A partir da esquerda: Crisvalter Medeiros, Vania Medeiros, Inês Gandolfo, Aparecida Penso, Carla Dalbosco, Fátima Gondim e Luca Santoro.
A Pró-Reitora de Extensão do IFPB, professora Vania Medeiros, o coordenador do Centro Regional de Referência (CRR-IFPB), jornalista Crisvalter Medeiros, além de alguns docentes que atuam no referido Centro, participaram do 1º Congresso Internacional sobre Proteção Social e Políticas Sociais da Universidad del Museo Social (UMSA) da Argentina. O evento aconteceu nessa segunda e terça-feira (10/11), no Auditório Dr. Gabarini Islas da UMSA, na Av. Corrientes, Buenos Aires-AR.
Na palestra de abertura do evento, a ministra de Desenvolvimento Social da Cidade de Buenos Aires, Carolina Stanley, disse que o congresso era uma oportunidade para se conhecer várias políticas públicas na área de proteção social de países da América Latina. A ministra destacou a importância de se conhecer melhor as experiências de outros países na área das políticas sociais para que se possa trabalhar a integração comunitária de forma mais eficiente. Ela deu ênfase ao enfrentamento da pobreza que “é o resultado de muitos ciclos históricos e que envolve as famílias e toda a sociedade”.
Ministra de Desenvolvimento Social da Cidade de Buenos Aires, Carolina Stanley (esquerda), e Raquel Barros, da Lua Nova (Brasil)
Foi marcante a presença da Rede RAISSS (Rede Americana de Intervenção em Situações de Sofrimento Social) no evento. A representante da RAISSS no Brasil, psicóloga Raquel Barros, criticou as políticas públicas brasileiras que, segundo ela, “são feitas para os que estão bem”. Barros é a diretora da Ong Lua Nova, com base em Sorocaba-SP. A Ong tem uma das ações mais bem sucedidas de inclusão social de mães solteiras e usuárias de drogas da América Latina.
O evento foi um grande painel dos problemas sociais enfrentados, atualmente, nos diversos países da América Latina, e as propostas de intervenção através dos métodos de inclusão social e do Tratamento Comunitário.
José Luiz Zárate Zárraga (Centro de Escuta Comunitário - El Alto, na Bolívia)
Para José Luiz Zárate, responsável pelo projeto Centro de Escuta Comunitária, na Bolívia, os problemas sociais devem ser entendidos pelo viés da complexidade, envolvendo problemas biológicos, históricos, sociais etc. Ele entende comunidade como um sistema de redes que constroem e animam um território, “sendo o local ideal para as intervenções sociais”, assinalou.
Guilhermo Perez (Cátedra UNESCO)
O representante da UNESCO, Guilhermo Perez Sosto, fez uma abordagem sobre a questão social e os jovens da América Latina. Segundo ele, o Continente está encontrando muita dificuldade em reproduzir sua força de trabalho em decorrência dos problemas de saúde e de uso de substâncias que afetam a juventude latino-americana. O pesquisador afirmou que existe uma crise de desinstitucionalização, dessocialização e despolitização nesse segmento social. “Observa-se, entre os jovens, uma crise de participação, descrença nas organizações e na eficácia das ações coletivas”, alertou.
Efrem Milanese (esquerda), Roberto Canay, professor da UMSA
O consultor internacional em desenvolvimento e tratamento comunitário, Efrem Milanese, da Itália, fez uma explanação sobre o desenvolvimento do tratamento comunitário: um método de intervenção social que vem sendo construído coletivamente em diversos países da América Latina. Segundo o pesquisador, é preciso mudar o enfoque da droga para o da exclusão social, do tratamento para a ação social, articulando a ótica da saúde pública e a integração social. A mesa foi coordenada por Roberto Canay, gerente operativo do observatório de políticas sociais de Buenos Aires)
No segundo dia do evento (11), os participantes puderam se inteirar dos problemas da violência e uso de substâncias que afetam os jovens mexicanos. A palestra foi realizada pelo representante da Rede Nacional Juvenil de Prevenção da Violência e Promoção Social da Cidade do México, Miguel Hernandez. No mesmo painel, o coordenador da pastoral carcerária de Lima, Peru, Antônio Vargas Tenorio, mostrou o problema da violência no presídio de Lima no período entre 1987 a 1992.
Segundo Vargas, nesse período, as autoridades abandonaram o presídio em Lima gerando uma situação de caos. Esta foi a oportunidade, segundo ele, para se adotar o método de organização comunitária que utilizou a mesma energia que estimulava a violência para a superação dos problemas de convivência comunitária.
Em um painel sobre políticas sociais, o representante da CEPAL, Simone Ceccini, lembrou as iniciativas do governo brasileiro no âmbito da seguridade social e das políticas de proteção, a exemplo do programa bolsa família.
Um tema abordado de forma recorrente nos diversos painéis do evento foi a importância do fortalecimento das políticas sociais e da proteção social para o enfrentamento das crises econômicas que são cíclicas no Continente. No encerramento do evento, a ministra Caroline Stanley enfatizou a importância dos esforços para minimizar o sofrimento social dos segmentos sociais mais afetados pela pobreza e que não são alcançados pelas intervenções da economia formal. Segundo ela, “neste momento é preciso compartilhar a força do Estado com as iniciativas da sociedade civil para combate à pobreza”.
Participantes do evento
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