quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Profissionais brasileiros e especialistas internacionais e nacionais debatem mudanças na política sobre drogas



Abertura do evento no Museu da República-Brasília-DF

Profissionais que atuam na área da atenção aos usuários de drogas do Ministério da Saúde e de projetos apoiados pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) tiveram a oportunidade de debater os problemas relacionados às políticas sobre drogas no Brasil, com especialistas nacionais e de outros países que adotaram políticas alternativas ao modelo de guerra à drogas e estão sendo bem sucedidos nas suas experiências.

O fórum que promoveu o debate foi o Simpósio Nacional sobre Drogas: da Coerção à Coesão, que aconteceu no período de 9 a 11, deste mês, no Museu da República, em Brasília-DF. O evento foi promovido pelo Ministério da Saúde e SENAD, com apoio de organizações internacionais, a exemplo do UNODC, OPAS, OMS,  bem como entidades não-governamentais. Os profissionais tiveram a oportunidade de conhecer as experiências de políticas sobre drogas deflagradas no Canadá, Holanda, Praga, Portugal e Uruguay.

Na abertura do Simpósio, que contou com a participação de autoridades nacionais e internacionais, o diretor da SENAD, Dr. Vítore Maximiano, disse que o evento reunia os profissionais mais seletos e especializados da área da saúde, bem como de outras relacionadas ao tema das drogas. Segundo ele, o Brasil precisava de um debate sereno para buscar saídas para o problema das drogas.

O evento foi uma ocasião para se analisar as políticas públicas em todos os níveis: prevenção, tratamento e a reinserção social. Na sua fala, na abertura do simpósio,  o ecretário acrescentou, ainda, que “devemos aprender as experiência exitosas de outros países nessa área”.

O clima no qual transcorreria o evento apareceu logo na premeira conferência, proferida pelo ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Sr. Paulo Vannuchi. A assinalou que o simpósio significava uma nova orientação de paradigma na política de drogas brasileira, seguindo uma tendência internacional que apontaria para o fim da guerra às drogas, que dizimou milhares de pessoas em todo o mundo nos últimos 40 anos.

Segundo Vannuchi, o tema da coerção à coesão suscita solidariedade com os usuários de drogas, sendo essa a tônica do caminho político que o Brasíl decidiu trilhar desde 1988, que estabeleceu, efetivamente, a democratização na área da saúde. “A guerra às drogas no Brasil terminou”, vaticinou o ilustre defensor dos direitos humanos.

Um momento bem especial do evento, que pode ser considerado como uma inovação em seminários sobre as drogas, foi colocar frente à frente os profissionais da atenção aos usuários de substâncias psicoativas e os atores da grande imprensa nacional para analisarem o relacionamento da mídia com os usuários e com a política da área. Os  dois segmentos tiveram a oportunidade de avaliar com honestidade e coerência suas limitações e competências. Espera-se que o debate tenha prosseguimento e que, no futuro, exista uma cobertura adequada dos meios de comunicação sobre a temática. Esta foi a expectativa de todos, ao final da mesa, que contou com representantes da Folha de São Paulo, Estadão, Carta Capital e Rede Tv.

Uma das mesas mais instigantes, do simpósio, foi a que possibilitou o conhecimento das políticas sobre drogas da Holanda, Canadá, Praga e Portugal. Através da experiência dos especialistas desses países, os profissionais brasileiros tiveram a oportunidade de entender que uma nova realidade vem se estabelecendo no mundo como alternativa aos modelos estigmatizantes de lidar com a realidade do uso recreacional ou problemático de substâncias psicotrópicas.

O tema do simpósio foi fundamentado no documento do UNODC, organismo das Nações Unidas para as drogas e crimes: Da coerção à coesão. O documento defende mudanças que passam de uma abordagem coertiva para outra que valorize a construção de espaços de coesão social. Essa mudança requer o enfrentamento de uma série de problemas sociais, a exemplo da violência, corrupção, desemprego, acobertura dos sistemas de saúde, educação incipiente, encarceramento crescente, dentre outros problemas.

O referido documento apresenta 10 itens como os principais fatores de risco e ameaças à coesão social: a desigualdade social, migração, transformação política e econômica, a cultura do excesso emergente, o crescimento do individualismo e o consumismo, mudança de valores tradicionais, situações de conflito bélico, rápida urbanização. E mais: a perda de respeito pela lei, e a influência de uma economia de drogas ilícitas em nível local.
Da programação do evento constou, ainda, além do tema da coerção à coesão: drogas, economia e exclusão social; inovações internacionais frente à política sobre drogas: pragmatismo e direitos;  mídia e drogas; direitos humanos, cidades e drogas.


Os integrantes da equipe do Centro Regional de Referência, em João Pessoa, Crisvalter Medeiros (IFPB); Shirlene Queiroz, Coordenadora de Saúde Mental do Governo da Paraíba; e Janaína Demery, da Coordenação Municipal de Saúde Mental; além da professora Aparecida Penso, UCB, participaram do evento.

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