quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Centros Regionais de Referência (CRRs) da Paraíba vão atuar em parceria a partir de 2014


Coordenadoras dos CRRs da Paraíba: Jade Vieira (UEPB) e Vania Medeiros (IFPB)

A política de drogas no Estado Paraíba vai ser intensificada com ações de formação dentro do plano “Crack, é possível vencer”, em 2014. O Estado já conta com dois Centros Regionais de Referência - CRR. Os órgãos são responsáveis pela política de capacitação dos profissionais que atuam na rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, os familiares e pessoas da comunidade envolvidas com a temática. Os CRRs da Paraíba funcionam como projetos de extensão da Universidade do Estado (UEPB) e do IFPB.

As coordenadoras dos CRRs, da Paraíba, professora Vania Medeiros (IFPB) e Jade Vieira (UEPB), decidiram implementar uma parceria para dinamizar as ações na área de formação em crack e outras drogas, seguindo as diretrizes nacionais do plano “Crack, é possível vencer”, bem como as orientações das políticas locais sobre drogas.

Segundo a professora Jade Vieira, coordenadora do CRR, da UEPB, a parceria firmada entre os CRRs vai garantir a autonomia e a consolidação dos referidos centros no âmbito da política institucional da Educação Superior no estado da Paraíba, além de promover a integração regional das ações nessa área.

 TRAMENTO COMUNITÁRIO

Dentre as ações planejadas para 2014 estão a integração das equipes para colaboração mútua e fortalecimento da abordagem em tratamento comunitário. Nesse sentido, será realizado, já no primeiro semestre do próximo ano, um curso sobre a metodologia do Tratamento Comunitário, com a participação de entidades governamentais e não-governamentais. O Instituto Empodera e a Associação Lua Nova, do Estado de São Paulo, terão papel proativo nessa iniciativa.

O curso em Tratamento Comunitário será aberto aos atores sociais em todas as frentes de atuação envolvendo a temática das drogas: direitos humanos, saúde, assistência, movimentos sociais, educação, justiça e segurança pública. O curso será ministrado pelas equipes dos CRRs, com o apoio de formadores com experiência em Tratamento Comunitário no âmbito nacional.

Segundo a professora Vania Medeiros, coordenadora do CRR-IFPB, O tratamento comunitário é um método de intervenção que prioriza cinco eixos: organização/prevenção; educação, assistência básica, trabalho e a cura médica e psicológica. O método foi iniciado a partir de uma experiência de intervenção em uma comunidade terapêutica de usuários de drogas, localizada na cidade do México, em 1989, com a colaboração de outras organizações não governamentais latino-americanas, sendo sistematizado pelos pesquisadores  italianos Efrem Milanese e Roberto Merlo.


Segundo as coordenadoras dos CRRs, da Paraíba, um dos aspectos mais importantes dessa parceria será o fortalecimento das estratégias das políticas sobre drogas no âmbito das ações acadêmicas na região. “Todas as ações deverão acontecer dentro de critérios de transparência que se coadunem com os pressupostos éticos das ações democráticas e dos princípios republicanos”, assinalou a professora Vania Medeiros.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PESQUISA: VIDAS EM RECUPERAÇÃO



A Ong norte-americana Faces and Voices Of Recovery divulgou, recentemente, no site da entidade o resultado da primeira pesquisa sobre a qualidade em todas as áreas da vida de pessoas em recuperação do uso de drogas. A pesquisa intitulada: Life in Recovery Survey, foi realizada em língua inglesa e espanhola, no período de 01 de novembro a 31 de dezembro do 2012.


As informações coletadas incluem características sociodemográficas, qualidade da saúde física e mental, uso de substâncias e a história da recuperação, além de mais 44 itens que representaram as experiências de vida no trabalho, as condições financeira e situação jurídica, familiar, social, domiciliar e de cidadania dos participantes. Cerca de 3 milhões de pessoas responderam os questionários disponibilizados através da internet.


O estudo destaca a necessidade da remoção das barreiras discriminatórias para pessoas com dependência química alcançarem a recuperação e critica os altos custos da dependência que atinge a soma de $ 343 bilhões por ano, nos Estados Unidos.


Os resultados da primeira pesquisa nacional de pessoas em recuperação da dependência de álcool e outras drogas realizada nos Estados Unidos e divulgado recentemente pela Faces and Voices of Recovery  (Caras e  Vozes da Recuperação) documenta os pesados custos da dependência para os indivíduo e a nação. Pela primeira vez, nos Estados Unidos, foram dimensionados os efeitos benéficos da recuperação a longo do tempo. Durante a sua adicção ativa, 50 por cento dos entrevistados haviam sido demitidos ou suspensos uma vez ou mais dos postos de trabalho, 50 por cento tinham sido presos pelo menos uma vez. A situação significa um custo social total de 343 milhões de dólares.


Nos Estados Unidos,  atualmente, existem cerca de 23 milhões de pessoas em recuperação da dependência química. As melhorias em todas as áreas da vida provocadas pela recuperação incluem redução em dez vezes para o envolvimento com o sistema de justiça criminal e uso dos setores emergenciais da saúde, além de promover um aumento de 50 por cento na participação em atividades familiares e no pagamento de impostos, em comparação com as situações da adicção ativa . No entanto, o estudo identificou que as práticas discriminatórias em habitação, emprego, cobertura de seguro de saúde e em outras situações sociais continuam criando enormes barreiras para a recuperação.


"Já esstá na hora de se adotar medidas para acabar com a discriminação que as pessoas enfrentam em busca da recuperação da dependência. Conforme esse levantamento de Faces and Voices, os benefícios da recuperação devem ser levados a todos", disse o ex- congressista Patrick Kennedy.


"Esta pesquisa demonstrou, pela primeira vez, que o investimento na recuperação faz sentido. Quando alcançarmos a ajuda e o apoio que precisamos, teremos mais pessoas empregadas, pagando suas contas e impostos, votando, sendo voluntários nas nossas comunidades e cuidando melhor da saúde e da família ", disse a presidenta da Faces and Voice of Recovery, Dona Dmitrovic . "Apelamos aos Estados e ao Congresso, continuou a ativista, para reformar as políticas de drogas, abordando a remoção das barreiras discriminatórias, garantindo acesso e financiamento para uma gama completa de cuidados de saúde e outros serviços no sentido de apoiar os americanos para iniciarem e sustentarem o seu processo de recuperação, bem como aumentar os investimentos em pesquisas para identificar a qualidade e as políticas e práticas de promoção da recuperação".


Enquanto os altos custos da dependência de drogas estão bem documentados, muito pouco se sabe sobre as alterações em áreas-chave da vida das pessoas que conseguem entrar em recuperação sustentada, e quando isso ocorre. A pesquisa quantificou as experiências de recuperação ao longo do tempo, ou seja, menos de 3 anos, de  3 a 10 anos e mais de 10 anos.


"Os resultados da pesquisa são um alerta de ação para aqueles que tomam as decisões políticas e para o público em geral", disse Dmitrovic, assinalando que:  "A vida fica cada vez melhor com a progressão da  recuperação".


A Recuperação de Dependentes está associada à melhora em todos os âmbitos. Por exemplo,  envolvimento em atos ilegais e envolvimento com o sistema de justiça criminal (as prisões e encarceramento) diminuem em cerca de dez vezes; o emprego estável de quem está em recuperação de dependência aumenta em mais de 50%, em relação à adicção ativa; o uso freqüente dos setores de saúde diminui em 10 vezes. E mais: pessoas em recuperação voltam a pagar suas contas em dias; o planejamento para o futuro (por exemplo, poupar para a aposentadoria) aumenta quase três vezes; o envolvimento em violência doméstica (como vítima ou agressor) diminui drasticamente; participação em atividades da família aumenta em 50%; serviços voluntariados na comunidade aumentam quase três vezes em comparação com a adicção ativa; aumenta significativamente a participação em eleições; os relatos de problemas de saúde emocional / mental não tratados diminuem em torno de quatro vezes; também aumenta o dobro da participação em educação ou treinamento continuado, frente aos que ainda estão no uso ativo de alguma substância.

Os benefícios da recuperação da dependência ao longo dos anos

Em suma, pode se afirmar que à medida que as pessoas ficam mais tempo em recuperação do uso de drogas, aumenta a coleta de impostos, melhora a situação do crédito diminuindo as inadimplências no comércio. O envolvimento cívico melhora à medida que aumenta o número de eleitores e os serviços de voluntariado. Com a progressão da recuperação observa-se que as pessoas passam a se envolver mais com práticas adequadas de saúde, a exemplo de fazer uma dieta saudável, fazer exercícios físicos regulares e exames dentários. Com a recuperação, aumenta o número de pessoas voltando à escola e buscando formação profissional. Além de aumentar o número de empregados, também aumento a quantidade de pessoas entrando na área do empreendedorismo. O restabelecimento dos vínculos com a família aumentam em torno de 68% para 95%.

Endereço:  http://www.facesandvoicesofrecovery.org

domingo, 1 de dezembro de 2013

SEMINÁRIO REÚNE EXPOENTES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DA PESQUISA SOBRE DROGAS EM JOÃO PESSOA-PB


A Paraíba sediou, no período de 25 a 27, o mais importante evento científico sobre drogas do País. O Seminário Internacional de Pesquisa sobre Drogas, que aconteceu no Hotel Ouro Branco, na Praia de Tambaú, em João Pessoa, contou com a participação de pesquisadores de centros de excelência acadêmica nacionais, além de pesquisadores internacionais. O evento foi coordenado pela professora Helena Barros, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com o apoio da Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas. O Centro Regional de Referência do IFPB acolheu o evento.

O professor Efrem Milanese, autor da metodologia de intervenção na área de drogas: Epistemologia da complexidade, ética e comunidade (ECO-2), fez a palestra de abertura do simpósio enfocando o tema do tratamento comunitário. Essa metodologia de intervenção comunitária foi sistematizada pelo professor Efrem, a partir de experiências desenvolvidas em diversas partes do mundo, principalmente em países da América Latina.

O representante do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), Mário Castro, fez explanação sobre os resultados da políticas de descriminalização das drogas em Portugal, destacando que não houve aumento do uso dessas substâncias com as mudanças na política.

A coordenadora do CRR-IFPB, professora Vania Medeiros, apresentou a experiência de formação que vem ocorrendo no Centro nessa etapa 2013/104, com elementos do tratamento comunitário. Ela participou de uma mesa redonda ao lado da psicóloga Raquel Barros, da Lua Nova; e do professor Efrem Milanese.


Além das pesquisas na área das intervenções clínicas, as iniciativas de prevenção foram bastante polemizadas no evento. A professora Fátima Sudbrack, do PRODEQUI, da UnB, apresentou os dados relacionados ao projeto do curso à distância para formação de educadores de escolas públicas. Já o coordenador de Saúde Mental, do Ministério da Saúde, professor Roberto Tykanori, defendeu uma nova metodologia de prevenção ao uso de drogas para as escolas que está sendo implantada com a partição do UNODC.



As experiências sobre políticas de drogas do Canadá, apresentadas por Brian Rush; de Portugal, mostradas pelo Dr. Mário Castro, além das iniciativas do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, demonstradas por Gregor Burkhart, foram momentos importantes para o intercâmbio de evidências  na área de drogas entre os participantes do evento

DEBATE


Durante o evento, o Secretário Vitore Maximiano fez um debate sobre o PL 37/2013, do Senador Osmar Terra, que altera o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad). Ele garantiu que quando for apresentada a versão final do projeto, convocará os coordenadores dos CRRs para uma discussão sobre os aspectos da Lei que serão alterados.