quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Centros Regionais de Referência (CRRs) da Paraíba vão atuar em parceria a partir de 2014


Coordenadoras dos CRRs da Paraíba: Jade Vieira (UEPB) e Vania Medeiros (IFPB)

A política de drogas no Estado Paraíba vai ser intensificada com ações de formação dentro do plano “Crack, é possível vencer”, em 2014. O Estado já conta com dois Centros Regionais de Referência - CRR. Os órgãos são responsáveis pela política de capacitação dos profissionais que atuam na rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, os familiares e pessoas da comunidade envolvidas com a temática. Os CRRs da Paraíba funcionam como projetos de extensão da Universidade do Estado (UEPB) e do IFPB.

As coordenadoras dos CRRs, da Paraíba, professora Vania Medeiros (IFPB) e Jade Vieira (UEPB), decidiram implementar uma parceria para dinamizar as ações na área de formação em crack e outras drogas, seguindo as diretrizes nacionais do plano “Crack, é possível vencer”, bem como as orientações das políticas locais sobre drogas.

Segundo a professora Jade Vieira, coordenadora do CRR, da UEPB, a parceria firmada entre os CRRs vai garantir a autonomia e a consolidação dos referidos centros no âmbito da política institucional da Educação Superior no estado da Paraíba, além de promover a integração regional das ações nessa área.

 TRAMENTO COMUNITÁRIO

Dentre as ações planejadas para 2014 estão a integração das equipes para colaboração mútua e fortalecimento da abordagem em tratamento comunitário. Nesse sentido, será realizado, já no primeiro semestre do próximo ano, um curso sobre a metodologia do Tratamento Comunitário, com a participação de entidades governamentais e não-governamentais. O Instituto Empodera e a Associação Lua Nova, do Estado de São Paulo, terão papel proativo nessa iniciativa.

O curso em Tratamento Comunitário será aberto aos atores sociais em todas as frentes de atuação envolvendo a temática das drogas: direitos humanos, saúde, assistência, movimentos sociais, educação, justiça e segurança pública. O curso será ministrado pelas equipes dos CRRs, com o apoio de formadores com experiência em Tratamento Comunitário no âmbito nacional.

Segundo a professora Vania Medeiros, coordenadora do CRR-IFPB, O tratamento comunitário é um método de intervenção que prioriza cinco eixos: organização/prevenção; educação, assistência básica, trabalho e a cura médica e psicológica. O método foi iniciado a partir de uma experiência de intervenção em uma comunidade terapêutica de usuários de drogas, localizada na cidade do México, em 1989, com a colaboração de outras organizações não governamentais latino-americanas, sendo sistematizado pelos pesquisadores  italianos Efrem Milanese e Roberto Merlo.


Segundo as coordenadoras dos CRRs, da Paraíba, um dos aspectos mais importantes dessa parceria será o fortalecimento das estratégias das políticas sobre drogas no âmbito das ações acadêmicas na região. “Todas as ações deverão acontecer dentro de critérios de transparência que se coadunem com os pressupostos éticos das ações democráticas e dos princípios republicanos”, assinalou a professora Vania Medeiros.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PESQUISA: VIDAS EM RECUPERAÇÃO



A Ong norte-americana Faces and Voices Of Recovery divulgou, recentemente, no site da entidade o resultado da primeira pesquisa sobre a qualidade em todas as áreas da vida de pessoas em recuperação do uso de drogas. A pesquisa intitulada: Life in Recovery Survey, foi realizada em língua inglesa e espanhola, no período de 01 de novembro a 31 de dezembro do 2012.


As informações coletadas incluem características sociodemográficas, qualidade da saúde física e mental, uso de substâncias e a história da recuperação, além de mais 44 itens que representaram as experiências de vida no trabalho, as condições financeira e situação jurídica, familiar, social, domiciliar e de cidadania dos participantes. Cerca de 3 milhões de pessoas responderam os questionários disponibilizados através da internet.


O estudo destaca a necessidade da remoção das barreiras discriminatórias para pessoas com dependência química alcançarem a recuperação e critica os altos custos da dependência que atinge a soma de $ 343 bilhões por ano, nos Estados Unidos.


Os resultados da primeira pesquisa nacional de pessoas em recuperação da dependência de álcool e outras drogas realizada nos Estados Unidos e divulgado recentemente pela Faces and Voices of Recovery  (Caras e  Vozes da Recuperação) documenta os pesados custos da dependência para os indivíduo e a nação. Pela primeira vez, nos Estados Unidos, foram dimensionados os efeitos benéficos da recuperação a longo do tempo. Durante a sua adicção ativa, 50 por cento dos entrevistados haviam sido demitidos ou suspensos uma vez ou mais dos postos de trabalho, 50 por cento tinham sido presos pelo menos uma vez. A situação significa um custo social total de 343 milhões de dólares.


Nos Estados Unidos,  atualmente, existem cerca de 23 milhões de pessoas em recuperação da dependência química. As melhorias em todas as áreas da vida provocadas pela recuperação incluem redução em dez vezes para o envolvimento com o sistema de justiça criminal e uso dos setores emergenciais da saúde, além de promover um aumento de 50 por cento na participação em atividades familiares e no pagamento de impostos, em comparação com as situações da adicção ativa . No entanto, o estudo identificou que as práticas discriminatórias em habitação, emprego, cobertura de seguro de saúde e em outras situações sociais continuam criando enormes barreiras para a recuperação.


"Já esstá na hora de se adotar medidas para acabar com a discriminação que as pessoas enfrentam em busca da recuperação da dependência. Conforme esse levantamento de Faces and Voices, os benefícios da recuperação devem ser levados a todos", disse o ex- congressista Patrick Kennedy.


"Esta pesquisa demonstrou, pela primeira vez, que o investimento na recuperação faz sentido. Quando alcançarmos a ajuda e o apoio que precisamos, teremos mais pessoas empregadas, pagando suas contas e impostos, votando, sendo voluntários nas nossas comunidades e cuidando melhor da saúde e da família ", disse a presidenta da Faces and Voice of Recovery, Dona Dmitrovic . "Apelamos aos Estados e ao Congresso, continuou a ativista, para reformar as políticas de drogas, abordando a remoção das barreiras discriminatórias, garantindo acesso e financiamento para uma gama completa de cuidados de saúde e outros serviços no sentido de apoiar os americanos para iniciarem e sustentarem o seu processo de recuperação, bem como aumentar os investimentos em pesquisas para identificar a qualidade e as políticas e práticas de promoção da recuperação".


Enquanto os altos custos da dependência de drogas estão bem documentados, muito pouco se sabe sobre as alterações em áreas-chave da vida das pessoas que conseguem entrar em recuperação sustentada, e quando isso ocorre. A pesquisa quantificou as experiências de recuperação ao longo do tempo, ou seja, menos de 3 anos, de  3 a 10 anos e mais de 10 anos.


"Os resultados da pesquisa são um alerta de ação para aqueles que tomam as decisões políticas e para o público em geral", disse Dmitrovic, assinalando que:  "A vida fica cada vez melhor com a progressão da  recuperação".


A Recuperação de Dependentes está associada à melhora em todos os âmbitos. Por exemplo,  envolvimento em atos ilegais e envolvimento com o sistema de justiça criminal (as prisões e encarceramento) diminuem em cerca de dez vezes; o emprego estável de quem está em recuperação de dependência aumenta em mais de 50%, em relação à adicção ativa; o uso freqüente dos setores de saúde diminui em 10 vezes. E mais: pessoas em recuperação voltam a pagar suas contas em dias; o planejamento para o futuro (por exemplo, poupar para a aposentadoria) aumenta quase três vezes; o envolvimento em violência doméstica (como vítima ou agressor) diminui drasticamente; participação em atividades da família aumenta em 50%; serviços voluntariados na comunidade aumentam quase três vezes em comparação com a adicção ativa; aumenta significativamente a participação em eleições; os relatos de problemas de saúde emocional / mental não tratados diminuem em torno de quatro vezes; também aumenta o dobro da participação em educação ou treinamento continuado, frente aos que ainda estão no uso ativo de alguma substância.

Os benefícios da recuperação da dependência ao longo dos anos

Em suma, pode se afirmar que à medida que as pessoas ficam mais tempo em recuperação do uso de drogas, aumenta a coleta de impostos, melhora a situação do crédito diminuindo as inadimplências no comércio. O envolvimento cívico melhora à medida que aumenta o número de eleitores e os serviços de voluntariado. Com a progressão da recuperação observa-se que as pessoas passam a se envolver mais com práticas adequadas de saúde, a exemplo de fazer uma dieta saudável, fazer exercícios físicos regulares e exames dentários. Com a recuperação, aumenta o número de pessoas voltando à escola e buscando formação profissional. Além de aumentar o número de empregados, também aumento a quantidade de pessoas entrando na área do empreendedorismo. O restabelecimento dos vínculos com a família aumentam em torno de 68% para 95%.

Endereço:  http://www.facesandvoicesofrecovery.org

domingo, 1 de dezembro de 2013

SEMINÁRIO REÚNE EXPOENTES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DA PESQUISA SOBRE DROGAS EM JOÃO PESSOA-PB


A Paraíba sediou, no período de 25 a 27, o mais importante evento científico sobre drogas do País. O Seminário Internacional de Pesquisa sobre Drogas, que aconteceu no Hotel Ouro Branco, na Praia de Tambaú, em João Pessoa, contou com a participação de pesquisadores de centros de excelência acadêmica nacionais, além de pesquisadores internacionais. O evento foi coordenado pela professora Helena Barros, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com o apoio da Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas. O Centro Regional de Referência do IFPB acolheu o evento.

O professor Efrem Milanese, autor da metodologia de intervenção na área de drogas: Epistemologia da complexidade, ética e comunidade (ECO-2), fez a palestra de abertura do simpósio enfocando o tema do tratamento comunitário. Essa metodologia de intervenção comunitária foi sistematizada pelo professor Efrem, a partir de experiências desenvolvidas em diversas partes do mundo, principalmente em países da América Latina.

O representante do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), Mário Castro, fez explanação sobre os resultados da políticas de descriminalização das drogas em Portugal, destacando que não houve aumento do uso dessas substâncias com as mudanças na política.

A coordenadora do CRR-IFPB, professora Vania Medeiros, apresentou a experiência de formação que vem ocorrendo no Centro nessa etapa 2013/104, com elementos do tratamento comunitário. Ela participou de uma mesa redonda ao lado da psicóloga Raquel Barros, da Lua Nova; e do professor Efrem Milanese.


Além das pesquisas na área das intervenções clínicas, as iniciativas de prevenção foram bastante polemizadas no evento. A professora Fátima Sudbrack, do PRODEQUI, da UnB, apresentou os dados relacionados ao projeto do curso à distância para formação de educadores de escolas públicas. Já o coordenador de Saúde Mental, do Ministério da Saúde, professor Roberto Tykanori, defendeu uma nova metodologia de prevenção ao uso de drogas para as escolas que está sendo implantada com a partição do UNODC.



As experiências sobre políticas de drogas do Canadá, apresentadas por Brian Rush; de Portugal, mostradas pelo Dr. Mário Castro, além das iniciativas do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, demonstradas por Gregor Burkhart, foram momentos importantes para o intercâmbio de evidências  na área de drogas entre os participantes do evento

DEBATE


Durante o evento, o Secretário Vitore Maximiano fez um debate sobre o PL 37/2013, do Senador Osmar Terra, que altera o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad). Ele garantiu que quando for apresentada a versão final do projeto, convocará os coordenadores dos CRRs para uma discussão sobre os aspectos da Lei que serão alterados.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

PRIMEIRO CURSO DE TRATAMENTO COMUNITÁRIO NO BRASIL TEVE ÚLTIMO MÓDULO NA PARAÍBA


Na semana de 18 a 22, a Paraíba sediou o encerramento do primeiro Curso de Tratamento Comunitário ministrado no Brasil. O Tratamento comunitário é uma metodologia de intervenção na área de uso de drogas e sofrimento social produzido a partir de experiências geradas em diversos países da América Latina.

O curso foi composto por quatro módulos, sendo dois realizados em São Paulo, com aulas práticas na cracolândia; um no Rio de Janeiro, Favela da Maré; e último em João Pessoa. Participaram da formação 46 ativistas na área de drogadição e exclusão social grave, representando 10 países latino-americanos. A formação foi promovida pelo Instituto Empodera e Ong Lua Nova, de Sorocaba-SP, e ministrada pelo professor italiano Efrem Milanese.

O tratamento comunitário é um método de intervenção que prioriza cinco eixos: organização/prevenção; educação, assistência básica, trabalho e a cura médica e psicológica. O método foi iniciado a partir de uma experiência de intervenção em uma comunidade terapêutica de usuários de drogas, localizada na cidade do México, em 1989, com a colaboração de outras organizações não governamentais latino-americanas, sendo sistematizado pelos pesquisadores  italianos Efrem Milanese e Roberto Merlo.

Os ativistas que foram formados darão continuidade às atividades de tratamento comunitário nos  seus respectivos países focando mais na parte prática das iniciativas.

No Brasil está sendo construída uma proposta de formação de 15 equipes de agentes em tratamento comunitário, como resultado de uma parceria entre a SENAD-Ministério da Justiça, Rede Americana de Intervenção em Situação de Sofrimento Social (RAISSS), IFPB e UFPB. O curso vai formar 45 operadores dos diversos Estados brasileiros.


Além dos atividades dos 10 país da América Latina e do Brasil, o evento contou com a participação do procurador do município de João Pessoa, de técnicos das secretárias de Saúde, de Desenvolvimento Social, Segurança Pública e Cidadania, Educação e Cultura, de Juventude, Esporte e Recreação, Ouvidoria, da PMJP; bem como da coordenação de Saúde Mental do Estado da Paraíba.

Veja mais fotos do evento:

















terça-feira, 5 de novembro de 2013

O MOVIMENTO ANTIPROIBICIONISTA SOBRE DROGAS, NO BRASIL, MOSTROU-SE ARTICULADO NO 4º CONGRESSO DA ABRAMD, EM SALVADOR-BA


A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), localizada no bairro do Cabula, em Salvador, sediou, no período de 31 de outubro a 2 de novembro, um dos mais intensos debates sobre as políticas publicas sobre drogas da região, realizados em 2013. O 4º Congresso da ABRAMD contou com cerca de 600 participantes, entre profissionais, docentes, pesquisadores e estudantes; com 250 trabalhos científicos inscritos. O evento prestigiou os 30 anos de atuação profissional do professor Antônio Nery, da Universidade Federal da Bahia.

Profissionais, pesquisadores, professores e estudantes, de diversas regiões do País, lotaram o auditório da UNEB, no Cabula, em Salvador, para participar o 4º Congresso da ABRAMD.

Mesa de abertura:Mesa de abertura: Dir. Dept. Educação da UNEB, Drª. Carla Liane; Presidente do evento, Osvaldo Fernandez; Presidente Abramd, Marcelo Sodelli; Presidente de Honra, Dr. Antônio Nery Filho; Representante da Sec. de Educação do Estado da Bahia, professora Amélia Santa Rosa; Repesentante SENAD, Andrea Leite; Dir. Dept. Ciências da Vida Uneb, Dr. Atson Fernandes.


O evento foi um importante fórum em defesa dos direitos humanos dos usuários de drogas. As mesas que enfocaram essa temática foram as mais concorridas. Os ativistas do movimento antiproibicionista, quanto ao uso de drogas, mostraram-se insatisfeitos com os rumos que as políticas públicas do governo federal estão tomando frente ao problema das drogas do Brasil.

O professor Elisaldo Carline, do CEBRID/UNIFESP, fez a palestra de abertura do evento. Ele foi enfático em criticar a violência da polícia paulista nos eventos protagonizados na crocolândia este ano. Segundo o professor, a ação da polícia paulista, com relação aos usuários de drogas, é ideológica e representa o “Estado contra o mundo dos pobres e dos despossuídos”, assinalou ele.

Para Carline, os políticos brasileiros têm tratado os usuários de drogas como se eles não fossem seres humanos e sociedade precisasse eliminá-los. Segundo ele, essa visão ideológica é fundamentada no que acontecia na Roma antiga, no ano 460 a.C, quando os romanos praticavam o infanticídio eliminando as crianças consideradas frágeis para o estilo de vida romano, atirando as da Rocha Tarpeia.


Professore Elisaldo Carline, CEBRID-UNIFESP

Aquilo que acontecia há 2 mil anos atrás pode ser comparado com a política de internação compulsório que um segmento da política nacional tenta impor aos usuários de drogas. Carline acrescentou que o Brasil tem uma longa trajetória de tentativas de segregação de pessoas que são consideradas indesejáveis por segmentos dominantes da sociedade.

O professor Elisaldo lembrou que o Decreto Lei nº 891, de 25 de Novembro de 1938, conhecido como a Lei de Fiscalização de Entorpecentes, no seu Artigo 27, rezava o seguinte: A toxicomania ou a intoxicação habitual, por substâncias entorpecentes, é considerada doença de notificação compulsória, em caráter reservado, à autoridade sanitária local. O pesquisador afirmou que essa lei demonstra a tendência dos políticos brasileiros de tentar segregar os usuários de drogas, já naquela época.

Segundo o professor Carline, a ONU já se pronunciou contra as condições desumanas como atuam algumas comunidades terapêuticas no Brasil. Ao contrário dos encaminhamentos da politica sobre drogas no País, a ONU quer o fechamento das entidades de internação forçada.

ENCERRAMENTO

Dr. Vitore Maximiano, Diretor da SENAD


O encerramento do evento contou com a participação do Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Dr. Vitore Maximiano. Ele enfatizou que a prevenção em rede deve ser o grande desafio da política sobre drogas no Brasil. Segundo o secretário, essas ações deverão ser realizadas de forma profissional, evitando-se os improvisos voluntarioso que ainda caracterizam essa área.

O secretário anunciou, para o próximo ano, uma grande campanha de prevenção ao uso de álcool entre adolescentes. Ele assinalou, ainda, que o principal desafio enfrentado pela SENAD é a oferta de serviços com qualidade aos usuários de drogas, “para alcançar essa meta a pesquisa científica precisa ser estimulada”, alertou.

O secretário disse que vê a proposta de internamento compulsório que tramita no Congresso Nacional com reservas, e afirmou que "os direitos humanos dos usuários devem ser respeitados". O secretário da SENAD disse que as comunidades terapêuticas serão implantadas, mas com a reserva da fiscalização e da normatização científica para garantir um serviço de qualidade aos usuários com respeito à pessoa humana.

A ABRAMD renovou a sua diretoria para o biênio 2014/2015. A professora Fátima Sudbrack, coordenadora do PRODEQUI, da UNB, foi eleita presidente da entidade, e propôs a realização do 5º Congresso em Brasília-DF.


sábado, 26 de outubro de 2013

GRUPO TECENDO VÍNCULOS DESENVOLVE ATIVIDADE JUNTO AO CEA, EM JOÃO PESSOA

Grupo Tecendo Vínculos

Os professores do CRR-IFPB, Vania Medeiros e Crisvalter Medeiros, reuniram-se, hoje (24), com   o grupo de trabalho “Tecendo Vínculos”, no  Anfiteatro do  Campus João  Pessoa,   do   IFPB,  para fazer uma supervisão do andamento das ações desenvolvidas pelo grupo.


O grupo é constituído por profissionais do SUS, SUAS e do Sistema de Justiça da Paraíba, que são alunos dos cursos do CRR-IFPB. O grupo está desenvolvendo uma atividade de articulação de rede no Centro Educacional do Adolescente (CEA), da Fundação de Apoio ao Adolescente, em João Pessoa. Participaram da reunião os alunos Lucilvio Silva, psicólogo; Manoel Cassimiro, promotor de justiça; Josenildo Silva, educador CEA, Luciana Lira, psicóloga.

O grupo tem o objetivo de ser mediador de vinculação entre o CEA e a rede de serviços localizada no território, onde o equipamento está instalado. No relatório sintético das atividades apresentadas pelo grupo ficou constatado que a equipe vem avançando na construção da rede subjetiva comunitária. O grupo também está sistematizando o mapeamento do capital social do território, e que já desenvolve algum tipo de atividade na Instituição.

A professora Vania Medeiros subsidiou o grupo com instrumentos do tratamento comunitário capazes de consolidar o papel de mediação na construção de rede de recursos comunitários.

Segundo ela, o desafio do grupo é fortalecer o protagonismo da comunidade do CEA, com o objetivo de melhorar as relações da instituição, de forma a garantir o atendimento aos adolescentes em medida socioeducativa

sábado, 19 de outubro de 2013

PROFISSIONAIS DE SANTA LUZIA, ALUNAS DO CRR, ESTÃO ESTIMULADAS PARA REALIZAR AÇÕES NA COMUNIDADE

Professores do CRR, Crisvalter e Vania Medeiros, ladeados pelas profissionais do SUS e SUAS, em Santa Luzia do Subugi, após momento de interação

A equipe do Centro de Referência Regional (CRR-IFPB) teve a oportunidade de interagir com as profissionais que atuam na rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, do município de Santa do Luzia do Sabugi, que fazem os cursos do referido CRR, para o biênio 2013/2014. O encontro com o grupo, que recebeu a denominação de “Vale do Sabugi”, aconteceu nesta quinta-feira (17), na Policlínica Dr. Kival de Araújo Gorgônio, da Secretaria Municipal de Saúde.

O CRR é o órgão de formação dos profissionais que atuam na rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, como parte das ações intersetoriais do Plano Crack, é possível vencer. A ação formativa é desenvolvida em João Pessoa, e outros municípios paraibanos, em parceria entre as secretarias do Governo do Estado, dos municípios, e Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), do Ministério da Justiça, através do IFPB.


Os professores do CRR, Vania Medeiros e Crisvalter Rogério, tiveram a oportunidade de discutir, com as alunas, os problemas relacionados às ações que são desenvolvidas cotidianamente no campo da atenção aos usuários de crack e outras drogas. As alunas, que atuam no campo da saúde mental e assistência social, alertaram para a demanda intermunicipal que ocorre em Santa Luzia, oriunda das diversas cidades polarizadas.

Santa Luzia dispõe de um CAPS especializado no atendimento de pessoas com transtorno mental. “Os pacientes com problemas de drogas também são atendidos localmente e feito o encaminhamento para o CAPSad de Patos”, informou Ana Karina Medeiros, coordenadora do CAPS.

A equipe que atua no equipamento tem feito diversos eventos com o objetivo de sensibilizar a comunidade para se integrar às ações profissionais voltadas aos cuidados com a saúde mental. “Mas o preconceito e o estigma com relação ao transtorno mental e as drogas ainda precisam de intervenção”, explicou ela.

Diante dos desafios enfrentados pela equipe de profissionais do Vale do Sabugi, a professora Vania Medeiros desenvolveu uma oficina sobre a construção do mapa da rede de recursos comunitários local. Essa rede é formada pelas entidades que a equipe de profissionais pode contar para atuar em parceria para debelar os problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.


No exercício de construção da rede de recursos comunitários, a equipe de profissionais identificou cerca de 50 entidades com as quais pode contar para desenvolver parcerias na área. O grupo ficou animado com a possibilidade da realização de atividades que possam dar visibilidade à rede de recursos comunitários no território, envolvendo representantes dessas entidades. As atividades teriam o objetivo de debater as ações a serem implementadas no campo da prevenção, intervenção e recuperação de usuários de substâncias psicoativas. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

GUARABIRA AVANÇA NO TRATAMENTO COMUNITÁRIO DE USUÁRIOS DE CRACK E OUTRAS DROGAS


Reunião no Hospital Regional de Guarabira

Integrantes da equipe do Centro Regional de Referência (CRR-IFPB) realizou, nesta sexta-feira (11), uma reunião de formação com o grupo de profissionais da rede SUAS/SUS e da segurança pública, alunos do CRR, da região metropolitana de Guarabira,  que agrega 17 municípios da Mesorregião do Agreste paraibano. A reunião aconteceu no Hospital Regional Antônio Paulino Filho.

Os profissionais da referida região metropolitana, que atuam na rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, estão desenvolvendo um projeto de tratamento comunitário com os detentos do presídio regional de Guarabira.

O grupo, que se intitula “Novo Olhar”, decidiu desenvolver um trabalho de reinserção social através da cultura popular  com a comunidade do referido presídio. Na primeira reunião já foram identificadas algumas potencialidades entre os segmentos de servidores e presidiários.


Grupo Novo Olhar (Guarabira)

Segundo o policial militar Clébio Martins, que integra o grupo, na comunidade interna do presídio há pessoas com vários tipos de talentos na área da cultura popular. “Já foram identificados um poeta cordelista e um artesão”, afirmou.

Na formação que fez com o grupo de Guarabira, a professora Vania Medeiros, coordenadora do CRR, sensibilizou a equipe para a identificação da rede de lideranças, no presídio de Guarabira, e da rede operativa da região. Segundo ela, a identificação dessas redes constitui parte essencial da metodologia do tratamento comunitário. O grupo Novo Olhar ficou estimulado com ação da equipe do CRR, “in loco”, e espera outras visitas.


O CRR é um projeto de extensão da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), que faz a formação dos profissionais que atuam na rede de atenção aos usuários de drogas através do plano crack, é possível vencer.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

De palhaço, médico combate o crack

Médico se aproxima dos usuários (Felipe Rau -Estadão)


Psiquiatra usa fantasia para se aproximar dos usuários e convencê-los a buscar tratamento

O sol começava a sair de trás das nuvens, por volta das 10h de anteontem, quando o psiquiatra Flavio Falcone, de 33 anos, formado pela Universidade de São Paulo (USP), abriu a porta do banheiro da Unidade De Braços Abertos, na Rua Helvetia, no coração da Cracolândia, centro de São Paulo. Com um nariz de bola vermelha e o rosto maquiado, usando uma cartola branca, terno de tecido grosso e uma gravata feita com gaze, ele já havia incorporado o palhaço Fanfarrone.

Pela décima vez nos últimos dois meses, Falcone repetia o ritual das últimas sextas-feiras. Fantasiado, aborda os usuários de crack nas ruas lotadas da Cracolândia para ganhar a confiança deles e convencê-los a iniciar um tratamento que possa livrá-los de uma das drogas mais consumidas no País. Um em cada três (35%) consumidores de drogas ilícitas nas capitais do País usa crack, conforme pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz, divulgada na quinta-feira.

As vestimentas do médico são inspiradas em Zé Pelintra, entidade da umbanda que, segundo uma versão sobre sua morte, bebia demais e foi atropelado depois de adormecer na linha de trem. "O palhaço ajuda a estabelecer uma relação horizontal, de igual para igual, com o povo daqui. De médico, imediatamente se cria uma hierarquia que eu prefiro desconstruir", diz. Depois dos primeiros passeios, um pandeiro também passou a fazer parte dos acessórios da peregrinação. Quando os usuários viam o palhaço, muitos o rodeavam e começavam a cantar com ele.

Logo nos primeiros passos, Fanfarrone é abordado por uma mulher de cerca de 30 anos, magra, cabelos castanhos, envelhecida pela droga, que vem conversar sobre astrologia. Ela pergunta o signo do palhaço, que responde ser de escorpião. A moça conta a história do marido do mesmo signo, que consome crack com ela. "Eu fumo para ficar na brisa, para ouvir música, para fazer amor. Ele fuma e fica violento, fala bobagens, me bate. Quando escorpião dá para ser ruim, sai de baixo", diz a moça.

Uma liderança da cena local começa a acompanhar Fanfarrone, depois de comunicada de que haveria fotos e que o repórter iria junto. Pardal, de 50 anos, foi com um chapéu verde-amarelo, segurando um acessório de penas coloridas. Usa óculos sem lentes para "passar uma imagem de respeito", que ele tira durante os bate-bocas com outros frequentadores.

Pardal estava agitado na manhã de sexta, sob o efeito da pedra. Contou que a Escola de Samba Tom Maior havia sido criada em sua casa, na zona sul, e depois se emocionou ao falar do filho que foi preso aos 15 anos e só agora havia saído da prisão. Assumiu com o palhaço o compromisso de participar de um grupo de música para o bairro, projeto ainda a ser apresentado ao poder público.

Fanfarrone segue pela Helvetia em direção à Rua Dino Bueno, onde fica "o fluxo", termo usado para definir o movimento de venda e consumo intenso da pedra. Ganha um boneco de pelúcia de presente de uma moça, que pede que ele guarde o bichinho com cuidado. Metros adiante, Fanfarrone perde o boneco, levado de seu bolso por um homem.

A rua está agitada às 10h30. Barraquinhas de roupas velhas ficam na calçada, num comércio de objetos sem valor para fazer dinheiro para manter o consumo da pedra. Em outro, são vendidos carrinhos de plástico quebrados e muitos restos de equipamentos eletrônicos. Um jovem branco, de cabelos claros e compridos, tenta vender uma bela jaqueta preta, no meio do fluxo, para obter recursos e comprar mais pedra.

Fanfarrone segue decidido, passando em meio à multidão efervescente. Para a reportagem, ele diz que a escolha do palhaço não foi gratuita. "O palhaço, na verdade, deu sentido para minha vida. Aqui, eu também busco a minha cura", conta. Criado em Piracicaba, no interior de São Paulo, ele sempre foi uma criança tímida. Seus pais eram donos de uma escola de balé. Desde os 4 anos, ele assistia, discretamente, a quase todas as aulas. Depois, repetia as coreografias escondido.

Sonho. Aos 14 anos, sonhou que estava tratando de dependentes químicos. Foi quando decidiu ser psiquiatra. Sempre teve facilidade com os estudos e ingressou na USP. Junto com a Medicina, passou a fazer aulas de palhaço e conseguiu se livrar da depressão que o perseguia. "O palhaço lida com as sombras. Ele revela o lado ridículo de situações que, às vezes, levamos muito a sério. Eu sempre fui uma pessoa tímida. Passei a rir de mim mesmo, o que foi mais eficiente do que qualquer terapia. Parece que, hoje, renasci e vivo em outra encarnação", diz.

A sombra dos frequentadores da Cracolândia, para o palhaço, é o potencial muitas vezes desperdiçado daquelas pessoas. Fanfarrone continua andando no meio da confusão, com gente de olhos arregalados por todos os lados, cachimbos de aço sendo acesos, discussões e dedos em riste, quando, de repente, um cego de roupa social aparece, tentando passar no meio do fluxo com a ajuda da bengala. Tudo pode parecer muito triste, mas Fanfarrone acredita no poder terapêutico de transformar em riso a miséria humana.

Nos primeiros dois meses de atividade, ele calcula ter conseguido "construir vínculos" com 30 pessoas. Um deles era HIV positivo. Depois de saber que tinha a doença, decidiu "morrer na Cracolândia". Fanfarrone disse que hoje pessoas com aids podem sobreviver por anos, desde que medicadas. Ao saber disso, o jovem começou a se tratar. Mas permanece na Cracolândia.

Fanfarrone evita arriscar um palpite sobre quanto tempo a região ainda vai conviver com a cidade. Mas arrisca uma definição sobre o local: "a Cracolândia é a sombra da cidade de São Paulo".


 O Estado de São Paulo -  BRUNO PAES MANSO

O BRASIL TEM 370 MIL USUÁRIOS DE CRACK


A Fio Cruz divulgou, recentemente, o resultado da primeira pesquisa sobre usuários de crack e outras formas similares da cocaína (pasta base, merla e “oxi”), desenvolvida pela instituição. A pesquisa realizada nas 26 Capitais brasileiras e no Distrito Federal foi coordenada pelos pesquisadores Francisco Inácio Bastos e Neilane Bertoni. 


O resultado do inquérito domiciliar demonstrou que existem cerca de 370 mil usuários de crack e similares derivados da cocaína no País. A pesquisa apontou, ainda, que nos municípios pesquisados a estimativa para o número de usuários de drogas ilícitas em geral (com exceção da maconha) é de 2,28%, ou seja, aproximadamente 1 milhão de usuários. Desta forma, os usuários de crack e/ou similares correspondem a 35% dos consumidores de drogas ilícitas nas capitais. A pesquisa faz parte das iniciativas do Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, sendo idealizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD).


O estudo sobre a estimativa do número de usuários de crack e/ou similares nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal foi realizado por meio de inquérito domiciliar de natureza indireta, ou seja, que não teve como foco primário a entrevista com usuários de drogas (método NSUM - Network Scale-up Method).

NORDESTE

No Nordeste foram identificadas 150 mil pessoas que fazem uso regular do crack. Conforme dados da pesquisa, as capitais da região Nordeste, ainda que estatisticamente apresentem proporções similares de uso frente às capitais da região Sul, foram as que apresentaram o maior quantitativo de usuários de crack e/ou similares.


A pesquisa também levantou informações sobre o uso da substância por menores de idade. Dentre os 370 mil usuários de crack e/ou similares estimados tem-se que cerca de 14% estão nesse segmento da população, representando aproximadamente, 50 mil crianças e adolescentes que fazem uso dessa substância nas capitais do país


Essas proporções de usuários menores de idade variam conforme a região do país. As capitais da região Nordeste são as que somam um maior quantitativo de crianças e adolescentes consumidoras de crack e/ou similares, correspondendo a cerca de 28 mil indivíduos. Enquanto que, nas capitais das regiões Sul e Norte, esse número é de cerca de 3 mil menores de idade, em cada uma dessas regiões.


Esta etapa da pesquisa foi realizada em 2012, com aproximadamente 25.000 pessoas, residentes nas capitais do país. Essas pessoas foram visitadas em seus domicílios e responderam a questões sobre suas redes sociais (de uma forma geral e com um foco em usuários de crack e outras drogas).

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

EQUIPE DO CRR-IFPB PARTICIPA DE CURSO NA FAVELA DA MARÉ, NO RIO DE JANEIRO


A coordenadora do Centro Regional de Referência (CRR-IFPB), professora Vania Medeiros, está participando de um curso sobre Tratamento Comunitário, na área de intervenção social em comunidades de alto risco em uso de drogas, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro.

O tratamento comunitário é uma metodologia de intervenção em comunidades de alto risco social que vem sendo implantada em países da América Latina, sob a supervisão do seu criado, professor Efrem Milanese. Ele é consultor da Caritas Internacional e fez doutorado na Universidade de Paris.


Essa nova modalidade de intervenção na área de drogas foi adotada de forma experimental no CRR do IFPB, em João Pessoa. A metodologia já vem sendo desenvolvida na Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraquay, Peru e Uruguai, cujos ativistas também estão participando da formação no Rio de Janeiro.



O curso está sendo ministrado em um equipamento comunitário da Prefeitura do Rio de Janeiro, instalado na Favela da Maré, com a participação da Ong – Rede Maré. Participam da formação, além da equipe do CRR da Paraíba, ativistas na área de drogas de vários países latino americanos.


A formação capacita os ativistas a fazerem contatos com comunidades de alto risco social e realizar o diagnóstico dos problemas, principalmente sobre a questão do uso de drogas. Segundo a professora Vania Medeiros, o mesmo curso será ministrado no IFPB, em João Pessoa, para a equipe ampliada do CRR e gestores de órgãos públicos, na próxima segunda e terça-feira (23/24). O curso será ministrado pelo professor Efrem Milanese.

A professora Vania informou, ainda, que a Favela da Maré é um complexo habitacional que conta com 140 mil pessoas. Segundo ela, é uma comunidade de trabalhadores, mas que ainda sofre a influência do narcotráfico instalado na região. A professora acrescentou que todos os dias, praticamente, há enfrentamento entre a polícia e os traficantes. As famílias da comunidade vivem uma dinâmica estressante, tendo que se recolher às pressas sempre que começam os enfrentamentos.


“No mais é uma comunidade de trabalhadores onde as pessoas vivem o seu dia-a-dia exercendo suas atividades profissionais e as crianças indo às escolas. A comunidade também conta com um intenso comercio local”, assinalou a professora.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Profissionais brasileiros e especialistas internacionais e nacionais debatem mudanças na política sobre drogas



Abertura do evento no Museu da República-Brasília-DF

Profissionais que atuam na área da atenção aos usuários de drogas do Ministério da Saúde e de projetos apoiados pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) tiveram a oportunidade de debater os problemas relacionados às políticas sobre drogas no Brasil, com especialistas nacionais e de outros países que adotaram políticas alternativas ao modelo de guerra à drogas e estão sendo bem sucedidos nas suas experiências.

O fórum que promoveu o debate foi o Simpósio Nacional sobre Drogas: da Coerção à Coesão, que aconteceu no período de 9 a 11, deste mês, no Museu da República, em Brasília-DF. O evento foi promovido pelo Ministério da Saúde e SENAD, com apoio de organizações internacionais, a exemplo do UNODC, OPAS, OMS,  bem como entidades não-governamentais. Os profissionais tiveram a oportunidade de conhecer as experiências de políticas sobre drogas deflagradas no Canadá, Holanda, Praga, Portugal e Uruguay.

Na abertura do Simpósio, que contou com a participação de autoridades nacionais e internacionais, o diretor da SENAD, Dr. Vítore Maximiano, disse que o evento reunia os profissionais mais seletos e especializados da área da saúde, bem como de outras relacionadas ao tema das drogas. Segundo ele, o Brasil precisava de um debate sereno para buscar saídas para o problema das drogas.

O evento foi uma ocasião para se analisar as políticas públicas em todos os níveis: prevenção, tratamento e a reinserção social. Na sua fala, na abertura do simpósio,  o ecretário acrescentou, ainda, que “devemos aprender as experiência exitosas de outros países nessa área”.

O clima no qual transcorreria o evento apareceu logo na premeira conferência, proferida pelo ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Sr. Paulo Vannuchi. A assinalou que o simpósio significava uma nova orientação de paradigma na política de drogas brasileira, seguindo uma tendência internacional que apontaria para o fim da guerra às drogas, que dizimou milhares de pessoas em todo o mundo nos últimos 40 anos.

Segundo Vannuchi, o tema da coerção à coesão suscita solidariedade com os usuários de drogas, sendo essa a tônica do caminho político que o Brasíl decidiu trilhar desde 1988, que estabeleceu, efetivamente, a democratização na área da saúde. “A guerra às drogas no Brasil terminou”, vaticinou o ilustre defensor dos direitos humanos.

Um momento bem especial do evento, que pode ser considerado como uma inovação em seminários sobre as drogas, foi colocar frente à frente os profissionais da atenção aos usuários de substâncias psicoativas e os atores da grande imprensa nacional para analisarem o relacionamento da mídia com os usuários e com a política da área. Os  dois segmentos tiveram a oportunidade de avaliar com honestidade e coerência suas limitações e competências. Espera-se que o debate tenha prosseguimento e que, no futuro, exista uma cobertura adequada dos meios de comunicação sobre a temática. Esta foi a expectativa de todos, ao final da mesa, que contou com representantes da Folha de São Paulo, Estadão, Carta Capital e Rede Tv.

Uma das mesas mais instigantes, do simpósio, foi a que possibilitou o conhecimento das políticas sobre drogas da Holanda, Canadá, Praga e Portugal. Através da experiência dos especialistas desses países, os profissionais brasileiros tiveram a oportunidade de entender que uma nova realidade vem se estabelecendo no mundo como alternativa aos modelos estigmatizantes de lidar com a realidade do uso recreacional ou problemático de substâncias psicotrópicas.

O tema do simpósio foi fundamentado no documento do UNODC, organismo das Nações Unidas para as drogas e crimes: Da coerção à coesão. O documento defende mudanças que passam de uma abordagem coertiva para outra que valorize a construção de espaços de coesão social. Essa mudança requer o enfrentamento de uma série de problemas sociais, a exemplo da violência, corrupção, desemprego, acobertura dos sistemas de saúde, educação incipiente, encarceramento crescente, dentre outros problemas.

O referido documento apresenta 10 itens como os principais fatores de risco e ameaças à coesão social: a desigualdade social, migração, transformação política e econômica, a cultura do excesso emergente, o crescimento do individualismo e o consumismo, mudança de valores tradicionais, situações de conflito bélico, rápida urbanização. E mais: a perda de respeito pela lei, e a influência de uma economia de drogas ilícitas em nível local.
Da programação do evento constou, ainda, além do tema da coerção à coesão: drogas, economia e exclusão social; inovações internacionais frente à política sobre drogas: pragmatismo e direitos;  mídia e drogas; direitos humanos, cidades e drogas.


Os integrantes da equipe do Centro Regional de Referência, em João Pessoa, Crisvalter Medeiros (IFPB); Shirlene Queiroz, Coordenadora de Saúde Mental do Governo da Paraíba; e Janaína Demery, da Coordenação Municipal de Saúde Mental; além da professora Aparecida Penso, UCB, participaram do evento.