Crisvalter Medeiros
A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) tem novo dirigente. O médico, de origem nordestina (Pernambuco), Joaquim Ferreira de Melo Neto foi aclamado como presidente para o próximo biênio, na assembleia da entidade durante o XXI Congresso, recentemente, em Recife-PE. Joaquim Ferreira, que coordena o programa de prevenção e tratamento do uso, abuso e dependência de drogas da Petrobras, na refinaria de Duque de Caxias-RJ, é gastroenterologista e endocrinologista.
O projeto da nova gestão vai priorizar o resgate dos sócios que estão afastados, conquistar novos associados, criar a Abead do futuro trazendo gestores, pesquisadores, além de promover capacitação na área de álcool e outras drogas. Segundo Joaquim, o método para construir a Abead do futuro será instalar ou implementar comissões que possam ampliar a visão da entidade para alcançar a complexidade que o problema das drogas está apresentando atualmente. “Vamos instalar comissões de notáveis que possam construir uma visão de consenso com relação aos problemas atuais”, assinalou.
Precisamos adotar uma caracterização multidisciplinar na Adead, disse ele, acrescentando que o maior número de sócios talvez seja de psicólogos e assistentes sociais. “Precisamos trazer outras categorias, a exemplo dos enfermeiros, nutricionistas educadores etc; a Abead não é uma entidade apenas da área de saúde, queremos ampliar o nosso quadro acolhendo a todos que queiram estudar e trabalhar nessa área”, destacou.
Joaquim afirmou que é um entusiasta do processo de interiorização da Abead, ele garantiu que serão realizados outros congressos na Região, na Bahia, no Maranhão, Pará etc, o que vai depender da ampliação do quadro da entidade, “pois para realizar um evento, do porte dos que são promovidos pela Abead, é preciso ter um quadro suficiente”, esclareceu.
Sobre os temas polêmicos da agenda social, a exemplo da legalização das drogas, especificamente da maconha, Joaquim disse que, a princípio, é contra a legalização de mais uma droga no País, seja ela qual for. No entanto, existe uma comissão temática da entidade que vai apresentar um consenso sobre esse assunto, lembrou. “A minha visão pessoal é de que muitos jovens não usam drogas por opção à saúde física e mental, outros porque essas substâncias são proibidas; com a legalização aumentaria o número de experimentadores, o que só contribuiria para agravar nossos problemas na área de saúde”, afirmou
Na visão de Joaquim, a Abead não é uma entidade elitizada, mas que tem um quadro bastante eclético e que consegue transitar entre todos os segmentos da sociedade incluindo profissionais de vários níveis, do mais simples até o acadêmico.
Indagado sobre a possibilidade da entidade se engajar em movimentos sociais, de forma pró-ativa, Joaquim justificou que a Abead está engatinhando nessa área do ativismo social, lembrando que a pesquisadores Ilana Pinsky está estudando como desenvolver ações nessa área, principalmente no que se refer ao relacionamento com a mídia.
Comentando o papel da Universidade brasileira na área de estudos sobre o álcool e outras drogas, o médico reconheceu que a acadêmica também está engatinhando nessa área, apesar da existência de núcleos e centros de pesquisa em algumas instituições dos grandes centros urbanos, a exemplo das Universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de São Paulo, do Rio Grande do Sul e Católica do Paraná. “Há 30 anos, quando me formei em medicina na UFPE, não se falava em álcool e outras drogas na universidade; atualmente, a maioria dessas instituições têm alguma abordagem sobre drogas na área de psiquiatria; as universidades estão despertando para o problema”, admitiu.
Ex-presidente Carlos Salgado fez uma rápida avaliação da sua gestão
Salgado: ênfase na comunicação
- A principal conquista da minha gestão foi a presença da Abead na grande mídia, tivemos um trabalho excelente da assessoria de imprensa que promoveu a publicização da entidade colocando-a em evidencia e aumentando o nosso prestígio social. Ele citou como exemplo de iniciativa nessa área o Boletim Eletrônico da Abead (www.abead.com.br) que nos últimos anos vem sendo utilizado como sugestão de pauta em alguns veículos de comunicação de massa.
Para Salgado, a Abead tem, também, a responsabilidade de promover a formação da opinião na grande comunidade, além de abrir espaços para os seus associados interagir com o grande público, principalmente aqueles que estão produzindo conhecimento nas universidades.
Para o psiquiatra a interação dos profissionais experientes nessa área com os profissionais da mídia contribui para melhorar o discurso da comunicação de massa nessa área. “Nosso principal legado foi colocar os profissionais qualificados e experientes coparticipando do processo de comunicação, ajudando o profissional da mídia a melhora a qualidade das notícias; o que, na verdade, é uma obrigação de todos nós profissionais da saúde e de todos os seguimentos que possam contribuir para a formação de uma opinião publica mais consciente”, comentou.
O ex-presidente reconheceu que na sua gestão houve uma horizontalidade dos temas abordados nos congressos; o que, segundo ele, é uma característica da entidade que busca acompanhar em alguns momentos a agenda da sociedade. “Há momentos em que os temas se horizontalizam e em outros se verticalizam na pauta dos eventos; esse é um processo histórico vivenciado pela entidade em decorrência do interesse da sociedade, já que a ampliação da presença da Abead na sociedade é uma ambição de todos”, reconheceu.
Comentando a falta de conhecimento em álcool e drogas ilícitas dos profissionais oriundos dos cursos da graduação das universidades, ele disse que isto não é um problema isolado do Brasil, é uma situação mundial que precisa mudar. Precisamos avançar na pesquisa e na formação nessa área, sugeriu.
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