012

Professora Vania Medeiros, coordenadora do CRR-PB, participa de diálogos sobre empreendedorismo social em São Paulo



A professora Vania Medeiros, coordenadora do Centro Regional de Referência da Paraíba (CRR), vai participar do evento: Respostas Comunitárias – encontro de saberes e fazeres. Ela comporá a mesa de diálogos sobre educação, com enfoque na visão do empreendedorismo social, no próximo dia 21, às 9 horas, na Funarte, em São Paulo, ao lado de renomados pesquisadores desta área no Brasil e na América Latina. O evento acontece nos dias 20 e 21, na Sala Guiomar Novaes, Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos, São Paulo, Capital, sob a coordenação da psicóloga Raquel Barros, fundadora da ONG. Lua Nova.

Participam desta mesa de diálogos sobre a educação pesquisadores renomados de instituições nacionais e internacionais, a exemplo da Drª. Mafoane Odara, da GMM ASHOKA; Zhanna Harutyunyan, Ginganton University; Dr. Raul Tovar, Viviendo Colombia; Drª. Andreia Galassi, UNB e a Drª Mercedes Araguren, da Convivir Argentina.

O evento Respostas Comunitárias tem o objetivo de dar visibilidade às ações simples e de âmbito comunitário que, quando articuladas em rede, ajudam na solução de problemas complexos como droga, exploração sexual, pobreza extrema e vida de rua.

Empreendedores sociais de diversas regiões do País vão participar do evento mostrando seus talentos para resolver os problemas complexos da sociedade através da criatividade e das ações compartilhadas em rede na comunidade.

O site (http://www.wix.com/luanova2011/respostascomunitarias) apresenta a programação completa do evento e mais informações. 


Crisvalter Medeiros

sexta-feira, 2 de março de 2012

Paulina Duarte, Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, participa de diálogo na abertura do evento: Respostas Comunitárias, em São Paulo-SP



Crisvalter Medeiros

A Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, Drª. Paulina Duarte; a Drª. Lúcia Boiteux, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Dr. Benedito dos Santos, da UNB e a Drª. Glória Aguero Blas, da Municipalidade de Lima, no Peru, desenvolverão um diálogo sobre dignidade humana, como tema de abertura do evento “Respostas Comunitárias – encontro de saberes e fazeres”, às 9 horas do dia 20.03, na sala Guiomar Novais, Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos, São Paulo. Na abertura do evento também será lançado o livro: Tratamento Comunitário.

O evento, coordenado pela psicóloga Raquel Barros e a advogada Marta Volpi, responsáveis pela Ong Lua Nova e o Instituto Empodera, tem o objetivo de dar visibilidade às ações simples e de âmbito comunitário que, quando articuladas em rede, ajudam na solução de problemas complexos como droga, exploração sexual, pobreza extrema e vida de rua.

Empreendedores sociais de diversas regiões do País vão participar do evento mostrando seus talentos para resolver os problemas complexos da sociedade através da criatividade e das ações compartilhadas em rede na comunidade.

O Centro Regional de Referência da Paraíba (CRR) está apoiando o evento em nível local. A coordenadora do CCR, professora Vania Medeiros, através de contatos em alguns municípios, conseguiu identificar e encaminhar para inscrição quatro “Respostas Comunitárias”, de empreendedores paraibanos no referido evento.

Estão inscritos pela Paraíba: A escolinha de surf do professor Badeco (Arnaldo Batista), uma iniciativa voluntárias na área da educação preventiva de crianças, jovens e adultos em situação de risco, desenvolvida na Praia do Bessa, em João Pessoa; A Escola de prevenção, projeto desenvolvido por Gilson da Silva, com o apoio da comunidade de Santa Rita; Escola de Artes da Ong ACAJAMAN-Associação Cultural e Agrícola dos Jovens Ambientalistas de Alagoa Nova-PB, coordenada por Tiago Aquino de Souza e o trabalho itinerante do Mestre Babau Clóvis, da zona rural de Guarabira.

A iniciativa na Paraíba contou com o apoio da TV Cabo Branco que realizou uma matéria enfocando o projeto desenvolvido em Santa Rita para divulgar o evento em nível local, além de autorizar a utilização de outros vídeos já produzidos anteriormente pela emissora.

A equipe coordenadora do projeto Respostas Comunitárias está realizando a avaliação dos projetos desenvolvidos em várias regiões do País. Cada Estado terá, no máximo, dois trabalhos aprovados para receber financiamento de passagem e estadia durante dois dias em São Paulo, para participar do evento. Os projetos selecionados também vão compor uma publicação sobre respostas comunitárias.


Assista os vídeos sobre as Respostas Comunitárias da Paraíba














Veja programação atualizada em mais informações (abaixo):