segunda-feira, 25 de novembro de 2013

PRIMEIRO CURSO DE TRATAMENTO COMUNITÁRIO NO BRASIL TEVE ÚLTIMO MÓDULO NA PARAÍBA


Na semana de 18 a 22, a Paraíba sediou o encerramento do primeiro Curso de Tratamento Comunitário ministrado no Brasil. O Tratamento comunitário é uma metodologia de intervenção na área de uso de drogas e sofrimento social produzido a partir de experiências geradas em diversos países da América Latina.

O curso foi composto por quatro módulos, sendo dois realizados em São Paulo, com aulas práticas na cracolândia; um no Rio de Janeiro, Favela da Maré; e último em João Pessoa. Participaram da formação 46 ativistas na área de drogadição e exclusão social grave, representando 10 países latino-americanos. A formação foi promovida pelo Instituto Empodera e Ong Lua Nova, de Sorocaba-SP, e ministrada pelo professor italiano Efrem Milanese.

O tratamento comunitário é um método de intervenção que prioriza cinco eixos: organização/prevenção; educação, assistência básica, trabalho e a cura médica e psicológica. O método foi iniciado a partir de uma experiência de intervenção em uma comunidade terapêutica de usuários de drogas, localizada na cidade do México, em 1989, com a colaboração de outras organizações não governamentais latino-americanas, sendo sistematizado pelos pesquisadores  italianos Efrem Milanese e Roberto Merlo.

Os ativistas que foram formados darão continuidade às atividades de tratamento comunitário nos  seus respectivos países focando mais na parte prática das iniciativas.

No Brasil está sendo construída uma proposta de formação de 15 equipes de agentes em tratamento comunitário, como resultado de uma parceria entre a SENAD-Ministério da Justiça, Rede Americana de Intervenção em Situação de Sofrimento Social (RAISSS), IFPB e UFPB. O curso vai formar 45 operadores dos diversos Estados brasileiros.


Além dos atividades dos 10 país da América Latina e do Brasil, o evento contou com a participação do procurador do município de João Pessoa, de técnicos das secretárias de Saúde, de Desenvolvimento Social, Segurança Pública e Cidadania, Educação e Cultura, de Juventude, Esporte e Recreação, Ouvidoria, da PMJP; bem como da coordenação de Saúde Mental do Estado da Paraíba.

Veja mais fotos do evento:

















terça-feira, 5 de novembro de 2013

O MOVIMENTO ANTIPROIBICIONISTA SOBRE DROGAS, NO BRASIL, MOSTROU-SE ARTICULADO NO 4º CONGRESSO DA ABRAMD, EM SALVADOR-BA


A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), localizada no bairro do Cabula, em Salvador, sediou, no período de 31 de outubro a 2 de novembro, um dos mais intensos debates sobre as políticas publicas sobre drogas da região, realizados em 2013. O 4º Congresso da ABRAMD contou com cerca de 600 participantes, entre profissionais, docentes, pesquisadores e estudantes; com 250 trabalhos científicos inscritos. O evento prestigiou os 30 anos de atuação profissional do professor Antônio Nery, da Universidade Federal da Bahia.

Profissionais, pesquisadores, professores e estudantes, de diversas regiões do País, lotaram o auditório da UNEB, no Cabula, em Salvador, para participar o 4º Congresso da ABRAMD.

Mesa de abertura:Mesa de abertura: Dir. Dept. Educação da UNEB, Drª. Carla Liane; Presidente do evento, Osvaldo Fernandez; Presidente Abramd, Marcelo Sodelli; Presidente de Honra, Dr. Antônio Nery Filho; Representante da Sec. de Educação do Estado da Bahia, professora Amélia Santa Rosa; Repesentante SENAD, Andrea Leite; Dir. Dept. Ciências da Vida Uneb, Dr. Atson Fernandes.


O evento foi um importante fórum em defesa dos direitos humanos dos usuários de drogas. As mesas que enfocaram essa temática foram as mais concorridas. Os ativistas do movimento antiproibicionista, quanto ao uso de drogas, mostraram-se insatisfeitos com os rumos que as políticas públicas do governo federal estão tomando frente ao problema das drogas do Brasil.

O professor Elisaldo Carline, do CEBRID/UNIFESP, fez a palestra de abertura do evento. Ele foi enfático em criticar a violência da polícia paulista nos eventos protagonizados na crocolândia este ano. Segundo o professor, a ação da polícia paulista, com relação aos usuários de drogas, é ideológica e representa o “Estado contra o mundo dos pobres e dos despossuídos”, assinalou ele.

Para Carline, os políticos brasileiros têm tratado os usuários de drogas como se eles não fossem seres humanos e sociedade precisasse eliminá-los. Segundo ele, essa visão ideológica é fundamentada no que acontecia na Roma antiga, no ano 460 a.C, quando os romanos praticavam o infanticídio eliminando as crianças consideradas frágeis para o estilo de vida romano, atirando as da Rocha Tarpeia.


Professore Elisaldo Carline, CEBRID-UNIFESP

Aquilo que acontecia há 2 mil anos atrás pode ser comparado com a política de internação compulsório que um segmento da política nacional tenta impor aos usuários de drogas. Carline acrescentou que o Brasil tem uma longa trajetória de tentativas de segregação de pessoas que são consideradas indesejáveis por segmentos dominantes da sociedade.

O professor Elisaldo lembrou que o Decreto Lei nº 891, de 25 de Novembro de 1938, conhecido como a Lei de Fiscalização de Entorpecentes, no seu Artigo 27, rezava o seguinte: A toxicomania ou a intoxicação habitual, por substâncias entorpecentes, é considerada doença de notificação compulsória, em caráter reservado, à autoridade sanitária local. O pesquisador afirmou que essa lei demonstra a tendência dos políticos brasileiros de tentar segregar os usuários de drogas, já naquela época.

Segundo o professor Carline, a ONU já se pronunciou contra as condições desumanas como atuam algumas comunidades terapêuticas no Brasil. Ao contrário dos encaminhamentos da politica sobre drogas no País, a ONU quer o fechamento das entidades de internação forçada.

ENCERRAMENTO

Dr. Vitore Maximiano, Diretor da SENAD


O encerramento do evento contou com a participação do Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Dr. Vitore Maximiano. Ele enfatizou que a prevenção em rede deve ser o grande desafio da política sobre drogas no Brasil. Segundo o secretário, essas ações deverão ser realizadas de forma profissional, evitando-se os improvisos voluntarioso que ainda caracterizam essa área.

O secretário anunciou, para o próximo ano, uma grande campanha de prevenção ao uso de álcool entre adolescentes. Ele assinalou, ainda, que o principal desafio enfrentado pela SENAD é a oferta de serviços com qualidade aos usuários de drogas, “para alcançar essa meta a pesquisa científica precisa ser estimulada”, alertou.

O secretário disse que vê a proposta de internamento compulsório que tramita no Congresso Nacional com reservas, e afirmou que "os direitos humanos dos usuários devem ser respeitados". O secretário da SENAD disse que as comunidades terapêuticas serão implantadas, mas com a reserva da fiscalização e da normatização científica para garantir um serviço de qualidade aos usuários com respeito à pessoa humana.

A ABRAMD renovou a sua diretoria para o biênio 2014/2015. A professora Fátima Sudbrack, coordenadora do PRODEQUI, da UNB, foi eleita presidente da entidade, e propôs a realização do 5º Congresso em Brasília-DF.