terça-feira, 26 de julho de 2011

WINEHOUSE: AME-A PELO QUE ELA FOI, NÃO PELO QUE SIGNIFICOU

Amy Winehouse: linda


Amy Winehouse era muito grande para um pequeno mundo, mesmo sendo esse mundo a Inglaterra, ou o mundo tornou-se insuportavelmente limitado para a genialidade dela?


Raramente a natureza premia alguém com tanto talento. Winehouse era uma artista completa: compunha, interpretava, de uma entonação e um estilo musical invejáveis; enfim a perfeição em um ser imperfeito.


Amy cativava até aqueles menos afeitos à musicalidade, a sua universalidade musical era insuportavelmente comovedora. Mesmo assim, a vida da cantora que encantava arrebatadoramente a juventude do mundo todo foi uma tragédia anunciada. Todos esperavam por um desfecho trágico, o que realmente aconteceu.


Suicídio ou homicídio culposo da sociedade de consumo: é preciso ponderar sobre a questão.


A juventude contemporânea vive uma situação das mais complexas no seu relacionamento com as drogas. A sociedade da efemeridade, do consumo supérfluo, da superação dos valores humanos pela apologia dionisíaca, onde a insaciedade é uma lei, produz a subcultura da dependência das drogas, na qual o prazer desenfreado é a condição sine qua non da existência humana.


Sociedade de consumo, do espetáculo, das efemeridades. Nicho adequado para o consumo adicto das substâncias psicotrópicas, essa subcultura que busca a superação do vazio existencial pela compulsão do prazer efêmero e estéril.   


Mas onde estava o vazio de Amy Winehouse, certamente não na falta de talento artístico. Haveria um sofrimento psíquico do qual ela tentava escapar através do lenitivo das drogas. O prestígio conquistado com sua arte junto aos seus admiradores nada significava? Os prêmios, o dinheiro ganho com seu trabalho bem sucedido não foi suficiente para superar esse sofrimento?


Quem era Amy Winehouse, apenas uma junkie perdida no estranho labirinto da dependência química, camaleão da desfaçatez emocional que transformava todos os momentos da vida em oportunidades de dissipação?


Há um campo vasto para especulações sobre a personalidade de Amy Winehouse, garota pobre que salta dos subúrbios de Londres para as altas rodas do show business europeu.


Ícone da subcultura do uso de drogas que assola a juventude de todos os países do Ocidente, Amy Winehouse morreu de overdose aos 27 anos; a mesma idade com a qual também morreram outros gênios da música: Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain. Todos eles grandes ídolos da cultura de massa.

Quantos ainda morrerão pela volúpia voraz das drogas, até que a mais simples das lições seja aprendida? A droga mata!


Momento inefável, tudo que se diga sobre a morte é subliminar. Amy Winehouse: ame-a pelo que ela foi, uma das artistas mais talentosas das últimas décadas, não pelo que ela representou.

Crisvalter Medeiros

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