Los Ângeles, Califórnia, atual paraíso da maconha
Terminou na "Caverna do Batman" a breve jornada de um publicitário australiano em busca de maconha legalizada em Los Angeles. E ele ainda nem estava chapado.
Uma lei aprovada em 2003 ampliou o acesso à maconha para fins medicinais na Califórnia, liberado em 1996, mas gerou uma proliferação descontrolada de estabelecimentos de venda da droga, que hoje o Estado luta com dificuldade para diminuir.
Los Angeles possui mais lojas de maconha, com ervas de vários tipos e brownies especiais, do que cafeterias Starbucks. É quase como uma Amsterdã, onde cafés autorizados vendem a droga livremente. Na Califórnia, no entanto, é necessário comprovar residência no Estado e ter uma carteirinha de paciente liberado para consumir "marijuana médica".
É imensa a lista de doenças para as quais a maconha promete aliviar a dor: glaucoma, câncer, anorexia, ansiedade, insônia, enxaqueca etc., todas catalogadas nas incontáveis propagandas de estabelecimentos em revistas e jornais locais.
A turística avenida Melrose lembra a capital holandesa. Entre lojas de roupas descoladas, estão lojas de maconha, às vezes três num quarteirão. Foi passando por ali que o publicitário resolveu tirar sua carteira.
A Folha acompanhou o processo. Para cada loja de maconha, há sempre um consultório médico especializado por perto. No Happy Medical Center, havia uma recepção protegida por vidro e uma médica de jaleco com perguntas pouco afiadas.
"De zero a dez, quanto é sua dor?", ela perguntou para o publicitário, atendido depois de dez minutos na sala de espera, sem hora marcada e após preencher um formulário de oito páginas. A médica chega a atender cem pacientes por dia. "Claro, tem gente que vem só para conseguir a droga por recreação."
Quarenta e cinco dólares depois, e a carteirinha ficou pronta. O próximo passo foi também curto. No mesmo shopping, numa sobreloja, estava a "Caverna do Batman". Após cadastro, um vendedor nos levou para a tal "caverna". "O que vão querer para hoje?", perguntou, atrás de um balcão de madeira, repleto de apetrechos coloridos para fumar a erva. "É a primeira vez? Então, por favor, experimentem nossa especialidade", disse, passando uma espécie de narguilé transparente. Apesar da insistência, a reportagem da Folha recusou.
Folha de São Paulo - FERNANDA EZABELL
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