domingo, 30 de outubro de 2011

Pesquisadores, educadores e estudantes se reúnem em Bento Gonçalves-RS para debater o problema das drogas no Brasil


Congresso tem início com debate sobre psicotrópicos

Crisvalter Medeiros

“Estamos diante de uma nova era para os agentes psicoativos que estão deixando de ser usados para os sinais de sintomas em pacientes, passando a ser utilizados em indivíduos sadios que por circunstâncias ambientais apresentam acanhamento, tristeza e outras realidades próprias da condição humana”


A conclusão foi apresentada pelo professor Elisaldo Luiz Araújo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID), na palestra de abertura do 3º Congresso da Associação Brasileira de Estudos Multidisciplinares sobre Drogas (Abramd), que teve início neste domingo (30), no Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves-RS.


Segundo ele, a ampla utilização de psicotrópicos impede a sociedade de lidar com os seus problemas básicos por outros meios e investe na promessa de melhorar a criatividade, a moral, a personalidade e alcançar a felicidade através desses produtos. “Os psicotrópicos são utilizados por 2/3 das mulheres não como um recurso médico, mas com a finalidade de melhorar a estética”, alertou.


O professor Carlini disse que o sonho da farmacologia é nos dar algo que os seres humanos nunca tiveram antes de forma plena: alegria, paz e bondade amorosa. Nos últimos 20 anos, acrescentou o pesquisador, a farmacologia vem tentando criar o “homo artificialis” que consiste no aumento da autoconfiança, autoestima, paz interior, tolerância, melhor humor, infalibilidade, beleza e sociabilidade; criando, assim, um tipo de raça superior, sem ser através da seleção genética.


Na opinião do professor Carlini, tudo isto não passa de um estímulo à consolidação de uma cultura de “dopping” geral com o objetivo de incentivar o consumo desses produtos e incrementar o poder econômico dessa indústria. “Em 2010 foram feitas 10 milhões de prescrições de psicotrópicos, gerando uma margem de lucro de bilhões de  reais”, revelou o professor.


Na opinião do professor Carlini, os conselhos profissionais não estão interessados em refletir sobre essa  realidade. Desta forma, ele sugeriu que a Abramd, como uma entidade multidisciplinar na área de drogas, deve liderar estudos nessa área para tentar mudar essa situação.


A programação do evento do Congresso da Abramd em Bento Gonçalves prosseguirá até a próxima quarta-feira com o debate dos temais mais atuais na área da prevenção, do uso e do abuso de drogas.

sábado, 29 de outubro de 2011

EQUIPE INTERINSTITUCIONAL DO CRR SE REÚNE, EM JOÃO PESSOA, PARA PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES FINAIS

Professores do CRR em momento de descontração

Crisvalter Medeiros


A equipe interinstitucional de profissionais que constitui o Centro Regional de Referência para Formação Permanente de Profissionais que Atuam na Área de Drogas (CRR-IFPB) formada por professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Católica de Brasília-UCB e Universidade de Brasília (UNB), além de profissionais de São Paulo, esteve reunida na última quinta-feira (27), em João Pessoa, para deliberar sobre o planejamento das atividades finais dos quatro cursos que estão sendo ministrados no CRR para os profissionais das redes SUS e SUAS na Paraíba.

A equipe fez encaminhamentos sobre os estudos e análise dos dados referentes à pesquisa sobre a representação social dos profissionais que participam dos cursos do CRR sobre os usuários de drogas. A pesquisa também vai analisar o perfil desses profissionais e a repercussão da formação recebida nos referidos cursos sobre a representação desses profissionais com relação aos usuários atendidos nas redes.

A referida pesquisa teve início na fase preliminar dos cursos do CRR com a aplicação de instrumentos para coleta de dados. Na fase final será ministrado um pós-teste. Segundo as coordenadoras locais da pesquisa Vania Medeiros (FPB) e Socorro Vieira (UFPB), esse trabalho consolida o apoio de centros de excelência do país à pesquisa sobre drogas no Nordeste.

Na mesma reunião foi realizado o planejamento final das atividades dos cursos do CRR. Também foi discutido o processo de avaliação dos profissionais que acontecerá, nesses dois últimos meses, através de trabalhos intersetorializados com a formação de grupos entre as cinco turmas concluintes.

O tema escolhido para o trabalho final foi o gerenciamento de caso que vai aglutinar todas as discussões finais nos grupos de estudo.

A equipe do CRR também discutiu os detalhes sobre a estruturação de um curso de especialização para 2012 na área da reinserção social. O curso de especialização que será destinado aos alunos dos cursos do CRR vai ser financiado pela SENAD-Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.

Na avaliação da equipe o que vem acontecendo na Paraíba é a constituição de um grupo regional envolvendo essas instituições do Nordeste, com o apoio de universidades de Brasília e profissionais de são Paulo, para implementação de projetos locais de pesquisa e de extensão, além de cursos que venham atender às demandas locais.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

REDE PARAÍBA DE COMUNICAÇÃO VAI DEFLAGRAR CAMPANHA EDUCATIVA SOBRE DROGAS

Autoridades e especialistas debatem o problema das drogas com jornalistas

Crisvalter Medeiros


A Rede Paraíba de Comunicação vai realizar uma campanha de prevenção ao uso de drogas com o objetivo de contribuir para diminuir o problema que preocupa todos os segmentos sociais do Estado da Paraíba.

A editora regional da Rede Paraíba de Comunicação, jornalista Ana Viana, convocou uma primeira reunião com autoridades, especialistas em drogas, lideranças de movimentos comunitários, educadores e familiares de usuários, na superintendência da TV Cabo Branco, em João Pessoa, nesta quarta-feira (26) para anunciar a campanha e solicitar apoio para a iniciativa.

O Juiz  Fabiano Moura de Moura, titular da 1ª Vara da Infância e Juventude, que participou da reunião, destacou a importância social da iniciativa e sugeriu que a campanha leve uma mensagem de esperança para as famílias paraibanas que estão sofrendo com o problema das drogas.

Um momento intenso da reunião foi o pedido de ajuda de uma mãe residente na comunidade São Rafael para um filho de 15 anos de idade usuário de maconha. O testemunho da mãe comoveu a todos. O Juiz Fabiano de Moura e a Secretária de Estado do Desenvolvimento Humano (SEDH), Aparecida Ramos, que também esteve presente à reunião, decidiram dar um encaminhamento ao caso.

A reunião contou, ainda, com a participação de dois médicos psiquiatras que estão preocupados com o problema da dependência química: Alfredo Minervino, da Associação Brasileira de Psiquiatria e Rivânio Rodrigues, presidente da Associação Paraibana. Eles defenderam medidas eficazes na área de internação hospitalar para os casos de uso de drogas. “Informação sem ação cai no vazio, precisamos de alternativas concretas para o problema que vem se agravando cada vez mais na nossa sociedade”, alertou Rivânio.

A secretária Aparecida Ramos defendeu uma campanha articulada com a participação de vários segmentos sociais e os equipamentos públicos disponíveis para essa área.

A coordenadora da Pastoral da Sobriedade, professora Maria da Guia Oliveira, que representou o segmento católico na reunião, enfatizou a importância da campanha colocando os recursos da entidade à disposição.

A professora Vania Medeiros, coordenadora do Centro Regional de Referência para a formação permanente dos profissionais que atuam na área de drogas, defendeu uma maior integração dos profissionais com a mídia visando a construção de discursos adequado para as abordagens sobre o problema das drogas. A professora informou que está articulando um curso para pessoas em recuperação e familiares para que esse segmento possa atuar de forma organizada nessa área. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ESTUDANTES DE MEIO AMBIENTE, DO IFPB, APROVAM TRABALHOS EM EVENTO INTERNACIONAL

Grupo vai apresentar trabalhos no Congresso da ABRAMD

Crisvalter Medeiros


Os alunos do Curso Técnico Integrado em Controle Ambiental do Campus de João Pessoa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), que participam das atividades de extensão no Núcleo de Estudos Trandisciplinares em Dependência Química (NETDEQ), da Pró-Reitoria de Extensão, aprovaram quatro projetos no 3º Congresso Internacional da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas (ABRAMD).

O evento vai reunir em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, no período de 30.10 à 02.11.2011, acadêmicos, educadores, estudantes, lideranças comunitárias e autoridades nas áreas de prevenção ao uso, abuso e dependência de drogas.

Os projetos aprovados são: A mobilização da comunidade de Conde - PB para implantação do COMAD (Conselho Municipal sobre Drogas), desenvolvido pela aluna Jaqueline Carla Roque Vicente; O impacto do uso de TIC (Tecnologias da Informação na Comunicação) na prevenção ao uso de drogas entre estudantes da modalidade EJA, de Samara Amorim de Araújo e Viviane Silva Lima; A expansão para o âmbito intermunicipal da ação educativa envolvendo a interdisciplinaridade entre o Geoprocessamento e a prevenção ao uso de drogas, por Dário Macedo de Lima e Mídia e drogas: a Construção do discurso sobre drogas na mídia impressa paraibana, de Caroline Targino e Anna Paula Dutra. Os projetos foram orientados pelos coordenadores do NETDEQ, professora Vania Medeiros e Crisvalter Rogério.

A 3ª edição do Congresso Internacional da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas (ABRAMD) terá como tema central: “Interfaces no uso de drogas: cultura, educação e saúde”. Na programação, estão previstas mesas-redondas, oficinas, cursos e apresentações de trabalhos, oralmente e sob a forma de pôsteres. O congresso pretende diversificar o debate e o intercâmbio científico de profissionais de várias áreas sobre o uso de substâncias psicoativas, para contribuir com o treinamento de recursos humanos em ações de prevenção e intervenção efetivas.

Para Dário Macedo desenvolver esse projeto foi um grande avanço para a sua formação acadêmica e poder apresentar os resultados desse trabalho em um evento desse porte será bastante gratificante. “Estou muito feliz com o aceite desse trabalho na ABRAMD que é um evento de porte internacional; essa experiência me estimular a avançar nessa área de projetos”, disse Samara Amorim.

Para Jaqueline Carla, a aprovação do trabalho na ABRAMD trouxe muita realização acadêmica por se tratar de um evento internacional. Ela acha que a experiência repercutirá no seu crescimento acadêmico e pessoal. Segundo Viviane Lima essa experiência foi um grande estímulo para a vida acadêmica de todo o grupo. Caroline Targino afirma que: “Nossa participação no Congresso Internacional da ABRAMD é uma experiência indescritível que representa a oportunidade de divulgar e discutir sobre o comportamento midiático paraibano frente à temática das drogas, além de apresentar os resultados do nosso projeto” Ela assinala que será uma experiência magnífica para a vida acadêmica do grupo e uma oportunidade única que não se deve deixar passar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Coordenadores do CRR-IFPB realizam oficina de prevenção para jovens de programa social da Unimed-João Pessoa



Crisvalter Medeiros

A coordenadora executiva do Centro Regional de Referência para Formação Permanente de Profissionais da Rede de Atenção a Usuários de Crack e outras Drogas (CRR-IFPB), professora Vania Medeiros, e o coordenador pedagógico, jornalista Crisvalter Medeiros realizaram, hoje (04.10), uma sensibilização para a prevenção ao uso de drogas juntos aos 13 jovens que integram as Oficinas do Jovem Aprendiz: seu projeto de vida, realizadas pelo UniGente - Instituto de Responsabilidade Social da Unimed João Pessoa.

A Oficina “Jovem Aprendiz – seu projeto de vida”, coordenado pela médica Ercília Nunes Rodrigues, contou com a participação de 13 jovens entre 17 e 20 anos, filhos de servidores da Unimed-João Pessoa. Os jovens aprendizes são alunos do curso profissionalizante: Aprendizado de Serviço Administrativo e Comercial, estudantes de escolas públicas e estagiários da Unimed-JP.

A professora Vania Medeiros abordou os fatores de risco e proteção ao uso de substâncias lícitas e ilícitas. O jornalista Crisvalter Medeiros explanou sobre a visão cultural das tribos urbanas usuárias de drogas, com ênfase para o álcool e o tabaco.

Os jovens aprendizes realizaram dinâmicas para demonstrar a percepção sobre os problemas das drogas e participaram de uma roda de conversas sobre a visão do jovem sobre as drogas que foi conduzida pela professora Vania Medeiros.

A iniciativa, segundo informou a médica Ercília Nunes, faz parte da metodologia do projeto UniGente, Instituto de Responsabilidade Social, criado pela Unimed João Pessoa em 4 de dezembro de 2005 e institucionalizado em março de 2006, que tem o objetivo de contribuir para a melhoria da saúde, do bem-estar e qualidade de vida das pessoas da comunidade em que está inserido e de colaboradores da Unimed–JP.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PSICODRAMATISTA DA UNB, INÊS GANDOLFO, FAZ ADEPTOS NA PARAÍBA


Crisvalter Medeiros

A psicóloga Maria Inês Gandolfo, Chefe do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília (UNB), ministrou aula no Centro Regional de Referência para Formação Profissional na área de Drogas (CRR-IFPB), no final da semana passada (29.30), sobre Abordagens Terapêuticas. A pesquisadora fez adeptos para o psicodrama entre os médicos do PSF e NASF (Saúde da Família) na Paraíba e pretende intensificar os laços acadêmicos entre o Programa de Estudos e Atenção às Dependências Químicas da UNB (PRODEQUI) e o CRR-IFPB, além de outras instituições nordestinas que queiram integrar a parceria.

Segundo a professora Inês Gandolfo, o psicodrama é uma metodologia terapêutica que se adequa a qualquer faixa etária e público, podendo ser desenvolvida em espaços os mais diversificados possíveis.

O psicodrama pode ser utilizado no tratamento da dependência química: “Depedendo da criatividade do psicodramatisma, ele poderá trabalhar com uma temática aplicada a um grande público e fazer emergir nesse contexto um protagonista que venha trazer o seu problema relacionado às drogas; a partir deste protagonista o psicodramatista poderá encontrar entre os pares outras pessoas que vivenciam uma situação semelhante gerando uma catarse que vai viabilizar possibilidades de resolução de conflitos para todos”, explicou a pesquisadora.

A prevenção da recaída é essencial para a recuperação sustentável de dependentes químicos. A professora Inês Gandolfo disse que já utilizou o psicodrama para fazer a prevenção da recaída com dependentes quimicos, afirmando que a metodologia é um instrumento mais adequado do que o preenchimento de formulários. “No tablado o paciente vai dramatizar as situações que o afligem, o que é mais adequado do que o formulário, porque alguns deles tem dificuldades com a escrita”, assinalou.

Segundo ela, não há restrições ao uso do psicodrama para pacientes em situação de crise de abstinência nem especifidades de faixa estária.  Entretanto, a viabilidade dessa ferramenta depende da criatividade do profissional e de uma formação adequada. “Nas terapias pela fala o paciente pode esconder algo importante no meio da conversa, já no psicodrama ninguém consegue esconder nada por trás dos seus atos, o paciente está sempre se mostrando e se colocando em evidência” esclareceu.

-  O adolescente, continuou a professora, aceita bem essa proposta de se deixar ver através da ação, de se mostrar pelo fazer, o que é mais adequado do que a conversa que pode ser entediante e cansativa; já a ação que utiliza a proposta plástica e estética é muito convidativa para esse público, podendo ser desenvolvida em qualquer espaço de forma diversificada e democrática: nas praças públicas, nas instituições, nos contextos comunitários etc”

PSICODRAMA TEM ADEPTOS NO PSF E NASF

Dentre as adeptas do psicodrama na Paraíba estão as médicas do PSF da cidade de Bayeux, Marize Célia Martins e Osmarina Batista de Almeida, que atuam nos Bairros Imaculada e Tambaí, respectivamente

Segundo elas, a professora Inês Gandolfo trouxe informações que aprimoram o conhecimento sobre a importância dessa ferramenta terapêutica, “mostrando que através do psicodrama  nós poderemos atingir uma comunidade inteira, resgatando valores e ações perdidas, além de mudar a capacidade de entendimento das pessoas que estão ligadas a determinados eventos”.

As médicas entendem que essa metodologia poderia ser mais eficaz junto aos grupos de adoelscentes, gestantes jovens, hipertensos e diabéticos que elas já trabalham. Segundo elas, o psicodrama pode ser útil a qualquer paciente possibilitando uma visão mais profunda da sua doença e da sua saúde e ajudando na superação das dificuldades terapêuticas.

Elas reconhecem que a clínica é soberana para a atividade médica. Mas admitem que o psicodrama possibilita que o pacientes conte sua vida sem maiores restrições. “É preciso convencer o paciente a participar e quando ele tem uma visão melhor do que é doença física e doença social tem maiores possibilidades de cura”, enfatizaram