Reunião na SENAD para discutir ampliação das ações do CRR-IFPB
A
Coordenadora do Centro Regional de Referência para a Capacitação de
Profissionais que atuam na Rede de Atenção aos Usuários de Crack e outras
Drogas (CRR-IFPB), professora Vania Medeiros, foi incluída em uma comissão da Secretária Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SENAD), órgão do Ministério da Justiça, para
elaboração do projeto de um curso à distância na área de Tratamento Comunitário para o próximo ano .
A professora Vania Medeiros participou de uma reunião,
ontem (16), com a Secretária da SENAD, doutora Paulina Duarte Vieira, no
Gabinete da Secretaria, no Ministério da Justiça, em Brasília-DF, para
planejamento das diretrizes a serem implementadas na elaboração do referido
curso. Também estavam presentes à reunião os demais membros que comporão a
comissão para elaboração do Curso à Distância em Tratamento Comunitário: a
Diretora de Planejamento e Avaliação da SENAD,
Cátia Betânia Chagas; a psicóloga Raquel Barros, presidenta do Instituto
Empodera (Sorocaba-SP), fundadora da Associação
Lua Nova e mentora do projeto do curso em Tratamento
Comunitário. A professora Maria Aparecida Penso, consultora do CRR-IFPB, também
participou da reunião representando a Universidade Católica de Brasília, e o
jornalista Crisvalter Medeiros, coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos
Trandisciplinares em Dependência Química (Netdeq-IFPB).
O curso de Tratamento Comunitário vai capacitar pessoas
que desenvolvem atividades nas áreas de educação, trabalho, saúde, e dignidade
humana com a finalidade de diminuir vulnerabilidades ao uso de crack e outras
drogas, em âmbito nacional, com uma previsão inicial de atingir um público de 15
mil alunos.
Ao final da reunião, a Secretária Nacional de Políticas
sobre Drogas, Doutora Paulina Duarte Vieira, concedeu entrevista ao jornalista
Crisvalter Medeiros, enfocando a importância dos Centros Regionais de
Referência no plano nacional de enfrentamento ao crack e outras drogas.
Crisvalter
Medeiros: Doutora Paulina, quais as medidas que estão sendo
implementadas pela SENAD para consolidar o plano nacional de enfrentamento ao
crack e outras drogas?
Paulina
Duarte: Acho importante destacar que em relação à questão das
drogas, seja crack, álcool, cocoaína ou
maconha não há uma solução mágica, as respostas mais efetivas, e que vem sendo
apresentadas no mundo todo, são aquelas que tem sustentabilidade. Nesse sentido, o plano nacional de
enfrentamento ao crack e outras drogas já traz uma grande novidade, em termos de
sustentabilidade, que é o projeto dos Centros Regionais de Referência (CRRs). Esses
Centros são polos regionais inseridos em instituições públicas de ensino
superior que tem a capacidade de produzir conhecimento, formar recursos humanos
e, essencialmente, articular a rede de serviços. Este é o grande diferencial do
plano nacional de enfrentamento ao uso
de crack e outras drogas, em termos de sustentabilidade e de resposta efetiva a
essa questão.
Crisvalter
Medeiros: Quantos Centros Regionais de Referência estão funcionando,
efetivamente, no País?
Paulina
Duarte: Num primeiro momento, nós tivemos a afiliação de 49
universidades e outras instituições de ensino superior. Para este ano, já aprovamos
mais 13 Centros; portanto, teremos ao final de 2012, 65 CRRs implantados em
diferentes Estados e regiões do País como polos de implementação das discussões
sobre o problema das drogas, produzindo conhecimento, formando recursos humanos
e articulando a rede de profissionais.
Crisvalter
Medeiros: Qual o planejamento orçamentário da SENAD para as implementações
relacionadas aos CRRs?
Paulina
Duarte: Já foram investidos recursos na ordem de 12 milhões de
reais na implantação dos Centros. A expectativa é formar cerca de 15 mil
profissionais por ano nesses Centros.
Crisvalter
Medeiros: Muitas universidades ainda resistem à inserção da
temática sobre das drogas nos seus cursos. A implantação dos CRRs pode
contribuir para minimizar essa resistência das universidades em trabalhar essa
questão?
Paulina
Duarte: Eu não acho que existe resistência das universidades
sobre o tema das drogas. Eu entendo que há uma certa cautela das universidades em
direção ao desconhecido. O tema droga ainda não é prioridade em termos de discussão
e de produção de conhecimento. Portanto, eu vejo a implantação dos Centros
Regionais de Referência como o grande prenúncio de abertura a essa nova
possibilidade de trazer esse tema, que é tão atual e importante nos aspectos de
saúde, segurança e nos outros domínios da vida do cidadão, para se estimular
essa discussão na sociedade.
Crisvalter
Medeiros: O fato da temática da droga trabalhar com aspectos
ilícitos tem alguma relação com a dificuldade de inseri-lo, de forma mais
ampliada, nos contextos do ensino e da pesquisa nas universidades?
Paulina
Duarte. Não! Não vejo isso absolutamente. Repito, não vejo
resistência nas universidades a essa temática, mas cautela ao novo, ao
desconhecido. Entretanto, isso está mudando, a prova é a resposta de adesão das
instituições de ensino superior ao edital de implantação dos CRRs, recebemos mais de 70 projetos. Acho que é
apenas uma questão de tempo para todas as universidades do País aderirem à
temática das drogas.
Crisvalter
Medeiros: Os CRRs estão
atuando mais na área da capacitação profissional. Qual a possibilidade de focar
também na prevenção e reinserção social?
Paulina
Duarte: Os Centros Regionais de Referência já trabalham com o
foco na prevenção e na reinserção social. Embora a princípio os Centros
tivessem cursos mais voltados aos profissionais de saúde e assistência social,
toda a lógica de formação é desenvolvida como um todo na perspectiva das ações
na área de promoção à saúde, da prevenção ao uso de drogas e do tratamento nos
seus diferentes modelos, bem como à reinserção social.
Crisvalter
Medeiros: Paulina, qual é o grande objetivo da SENAD com relação
aos CRRs. É manter uma rede de centros de formação em todo o País, com apoio
orçamentário, ou que esses centros sejam, paulatinamente, inseridos nos
contextos administrativos das instituições nas quais estão funcionando como
projetos de extensão?
Paulina
Duarte: Esses Centros fazem parte de um projeto de
enfrentamento ao crack e outras drogas; portanto, o objetivo da SENAD, com
relação a eles, é dar sustentabilidade ao plano de enfrentamento ao crack e
outras drogas, a partir do espaço legítimo da produção de conhecimento, de
discussão das ideais, formação de recursos humanos, iniciativas que perfazem o
dia-a-dia das instituições de ensino superior. Desta forma, o objetivo da SENAD,
com relação aos Centros Regionais, é dar sustentabilidade ao plano de
enfrentamento ao crack por meio da produção de conhecimento, formação de
recursos humanos e articulação das redes.
Crisvalter
Medeiors: Doutora Paulina, você já tem alguma avaliação do resultado desses
Centros no contexto mais amplo de enfrentamento
da questão das drogas?
Paulina
Duarte: Nós já temos alguma avaliação porque os Centros foram
implantados a partir de projetos que concorreram aos editais públicos do
Governo Federal. Posso afirmar, portanto, que a procura de outras instituições
de ensino superior e dos profissionais para implantação desses Centros tem sido
muito grande.