Marcelo Sodelli foi reconduzido à presidência da ABRAMD para 2012/2014
O 3º Congresso Internacional da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas (ABRAMD), que aconteceu no período de 31 de outubro a 02 de novembro no Hotel Dall’Onde, em Bento Congalves-RS, contou com a participação de 250 pessoas entre estudantes, educadores e profissionais. No final do evento, o professor da Faculdade de Psicologia, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Marcelo Sodelli, foi reconduzido à presidência da entidade para o biênio 2012/2014. O professor Marcelo Sodelli falou sobre os objetivos da Abramd.
P. Professor Marcelo, qual o objetivo desse evento?
R. O evento teve o objetivo de trabalhar com a interface entre cultura, educação e saúde, porque a questão da droga ela não caminha em uma só direção, para compreendê-la é preciso varias disciplinas.
P. Qual é a importância da ABRAMD no contexto das políticas sobre drogas no País?
R. A ABRAMD nasceu com a idéia de criar um espaço onde as questões relacionadas às drogas pudessem ser pensadas de maneira mais ampla, ou seja, não só vinculadas à área médica, nem só á área policial, nem também vinculada apenas à área criminal. A ABRAMD é um espaço no qual o ser humano é o foco fundamental. Desta forma, os questionamentos relacionados às drogas devem ser observados a partir da relação do homem com as substâncias, sem privilegiar o homem nem a droga, mais entendo essa relação de forma complexa.
P. Neste sentido, há algum projeto em políticas públicas que a ABRAMD esteja dando mais destaque atualmente?
R. A ABRAND defende que as questões relacionadas às drogas não sejam vista apenas pelo enfoque das políticas de repressão. É preciso tratar o problema com mais sinceridade e do ponto de vista dos direitos humanos.
P. Marcelo, existe no país uma comunidade em recuperação do uso de drogas. Considerando que ainda há muito estigma e preconceito com o usuário, ou com quem está em recuperação da dependência, a Abramd teria algum projeto que vise a mobilização social dessa população junto aos profissionais e a outros segmentos interessados no problema?
R. Realmente, a idéia da Abramd é tentar diminuir o preconceito, principalmente, quando se pensa a droga apenas sobre o aspecto das substâncias ilícitas. A abramd, na verdade, quer discutir o uso de qualquer tipo de droga, criar um espaço onde as pessoas possam pensar essas questões de uma maneira mais ampla no sentido de tentar trazer à tona as verdadeiras questões, ou seja, não pensar unicamente na dependência, mas pensar também na questão do uso de risco, uso cultural, pensar na banalização das drogas lícitas, por exemplo, o álcool. Eu acho que é isso que a Abramd tenta fazer.
P. Qual é a importância da população realmente se envolver nessas discussões?
R. A importância é quebrar o preconceito para que a população entenda que todos de alguma forma fazem uso de alguma droga. Na sociedade atual, todas as pessoas fazem uso de algum tipo de substancia e aí a questão é entrar no abuso, numa forma de usar que leva ao aprisionamento. Nesse sentido, a população deve ser pensada como um todo, desde a educação infantil, até a vida na universidade e no campo profissional. As drogas devem ser tratadas não como um problema exclusivo de uma pessoa ou de alguns indivíduos, mas como uma questão que todo ser humano tem que lidar com ela em algum momento da sua vida.
P. Qual é a importância da comundide científica nesta questão, já que ela não está tão envolvida exceto em alguns centros de excelência?
R – Nesse sentido a Abramd tenta integrar tanto a sociedade civil, como pessoas que estão interessadas em discutir esta questão como pesquisa. Portanto, a idéia é trabalhar com esse tema de uma forma multidisciplinar. É importanto trazer tanto os leigos preocupados com essa questão, como também os pesquisadores que muitas vezes estão mais distantes desta realidade específica. Fazer essa interface é fundamental para a ABRAMD.
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